O que acha de uma viagem?

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- Bom... podemos falar daquele garoto? - Ela aponta para Ken, que está sentado no pequena escadinha em frente a minha porta.

O que diabos ele está fazendo aqui? Vive reclamando que está ocupado, mas quem sabe quanto tempo está me esperando. Não entendo esse garoto.

Vamos nos aproximando de casa, mas Ken, apesar de ter percebido nossa presença, ainda não ergueu a cabeça. A rua está vazia, impossível ele não ouvir nossos passos.

Não vejo a trança que ele costuma fazer no cabelo. Também percebo que seu cabelo está mais curto. Confusa, procuro por sua tatuagem. Nada. Não tem nada.

Apesar da baixa iluminação, consigo ver, nitidamente, a sua têmpora completamente limpa. Sei que ele não removeu a tatuagem.

E então me dou conta de que não é ele.

Ponho meu braço a frente do corpo da minha mãe, fazendo ela parar, enquanto eu faço a mesma coisa.

- Não é o Ken, mãe. - Digo. - No três, vamos correr, ok? - Falo baixo, para somente ela me ouvir.

Ainda há uma distância de dez passos entre nós duas e o esquisito na frente da minha casa.

- Um...

Olho para trás e não vejo ninguém. Observo o sapatos que dona Grace está usando. Por sorte, é um tênis, facilitará na hora de corrermos.

- Dois...

Seguro sua mão e respiro fundo.

- Três.

Viramos de costas e corremos, de mãos dadas, o mais rápido de conseguimos. Eufórica, olho para trás e vejo a figura daquele homem vindo atrás de nós. Calmamente.

Quando torno a minha visão fronteira, vejo um grupo de seis homens impedir a nossa passagem. Protegendo-me, dona Grace põe-se a minha frente, quando diz:

- Quem são vocês e o que querem? - Ela grita, ofegante.

- O que acham de uma viagem para o Japão? - A voz do homem que caminhava atrás de nós, sobrepõe-se.

Olho para ele, assustada. Ele carrega uma arma branca em uma de suas mãos. Com a outra, ele endireita seu óculos.

- Bom. - Ele sorri. - Vou apresentar-me. - Ele se aproxima de nós duas, pegando nossas mãos.

Minha mão encosta-se sobre a lâmina fria da faca. Tento resistir, mas, usando mais de sua força, ele leva minha mão até sua boca e a beija. Repetindo o mesmo ato com minha mãe.

- Me chamo Kisaki. - Ele faz um sinal para os homens atrás de mim.

- Se encostarem na minha filha, vou matar todos vocês! - Minha mãe exclama, desesperada.

Ela tenta proteger-me, porém, os homens nos cercam em um círculo.

- Saiba que não é nada pessoal. - Diz o quatro-olhos.

O mesmo acerta minha nuca com a parte contrária da faca. Sinto minha visão escurecer, ao cair no chão. Logo em seguida, vejo o corpo da minha mãe cair a minha frente.

...

Acordo com uma imensa dor de cabeça. Vejo gotas de sangue caindo da testa da minha mãe. Ela está numa cadeira, ao meu lado, com as mãos e pés amarrados. Assim como eu. Um pouco conturbada, olho ao redor, tentando entender onde estou.

Na minha casa. É onde estamos. Reconheço os móveis. Amarraram-nos na cozinha.

- Finalmente acordou, princesa. - Kisaki diz, sentando-se numa cadeira a frente da minha.

- O que você quer de mim? - Digo, com dificuldade.

A dor é insuportável. Nunca havia me machucado assim antes. Sempre fui alguém que fugia de brigas.

- Boa pergunta. - Ele encosta a ponta da faca sobre a minha coxa. - Mas sou eu quem faço as perguntas aqui, ok?

Ele pressiona a faca contra minha coxa, causando um arranhão.

Contraio os lábios, em prol da pequena dor causada.

- Visitamos Dijon recentemente. - Ele limpa a sangue da sua faca na minha blusa. - Não encontramos o Mitsuya. Porém, precisamos encontrá-lo. - Ele pressiona a faca sobre meu pescoço. - Você me diz onde ele está e eu não mato a sua mãe. O que acha disso?

Engulo em seco, ao ouvir sua real intenção. Qual o envolvimento do Mitsuya com esse tipo de gente?

- Não o vejo a um ano.

- Não é isso o que eu quero saber.

- Não sei onde ele está, porra! - Grito, desesperada.

E, realmente não faço ideia de onde ele está. A um ano atrás, ele estava muito feliz em Dijon com a sua linda loja de moda. E agora, uns deliquentes querem matar minha mãe em troca da sua localização? Que merda é essa?

Ele tampa a minha boca.

- Mais uma gracinha e eu corto as suas cordas vocais. - Ele diz, ainda com a mão na minha boca.

Ele faz um movimento com a cabeça e vejo dois homens apontarem armas para minha mãe. Sinto que a história de mata-la não é um blefe.

- E agora? Vai me dizer onde ele está?

Existe três estágios do desespero.
1° raiva.
2° dúvida/frustração.
3° aceitação.

Eu, pulo logo para o terceiro estágio.

- Não sei onde ele está agora, mas... - Respiro fundo. - Marcamos de nós encontrar daqui a três dias.

- Olha só. - Ele sorri, satisfeito. - Mikey tinha razão quando disse que vocês dois tinham uma ligação.

Ignoro a sua fala. Só quero que ele largue nós duas e desapareça da minha vida. Assim como o Mitsuya.

Que porra ele é? Um criminoso da moda? Um traficante de roupas?

- Não sei se ele vai aparecer. Como eu te disse, não o vejo a um ano.

- Ah, ele vai sim.

Kisaki se levanta e põe-se atrás de mim. Seus homens baixam as armas, quando ele desata o nó das cordas que prendiam as minhas mãos. Ele apoia-se em meu ombro e inclina-se até meu ouvido.

- Agora, amorzinho, me diz onde ele vai está daqui a três dias?

- Paris.

- Hum. - Ele volta para minha frente. - O que acha de uma viagem para Paris?

...

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