Não desista ღ Capítulo 43

Começar do início
                                    

Quando infelizmente Vicente precisou voltar ao nordeste, conversou com aquela família e até mesmo com Charles, ele voltou para casa com o coração na mão e chorando por precisar deixa-la naquela situação, e ela sentia o mundo ainda mais escuro sem ele ao seu lado.

Poucos dias após a ida de Vicente, Charles tentava falar com sua família todos os dias e sentia a tristeza da sua filha mais velha junto ao seu silencio tornando Sol irreconhecível, ele não iria conseguir esperar até o final do mês quando talvez receberia alta, então faltando um mês para sua alta, ele assinou um termo de interrupção no tratamento e sozinho viajou de volta para casa, sem avisar a ninguém.

Charles voltou para casa em uma noite aleatória pegando todos de surpresa e abraçou sua filha, pode sentir a dor por Cecilia e o alivio em vê-lo. Ele foi recebido com o choro de alivio do seu filho mais novo, com o alivio do seu genro do outro lado do país e com sorrisos da sua família que não viam a hora daquilo acontecer. Mesmo sem receber alta, aquele homem havia entendido o sentido real de tudo ao passar tanto tempo longe da sua família, ele voltou sabendo tudo que não queria perder e tudo que não poderia mais fazer.

Um mês havia passado desde a morte de Cecília, e tudo ainda estava quieto. Cada pessoa estava em seu mundo, vivendo o luto à sua maneira. Júnior conseguiu sair de casa e, com uma mala na mão, entrou na casa dos Cavaliere, determinado a não se afastar de sua filha, mesmo que tudo doesse de forma absurda. Ele mesmo organizou o tema dos dois meses da filha, momento em que as famílias Cavaliere e Moreira se juntaram para comemorar mais um mês da bebê, que crescia saudável e cada vez mais parecida com a mãe.

Na casa dos Moreira, tudo estava caminhando aos poucos. Charles passava dias e dias enviando currículos, as crianças estudavam, os adultos trabalhavam, e Luzia tinha a missão de ficar de olho disfarçadamente em sua neta mais velha.

Numa segunda-feira de manhã, Sol se preparava psicologicamente para voltar à escola de forma presencial para finalizar o ano letivo, já que a instituição havia permitido que ela ficasse aquele mês à distância até que tudo se acalmasse. O Colégio Foccus era o lugar onde ela mais passava tempo com sua amiga, e Sol não sabia como reagir a toda aquela atmosfera. Ainda faltavam dois meses para o ano acabar, e ela precisava se formar e competir nas nacionais.

— Filha. — Charles bateu na porta do quarto.

O homem de terno e gravata entrou de fininho quando sua filha não respondeu, ela estava arrumada com seu uniforme e prendia seu cabelo com uma fita preta. Ele observou Sol de longe, ela estava fisicamente abatida, seus olhos estavam fundos e pálida. Aquele pai não pode falar mais nada quando viu onde estava fixado o olhar da filha.

Sol encarou em sua mesinha um cubo com fotos suas e da amiga, ela tocou no rosto da ruiva e respirou fundo, deixando uma lagrima cair.

—Ceci, nesse mês sem você fiz uma descoberta que não gostaria de ter feito nunca. —Sol pegou o cubo e o abraçou. —Algumas dores não passam, não importa quantas xícaras de chá, calmantes que minha mãe me dá escondido ou banhos eu tome.

Sol entrou em um silencio absoluto e Charles continuou parado na porta, deixando junto a filha uma lagrima cair. Ele estava pronto para levar a filha pra escola e procurar empregos novamente, mas seu coração apenas o pedia para deixa-la em casa segura.

—Eu irei pra escola hora sem você, o primeiro dia do resto do ano que não estará comigo na sala. —Sol apoiou o cubo na mesa e sorriu. —Estou tentando lidar com o luto, mas está difícil demais. Espero que Deus me ajude a suportar isso, mesmo que eu ainda não entenda o por que ele te levou.

Charles saiu do quarto, deixando sua filha ainda lá. Ele estava inseguro, não suportava ver Sol daquela forma e não poder fazer nada para ajuda-la.

—Amor. —Isis tocou no ombro do marido. —Vamos comer.

Quase suficiente, amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora