— Bom dia, minha querida — a voz dele faz todos os meus pelos arrepiarem e eu mordo o meu lábio, nervosa, ainda mais presa em seu olhar. Aquele tom de zelo e provocativo brincava em sua voz, misturando os dois. Era fácil confundir dos dois quando estavam andando em uma linha tênue. — Dormiu bem?

Não sabia ainda como não havia me acostumado com a intensidade que ele me via — se é que eu cheguei a de fato me familiarizar com aqueles sentimentos. Minhas bochechas esquentam e eu cubro a minha face, escondendo das crianças o meu vermelhão. Rustan sabia perfeitamente no que eu pensava e fazia de propósito o seu jogo de provocar.

— S-sim e você? — Rustan muda de postura, que antes era de estar inclinado sobre a mesa, agora fica ereto e naquela posição que eu nem sentia mais o meu coração bater.

As crianças alheias ao que nos acontecia, sentam nas cadeiras e começam a comer e jogar migalhas uma contra a outra, porém, naquele momento aquilo não era tão importante. Meu marido, as passos lentos, se aproxima de mim e repousa as mãos em meus cotovelos e devagar, sem pressa alguma, começam a subir para os meus ombros.

Rustan ajeita a coberta que estava caindo sobre o meu ombro e abre um sorriso convencido, lendo os meus pensamentos. O vermelhão somente piora e eu me sinto uma pervertida.

— Não deveria provocar uma dama assim, senhor Abromowitz — respondo revirando os olhos ao ver que sua intenção era somente aquela, me torturar com suas carícias. Eu sabia que ele não suportava quando eu o chamava formalmente, como antigamente, mas não resistia à tentação de jogar o seu jogo.

— Mas eu não estava provocando — os olhos dele se intensificam nos meus —, somente arrumei a vestimenta. Garanto que a senhorita se recorda perfeitamente de ontem à noite o que é provocar.

O calor se espalha pelo meu corpo e meu pescoço agora combinava com a cor de meu rosto. Observo os nossos filhos bagunçando a mesa inteira, mas ainda não queria ter que dar atenção às crianças.

— Não deveria falar isso na frente das crianças — eu o respondo com o intuito de ultrapassá-lo, contudo, ele me puxa para os seus braços e deposita um beijo lento e gentil em meu pescoço. — Muito menos fazer isso.

— Podemos deixá-las a sós por uns minutos, elas não sentirão nossa falta — ele sugere ainda distraído com o meu corpo. — Se eu lembro bem, hoje é o meu aniversário.

— Eu te pergunto o que faz acordado e trabalhando nessa hora, deveria ter ficado na cama comigo.

— Queria te surpreender.

— Mas é o seu aniversário.

— E isso é motivo para eu não poder surpreendê-la todos os dias como merece? — ele me questiona passando a mão pela minha face, puxando-me para si e depositando um beijo inocente em meus lábios.

No entanto, eu aprofundo o beijo, não suportando aquela lentidão. Dizer com todas as palavras que existiam ainda não seria o suficiente para demonstrar tudo o que eu sentia por aquele homem. Às vezes, no que falta no vocabulário, às ações suprem. E o nosso beijo preenchia todas as lacunas aonde as frases não chegavam.

Suspiro fundo após Rustan se afastar de mim e repousar sua testa na minha, fundindo o nosso calor, nossa paixão. Desde aquele dia que passamos a fronteira, nunca mais nos separamos. Rustan é a minha vida, minha inspiração e meu anseio pelo amanhã.

— Temos crianças presentes — comenta olhando para o lado, eu acompanho o movimento e sorrio por ver o fruto do nosso amor em carne e osso. Nossos filhos, Katherine e Kuz, são a materialização clara e real do que sentimos e não conseguimos por em palavras.

Amor a Toda ProvaOnde histórias criam vida. Descubra agora