- Sugawara Koushi, certo? Eu sou Sargento Tanaka, esse é meu colega, Detetive Sawamura. - Tanaka começou falando tranquilo como se não estivesse claramente falando com um anjo caído dos céus.
Daichi se perguntou se ele não sentia absolutamente nada ao falar com ele, nem um arrepio, nem um leve rubor na face, nada? O homem hétero é realmente um mistério que ele precisaria de muitos anos como detetive para desvendar.
- Você aceita uma água, um café?
Aquela era a deixa que eles tinham combinado. Quando Sugawara aceitasse a oferta, Daichi deveria responder alguma coisa grosseira tipo "sequestradores não merecem café" e Tanaka o defenderia dizendo para ele se acalmar e afirmando que "Isso certamente foi um mal entendido e ele vai explicar o que aconteceu de fato". Era ridículo de simples, funcionava 99% das vezes.
Isso, é claro, quando os policiais estão em pleno comando das suas próprias faculdades mentais e não tratando com detentos que claramente têm sangue de Veela.
- Eu não quero nada não, obrigado. - Sugawara disse prontamente. - Vocês sabem dizer se o Takeo está bem? Para onde levaram ele?
Enquanto Tanaka processava o fato de que o roteiro deles não previa a possibilidade do detento recusar água ou café, Daichi se sentou na mesa e abriu o arquivo com as informações do caso. Takeo aparentemente era o menor que Sugawara tinha sequestrado.
- Aqui diz que... o serviço social o recolheu.
- Mas quem exatamente? - Sugawara perguntou se debruçando para frente para tentar ver a ficha.
- Ei, ei, ei...! - Tanaka interviu rispidamente. - Somos nós que fazemos as perguntas! E sem movimentos bruscos, tá me entendendo?!
Daichi levantou os olhos do papel olhando para o sargento confuso pela reação exagerada. Até o detento parecia confuso.
Foi aí que Tanaka piscou um olho para Daichi e o detetive quis morrer um pouco por dentro. Ele estava invertendo os papéis. Já que ele tinha falhado em ser o policial mau, Tanaka ia assumir o papel.
- Eu vou cooperar e confessar tudo que vocês precisarem, nem vou chamar advogado, eu só preciso saber quem do serviço social recolheu o Takeo, e daí vou fazer a ligação que tenho direito. - Koushi disse em tom de urgência - Dependendo de quem for, eu não vou ter muito tempo pra ajudar ele. Vou precisar ligar e convencer a pessoa que...
- Como você conhece os agentes de serviço social? - Daichi perguntou, finalmente começando a transformar a situação num interrogatório de verdade.
- Eu sou um agente de serviço social, trabalho na Secretaria de Abandono e Maus Tratos.
Daichi desceu os olhos para a ficha nas mãos dele, pensando que aquela era uma informação bem importante para simplesmente não constar em lugar nenhum. Quem é que tinha dado entrada naquele processo?!
- Você era! - Tanaka gritou, batendo escandalosamente na mesa. - Agora não passa de um covarde sequestrador de criancinhas indefesas!
O silêncio que veio a seguir era extremamente confuso, e porque não dizer constrangedor.
- Ahm... só um instante que eu preciso trocar uma palavrinha com o Sargento Tanaka.
Daichi se levantou indicando com a cabeça para que Tanaka o acompanhasse para fora da sala. O sargento ainda continuou com o teatro gesticulando o quanto estava sendo contrariado antes de sair da sala.
- Estamos arrasando...! - ele falou assim que saíram da sala e fecharam a porta. - Muito melhor eu ser o policial mau e você o bom, acho que está no meu sangue e...
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Eu Tu Ele [AtsuKageHina]
FanfictionMesmo com um casamento feliz, empregos estáveis, família e amigos queridos, Atsumu e Kageyama perceberam suas vidas estagnadas, sem o brilho de antigamente. Acordar, trabalhar, relaxar, repetir. Será que a vida era opaca assim mesmo? Ou será que tal...
CAPÍTULO EXTRA: Réu Primário (DaiSuga)
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