- Já sabe o que a mamãe diria em uma situação dessas, não sabe? - apelando para as correções habituais que a dra Davis estava sempre expondo sobre mim, ela me buscou com o olhar a espera de alguma resposta. Não era uma questão retórica desta vez, e por isso respirei fundo ao me deixar descansar frente ao balcão.
- A mamãe não está aqui, e você não vai dizer nada pra ela - fazendo uma afirmação que não cabia a mim, a vi sorri simples ao apenas dar de ombros. Aquilo me causava sérias dúvidas - Ou vai?
- E porque não deveria? Você não tem me ouvido muito ultimamente, talvez ela tenha melhor sucesso - diante as suas palavras, notei que a brincadeira havia chegado ao seu fim, ela estava mesmo falando muito sério. Então ajeitei a minha postura e segurei o seu olhar com atenção.
- Tudo bem, você venceu essa - dando a volta no balcão para lhe ajudar, aceitei a minha derrota e estendi a mão para poder lhe ajudar - Mas não se acostume com isso, é só porque não precisamos de mais problemas com elas. Dona Alícia se fazendo de durona já é mais do que o suficiente.
- Ela te mataria se a ouvisse dizendo isso - não era tudo uma mentira, mas também não deixava de ser engraçado. Afinal, era a nossa mãe tentando passar uma visão que não era sua quando se tratava da gente. Ao menos era assim antes de tantas mudanças ocorrerem. As vezes me pegava presa ao desejo de voltar no tempo e tentar fazer tudo diferente, mas não tinha muita certeza sobre mais nada.
Depois de termos feito tudo o que julgamos ser necessário, não demorou para que estivéssemos degustando a refeição feita entre inúmeras brincadeiras ao término do assunto pesado, dando espaço para o clima leve que sempre possuíamos e dividíamos. Estávamos bem, não havia nada para reclamar, era esse o ponto chave. E ainda assim, algo não estava certo, existia alguma coisa fora do padrão que não me deixava em paz. Não conseguia ver ou decifrar o que podia ser, mas sentia que alguma coisa estava acontecendo. Era uma sensação parecida com aquela que tive quando contaram sobre o achar do corpo do Deniel. Era estranho, e não parecia querer ir embora tão cedo.
- Aconteceu alguma coisa? - não sabia dizer quanto tempo teria se passado, mas só voltei a mim quando ouvi sua pergunta ser feita em um tom um pouco mais alto, sempre cheio de preocupação. Havia me desligado sem perceber, então respirei fundo ao exibir um meio sorriso.
- Não aconteceu nada, eu estou bem. Estava pensando - deixando de lado o prato pela metade, ajeitei minha postura e puxei a cadeira para mais perto da sua. Queria um pouco de contato, um pouco de cuidado - Onde estaríamos hoje se você nunca tivesse ido até aquela festa, ou se desde que chegou, tivesse ido direto pra casa e não para um hotel? Também já pensou nisso?
- Algumas vezes - me deixando apoiar em seu ombro, se livrou do prato já limpo e soltou um longo suspiro - São muitas as hipóteses para serem analisadas. Não é você quem gosta de discutir sobre a linha do tempo? - sua pergunta me tirou um sincero sorriso, o que claramente era sua intenção. Ela não era uma grande fã da ficção científica.
- A linha temporal é maleável, toda decisão contribui para um determinado curso. Então, se eu não tivesse aceitado aquela bebida, existe a chance de que talvez nunca tivéssemos nos envolvido. Mas também pode ser que isso tivesse acontecido mais frente, mesmo que estivéssemos cientes de toda a situação. Pois para toda uma história, existem pontos fixos que apesar de serem adiados, não podem ser mudados.
- Você é mesmo uma nerd - brincou se colocando de pé e me estendendo sua mão - Ao menos deixou claro que independente das nossas escolhas, existe a possibilidade que terminaríamos exatamente aqui todas as vezes. E apesar dos problemas envolvidos, eu gosto disso.
- Agora acredita nas minhas teorias malucas? - observando o seu repousar sobre o sofá que há pouco me sustentava, logo me deixei cair sobre o calor do seu corpo.
- Eu não disse isso. - seu sorriso estava radiante, trabalhando em perfeita sincronia com o brilho presente em seu olhar. Gostava tanto disso nela.
- Não com todas as palavras, mas deixou evidente que está considerando. - me agarrando um pouco mais em seu abraço, a vi negar divertida.
- Promete que vai se cuidar mesmo quando eu não estiver aqui? - a rápida mudança de assunto me pegou desprevenida, e novamente aquele frio na barriga me fez reclamar em agonia. Que droga era essa?
- Não entendi.
- Não devia passar tanto tempo frente a uma tela dentro daquele quarto, você precisa sair mais, se alimentar direito. Não posso te controlar vinte e quatro horas por dia, então me promete que vai fazer isso por si mesma? - sua preocupação me deixava sempre muito próxima das nossas mães, assim como denunciava ainda mais a sua parte que mais se parecia com a Dra Davis. - Ayla?
- Claro, eu prometo que vou tentar - enfim quebrando o silêncio que se instalou sem que eu percebesse, respondi calmamente.
- Já é alguma coisa. - beijou meus cabelos - Posso viver com isso.
- Idiota.
- Somos.
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𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒
Random🔞 𝐀𝐲𝐥𝐚 𝐯𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐪𝐮𝐢𝐥𝐚 𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞. 𝐌𝐚𝐬 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐚 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐢𝐧𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐯𝐢𝐫𝐚𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐯�...
『Promete que vai se cuidar?』
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