Ao ouvir o fim daquela frase Melina soube o que viria, era óbvio que lhe dariam a responsabilidade da custódia de Delyon, em outras palavras, seria babá de um criminoso. Não sabia quando sua carreira tinha decaído tanto daquela forma, mas tinha certeza de que não havia feito nada de errado para merecer. Quando entrou para o departamento sabia que nem tudo seria como ela quisesse, mas aquilo já era demais, começava a se questionar se valia realmente a pena. Ter de aguentar Dorian por alguns dias quando o prendeu fora um verdadeiro teste para sua paciência, que dirá agora que passaria todos os dias com ele por tempo indeterminado.
— E o senhor quer que eu fique responsável por ele? – Questionou receosa.
— É a melhor escolha, agente. O conhece bem e soube lidar muito bem com o caso. Não é como se fosse o investigar novamente, é apenas para que ele tenha alguém a quem obedecer e responder.
— Em outras palavras, babá. – Rebateu Dorian.
— Não é como se confiássemos em você, Delyon. – Continuou Alex – Já lhe foram esclarecidas as condições. Irá responder para a agente Singh.
Diante da última frase de Alex, Melina soube que não podia declinar, ele mesmo já havia decidido que ela cuidaria de Dorian e, na verdade, não era como se ela tivesse muitas escolhas também. Sabia e dizia para si mesma que teria de fazer aquilo. Só rezava para que fosse mais fácil lidar com Delyon daquela vez.
— É claro, senhor. Farei isso. – Respondeu ela, por fim.
— Ótimo. Confio em você, Melina.
— Obrigada, senhor.
Dorian não resistiu ao impulso de se voltar para ela e novamente exibir aquele sorriso irritante, antes de puxar a calça um pouco para cima e mostrar a tornozeleira eletrônica que usava, enquanto debochava:
— Não se preocupe, prometo ser um bom garoto. Não vou muito longe com essa coleira.
— É bom que tenha tocado nesse assunto, senhor Delyon. – Retomou Alex – Quero que esteja ciente, agente, de que ele não pode ir além do que o perímetro de cinco quilômetros que estabelecemos, a não ser que esteja acompanhado da agente Singh. Se ele colocar um pé para fora do que o permitido também voltará para a cadeia.
— Só cinco quilômetros?
— E estamos sendo bem generosos, senhor Delyon, saiba ser grato a isso.
Dorian ergueu as mãos em rendição, não querendo emendar uma discussão e piorar a situação em que se encontrava. Acabou acompanhando Melina quando ela se levantou e disse:
— Não se preocupe, senhor, Dorian não irá dar trabalho. Não é mesmo, Delyon?
— Prometo que não.
— Muito bem, estão dispensados então.
Alex mal esperou que eles saíssem da sala e se voltou para os muitos papéis que se acumulavam em sua mesa, enquanto Melina se retirava e Dorian a seguia obedientemente. Ao descerem as escadas ele pôde notar o quanto trazia incômodo para as pessoas que ali estavam, a todo momento sentia os olhares sobre si, isso quando não escutava os cochichos. Não era tão confortável estar naquele meio também, diria que no mínimo era intimidador estar cercado de agentes, muitos inclusive queriam arrancar sua cabeça, disso ele tinha certeza. O fato de ter a tornozeleira lhe apertando colaborava para se sentir ainda mais sufocado. Quando enfim chegou perto da mesa de Melina, seus olhos pousaram sobre Max, que também o encarava descontente. Talvez o olhar dela fosse o mais assustador dali.
Mal teve tempo para raciocinar, sentiu Melina lhe empurrando uma pilha de pastas contendo vários papéis, para depois lhe apontar uma pequena mesa em um canto isolado.
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Carte Blanche - Carte Ás 1
RandomSérie: Carte Ás Até onde vai sua moral? Dorian Delyon foi um dos criminosos mais procurados do país. Por anos foi escorregadio o suficiente para despistar qualquer um que estivesse atrás de si. Até se deparar com Melina Singh. Após cinco anos de um...
5| Velho conhecido. Novos hábitos
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