— Não achei que agiria assim na nossa primeira noite juntos, você é sempre tão educada — diz ele com certo humor na voz.

— Eu estou há dois dias sem comer direito — resmungo.

— Te ofereci frutas durante a viagem, você se recusou a comer as que eu ofereci — devolve ele e enfia uma fatia do ovo na boca.

Lanço um olhar coberto de deboche para ele e ainda assim ele continua a sorrir.

— Sabe o que vem depois da refeição, não sabe? — indaga ele bastante sugestivo.

Engulo a minha salada e pego mais uma fruta, enfio na boca a mastigo com um pouco de receio de ter essa conversa, é algo do qual não temos falado desde que a cerimônia foi realizada pela anciã quando ainda estávamos na minha cidade.

— Eu tenho a opção de escolher não fazer sexo hoje? — indago constrangida.

— Não — ele responde com um pouco de sequidão. — Primeiro nós comemos e depois você é a comida, esta é a regra.

Coro e sinto até as orelhas esquentando nesse momento, sei que o Ministro é direto, mas não achei que ele falaria algo assim logo agora.

— Eu prometo que tomarei cuidado e que serei carinhoso, nada mudou Hielena, nutro carinho por você, não insista na teimosia, já disse que eu fiz tudo isso para protegê-la.

— E ainda assim se deitaria com uma mulher que não confia em você? — me recuso a falar novamente desse assunto.

— Confio em você, me parece o suficiente, esperei muito tempo para esse momento, um momento em que me casaria e que teria intimidades com a minha esposa — ele estende a mão e segura a minha em cima da mesa. — Podemos deixar as diferenças de lado e tentar ficarmos bem de hoje em diante?

— Eu sei que você não entende sobre como eu me sinto porque em momento algum menti para você, não omiti nada da sua pessoa e fui plenamente sincera — observo a mão imensa sob a minha e me toco de algo. — Não ofereci nenhum anel de casamento, minha joia de casamento está com meus pais.

— Não vejo problema nisso, posso colocar quando eles chegarem — Virgo acaricia as costas da minha mão com o polegar. — Eu a respeito, se não desejar podemos fazer quando quiser.

Gosto de saber disso, sei que todos os casais acabam fazendo sexo na primeira noite apenas porque têm que fazer, poucas pessoas têm a chance de encontrar alguém que entenda, na maioria das vezes por abstinência ou necessidade.

— Mas quero que me abrace apenas para provar que não está tão zangada comigo.

— Farei o possível.

Olho para Milagre e esfarelo um pedaço do pão, jogo no copo e o vejo rapidamente capturar as migalhas depressa.

— Este será nosso primeiro bebê — sorrio um pouco derretida. — Ele é tão bonitinho.

— Está feliz — Virgo ergue a minha mão e a beija com cuidado. — Também estou feliz em vê-la assim, não quero mais brigar.

— Eu não briguei com você — reclamo e faço cara feia. — Não acredito que depois de tudo esperava que eu ficasse feliz.

— Não gosto de te ver chorando, isso... — ele pigarreia a bebe dois goles de água. — Me machuca.

Isso é uma revelação.

— Te... Machuca? — quase não consigo falar.

— É, me sinto mal — Virgo me analisa por alguns instantes. — Gosto quando estamos juntos e dividimos o silêncio e carinhos, toques, são coisas que não tive de nenhuma mulher durante a vida.

— Nem da sua Priscila?

Ele ri depois volta a comer todo educado, pego outra fruta e enfio na boca.

— Olívia e eu sempre nos mantivemos longe fisicamente, mas nutríamos muito carinho por nossa amizade, era da nossa vontade crescer e formar uma família, mas não houve muita interação física além de apertos de mãos e curtos abraços — revela.

Virgo talvez seja a única pessoa que eu conheço que apesar de ter mentido para mim, ainda mantém no olhar tantos tons de sinceridade que fica difícil refutar as questões nas quais tem me respondido.

— Admito que nutri muito carinho e admiração por ela, mas quando meu avô me pediu que aceitasse a ordem, não tive por que continuar nutrindo algo do qual não iria me levar a nada — ele olha para o prato de comida e seu olhar se mantém meio turvo.

— Eles te negaram o direito de se casar com ela...

— Eu escolhi me casar com você, se eu quisesse eu teria pegado Olívia e desertado bem como papai fez, há sempre a possibilidade de se fugir ou negar algum pedido, não me arrependo de tê-la escolhido ao invés de Olívia, ela seria uma ótima administradora do lar, mas ela não é você.

Franzo a testa totalmente chocada com a resposta dele.

— Você é a minha esposa e eu aceito o meu destino — diz obstinado. — Não sinto que perdi nada, muito pelo contrário ganhei.

— Não irei agradecer por isso senhor Ministro, mas aprecio o fato de que se esforça para me cativar depois de tudo, ainda não confio em você.

— Aceito as consequências dos meus atos, teremos muitos anos para nos resolvermos nesse sentido.

Será? 




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