𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃, daemon targaryen

03. make me your wife

── Lorde Tymond Lannister enviou-me uma mensagem particular, ele propunha o matrimônio entre nossa Visenya e seu filho Marcell ── o rei mantinha a voz amena, uma maneira de expor seu ponto de vista sem enfurecer a amada esposa. ── Nossa princesa seria a senhora de uma das casas mais ricas dos Sete Reinos, e Daemon poderia receber a mão de uma donzela de boa nascença. Alianças são necessárias para se manter um reino unido, Lembre-se disso, mimha Alysanne.

A boa rainha bufou, os olhos ladeados de rugas se estreitando com as ideias do marido. A idade deveria impossibilita-lo de ver as coisas que ela via, talvez o estivesse deixando cada dia mais cego. Era a única explicação que poderia pensar. A única maneira de Jaehaerys não ver a forma como Daemon, cujo temperamento indomável possuia fama em todo reino, era suavizado com a simples presença da irmã mais nova. Visenya, por outro lado, adquiria um fogo de selvageria quando junta do mais velho, um brilho de desafio e coragem que a deixava ainda mais bela. Alysanne via em Daemon e Visenya o mesmo que certa vez vira em Alyssa e Baelon, o mesmo que a fizera perceber que sua filha jamais seria feliz casando com qualquer outro homem.

── Manter o sangue do dragão forte, Jaehaerys. ── a rainha rebateu. ── Essa sim é a única forma de manter nosso reino unido.

Seu velho marido, no entanto, possuía a cabeça nos planos que fizera junto de seu lorde Mão.

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── Aí, isso dói! ── a voz infantil dizia, de maneira teimosa. ── Posso jurar que as aias da rainha Visenya não puxavam o cabelo dela dessa maneira.

Um coro de risadinhas fora ouvido no grande quarto, as servas dispostas no cômodo com paredes claras e móveis luxuosos sequer cobriam os lábios ao rir das habituais reclamações da pequena dragão. Cada uma delas havia sido escolhida muitos anos antes, pela própria Alyssa, para cuidarem da menina. A mais velha, aquela que comandava as criadas, havia estado presente no parto da princesa e desde então estivera ao lado de Visenya, costurando suas roupas, penteando seus cabelos, preparando seu banho, zelando por seu sono. Na falta de uma mãe, aquelas mulheres, a grande parte de baixo nascimento, ocuparam junto da rainha o lugar que Visenya dispos para uma figura materna que jamais conheceria.

── Oras, minha princesa, e eu posso jurar que a rainha Visenya não se remexia tanto quanto a senhorita! ── rebatia a mulher, torcendo e trançando cada uma das mechas do longo cabelo loiro-prateado. ── Posso colocar a presilha agora?

A menininha balançou a cabeça em uma negação ferrenha, as tranças seguindo o seu movimento. Ela levantou correndo pegando sobre a cômoda cheia de anéis e colares, que ganhara de ambos os irmãos, uma coroa de flores rosas e vermelhas. As pétalas, embora começassem a secar, ainda exalavam pelo quarto um cheiro doce de primavera. Sua serva sorriu ainda mais ao ver o adereço escolhido pela pequena lady. Dentre tantas jóias e tiaras brilhantes, cuja maioria das garotas do reino morreria para poder sequer encostar, Visenya escolhia uma  guirlanda de flores que poderia parecer simples aos olhos dos outros.

Da porta, a rainha observava a escolha da neta com uma expressão de contentamento. Não havia uma única alma nos sete reinos que não soubessem as circunstâncias nas quais a garotinha recebera aquele presente. Visenya fizera questão de parar cada lord, sor, lady, cavaleiro e criada que passasse por ela para explicar a maneira como Daemon, montado em seu cavalo negro e armadura brilhante, ganhara todas as lutas em que participou e, como o príncipe que o era, coroou a irmã mais nova como a rainha do amor e da beleza.

Era o torneio em comemoração aos dez dias de seu nome e, embora todos os membros da guarda real estivessem lutando bravamente para entregar a princesinha aquele amontoado de flores intrincadas, a coroa jamais teria o mesmo significado se fosse entregue por qualquer outro cavaleiro. Nada jamais se compararia à imagem de Daemon, com os fios claros caindo sobre os ombros da armadura negra e darksister presa em sua cintura, segurando entre os dedos sujos e calejados o adereço frágil e delicado. Visenya jamais esqueceria a maneira como o irmão desceu do cavalo e subiu ao estrado para coroa-la ele mesmo.