Pablo cutuca a garota de forma nada discreta e arregala os olhos como forma de repreensão.

— Lídia... — seu tom combina muito bem com sua expressão corporal.

— Não liga pra ela... minha amiga não sabe manter os lábios fechados — se desculpa.

— Não perguntei nada de mais... mas os boatos correm por aí desde o primeiro dia de aula. Todo mundo viu vocês dois indo embora juntos — dá de ombros.

Dou dois tapinhas no peito para a comida descer pelo caminho certo. Acho que não sou tão invisível assim.

— Nós... — paro para pensar numa palavra certa — eu não sei dizer.

Remexo a comida no meu prato. Quando olho para cima, dois pares de olhos me observam atentamente como se esperassem por mais.

— Oh, meu Deus! É tipo 50 tons de cinza? Vocês fizeram um contrato de confidencialidade? Olha aqui — a garota aponta para o próprio braço —, tô toda arrepiada.

— Sossega o facho, Lídia... mas é isso mesmo? — Pablo não consegue disfarçar o interesse.

Fico um tempo olhando para os dois e então solto uma gargalhada de doer a barriga.

— Vocês dois são loucos! Não é nada disso — balanço as mãos — Victor é... o meu alguémo que eu tô falando pra esses dois estranhos?

— Gente, adorei isso. Também quero um alguém — Pablo diz, sonhador.

Antes que qualquer um fale mais algo, meu celular vibra em cima da mesa. Não reconheço o número, mas sei que é alguém da editora. Atendo rapidamente, agradecendo mentalmente.

— Alô.

— Ayleen? Aqui quem fala é a Amélia, trabalho na editora Aquarela e o senhor Victor passou o seu contato. Teria como passar aqui agora à tarde? Lá pras 2:30?

— Sim — respondo com empolgação —, qual é o endereço?

A Amélia me passa o endereço e eu fico ainda mais feliz por ser próximo daqui. Me despeço dos dois curiosos, dou uma passada em casa e vou andando até o local.

É uma curta caminhada de 15 minutos da minha casa até lá.

A placa com o nome "Editora Aquarela" facilita a minha localização. Apesar do nome, a fachada tem uma sólida cor branca com portas de vidros. Empurro um dos lados que diz "entrada" e sou atingida pelo frescor do ar-condicionado.

Do lado de dentro, há várias prateleiras com livros e uns enfeites. Uma coisa bem mesclada. Diferente do exterior, as paredes são pintadas de um amarelo vivo.

Noto que não há ninguém atrás do balcão e me sento em uma das poltronas estampadas à Romero Brito.

Pouco tempo depois, uma mulher negra e bem-vestida se aproxima com uma xícara de café em mãos. Ela olha para mim e abre um sorriso e então gira o pulso para ver as horas no seu relógio.

— Que ótimo! Pontual. Gosto de pessoas pontuais. Eu sou a Amélia. Vou te mostrar o lugar — aponta para a porta de onde veio.

Me levanto e sigo-a.

— Bom, por enquanto só somos três. A empresa ainda tá em fase de crescimento. Mas temos bastante trabalho. Eu fico com a parte administrativa e os meninos com a parte bruta, digamos assim.

Fazemos um pequeno tour, já que a editora não é muito grande. Há um corredor que nos leva para três salas; uma de cada sócio. Amélia não me apresenta ainda pois os outros dois estão atolados de tarefas, ela não quis interromper.

No fim do corredor tem mais duas portas, sendo uma a da cozinha e a outra dos banheiros.

— Ayleen, você vai ficar ajudando em tudo, tanto na parte administrativa quanto na área da edição em si. Mas fica tranquila — ela percebe a minha cara surpresa —, vamos te ensinar tudo e você sempre pode perguntar. E aí? O que acha?

— Acho que vai ser um trabalho incrível — falo pela primeira vez —, sei que não vai ser tão calmo no começo, entretanto, vou pegar o jeito.

Amélia abre um sorriso novamente — É isso aí! Vamos ter pensamentos positivos!   

Amélia abre um sorriso novamente — É isso aí! Vamos ter pensamentos positivos!   

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Colegas intrometidos, não é mesmo kkkkk

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