Eu já estaria morta.

— Nunca solte as mãos do inimigo se puder prendê-las, você poderia ter usado a chance que te dei para arrancar meu braço, querida— ele diz e alivia o aperto no meu rosto, pulando das minhas costas— Não se importe com o tronco, isso não vai machucar tanto. Foque nos braços, nas pernas e, principalmente, na cabeça— ele dá a volta para voltar para a minha frente, bufo, frustrada. Ele coloca a mão no meu ombro— Relaxe, você está indo bem, sempre foi. Só não está concentrada, quer que eu ajude com isso?

Respiro fundo olhando ao redor. Eu devo estar esquizofrênica, mas mesmo que eu não tenha pego ninguém olhando, me sinto muito observada.

— Na verdade, não— volto a encarar Jasper. Chega de muletas, eu preciso de controle.

Ele sorri como se estivesse orgulhoso de mim e acena para que eu que ataque primeiro. Eu me encontro, foco em Jasper, em minha respiração e o ataco. Rapidez e leveza, eu me lembro dele falando nos primeiros treinos. Sem ataques diretos. Ele desvia de mim, é previsível, está facilitando para que eu aprenda. Ficamos nos rondando pelo próximo minuto, e então ele vem e me ataca, eu bloqueio seus golpes, ele vai acelerando aos poucos, eu o acompanho. Ataque, bloqueio, ataque, bloqueio, bloqueio, repete.

Nós vamos ficando mais sérios, eu prendo o braço de Jasper, ele dá um jeito de se soltar e prende o meu, eu o ataco, nos braços e nas pernas. Vez ou outra ele dá um sorrisinho, mas está concentrado demais para falar.

Há uma pequena multidão se amontoando ao nosso redor conforme nenhum de nós cai, imagino que isso tenha feito os outros pararem de fingir não estar prestando atenção.

Tento não me estressar com isso, vou pegando mais pesado com Jasper. Ele ri e se defende.

— Eu estou orgulhoso— ele sussurra e então me passa uma rasteira. Eu caio de costas, dando fim a mais um round, Jasper me olha de cima sorrindo— Mas ainda tem que ficar atenta a seu corpo— ele me estende a mão, eu o puxo para baixo e nós rolamos na neve e na terra, diante de todos, mas eu estou rindo quando acabo por cima.

Jasper me encara com um sorriso bobo, eu penso em beijá-lo, mas não com essa plateia estranha. Olho ao redor e eles se dispersam de novo. Um dos mais audaciosos dá uma risadinha, Garrett. Um andarilho corajoso que não tem dons e não para de flertar com a Kate de Denali. Saio de cima de Jasper e o ajudo a se levantar. Ele tira uma folha do meu cabelo e beija meu rosto.

— De novo, querida— ele diz, nós afastamos um do outro, prontos para atacar.

Eu vou treinar até a hora de ver meu pai chegar. Até a hora em que serei Bella.

É quatro da tarde quando Bella vem me chamar para que eu me prepare. Estou ansiosa. Tomo um banho rápido e me despeço de Jasper dando-lhe um beijo estalado no rosto.

Ele iria ficar para treinar os outros, não saiu da pose de major quando me despedi, agora ele poderia bancar o durão na frente de todo mundo.

Ninguém questiona porque eu e Bella vamos juntas, acho que isso é um bom sinal. No carro, já chegando perto da casa de Charlie, o cheiro de Jacob está me fazendo querer vomitar. Está em todo o lugar.

— Por que Jake tem que ir mesmo?— reclamo.

— Billy vai estar lá também— Bella diz. Eu estou no banco do passageiro e Jacob está com Renesmee no banco de trás.

— Ele vai se importar mesmo se ele não aparecer? Quero dizer, ele já vê demais essa cara feia.

— Ei, eu estou aqui— reclama o cachorro.

— Foda-se?— o olho por cima do ombro. Bella me soca e Reneesme cobre a boca ao rir.

— Não ouça sua tia, querida, ela tem uma boca suja— Bella fala, me fulminando com o olhar.

— Para um caralho, querida!— eu dou risada lançando uma piscadela para Nessie. Bella me soca com mais força— Aí!

Levo a mão ao braço, Jacob ri de mim e eu soco sua perna. Ele geme baixinho quando desloco seu joelho.

— Tia!— Nessie me censura. É estranho demais ser a tia. Chega a ser bizarro.

— Me chame de Becca, está bem?— peço, franzindo a testa— Ser a tia me deixa velha, e eu sou bonita demais para uma velha, não acha, querida?

— Não— Jacob responde.

— Quer que eu quebre mais costelas suas?— ofereço levantando as sobrancelhas— Eu vou entortar sua coluna de um jeito que você nunca vai se recuperar.

— Becca!— Reneesme chama.

— Isso, querida, assim mesmo— elogio, irônica.

— Jasper deve sofrer um inferno tendo que te aturar todos os dias— Jacob resmunga.

— Ah, eu deixo ele bem ocupado— sorrio maliciosa. Bella ameaça me socar novamente, mas eu agarro seu pulso antes que o faça.

— O que vocês fazem?— Reneesme pergunta, exalando inocência.

— Chegamos!— Bella anuncia, parando o carro— Querida, lembra-se do que falamos? Para o vovô, tia Becca sou eu.

— Sim, mas eu não entendo porquê— ela faz bico.

— É complicado, Nessie, mas é importante que você não se confunda— Jacob sussurra para a garota.

É estranho quando ele fala com ela. Parece outra pessoa. Uma com quem pode se conviver.

Olhei minhas lentes castanhas pelo retrovisor e saí do carro antes que todo mundo, corri para frente da casa. Meu pai lá dentro, eu podia ouvir, com mais alguém além de Billy Black, uma mulher que fede a cachorro também.

Controlo minha empolgação diante da porta esperando Renesmee e Jacob virem para o meu lado. Outra vez, ajeito meus cabelos. Abro a porta, mas na minha mão há muita força e eu quebro a maçaneta sem querer soltando um xingamento baixo. Isso chama meu pai para o hall, ele sorri e eu pulo em seus braços.

— Papai!— eu sorrio, contaminada por alegria de o ver depois de tanto tempo. Ele ri e me abraça de volta.

— Olá, querida— ele passa a mão nas minhas costas e eu fico distraída pelo conforto do seu calor— Feliz natal.

— Feliz natal— respondo, já tinha me esquecido de novo que dia é hoje.

Eu não quero, mas tenho que me afastar, eu estou completamente extasiada em estar na presença dele, ainda mais por vê-lo bem. A próxima a receber seu abraço é Reneesme e ele nos convida para dentro. Enfim aqui parece um lar de novo.

FOR ME, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora