Ambos conhecem o ambiente com a palma das mãos, entramos e nos acomodamos em uma das mesas que permite uma visão ampla no horizonte. A sensação é como se flutuassemos em uma árvore, a brisa corta meu peito leve. Apesar de ser um lugar chique e requisitado, não tem muitas pessoas no interior. É calmo e fresco.

Analiso, a possibilidade do cardápio passar por porções de valores iguais a um salário mínimo, e como Timothée se ofereceu para bancar esse simples almoço de segunda-feira.

Da próxima vez, irei me equipar bem, trazer uma bolsa para o ensaio, roupas para trocar caso haja imprevisto, uma carteira com dinheiro, uma vez que estou deslocada no ambiente. Dou uma espiadinha nas pessoas que estão à nossa volta e sinto vergonha, parece executivos, advogados, pessoas ricas e com status. 

Se vou andar com Chalamet, devo mudar a postura. Ele é um rapaz de Paris, culto, bilíngue, inteligente, rico e herdeiro.

Poucos instantes após nos acomodarmos, um homem de cabelos lisos castanho vem em direção a nossa mesa. Julgando pelo uniforme, percebo que é um funcionário.

Seu olhar vai de encontro a mim, sem problemas em reconhecer que não pertenço ao local. Posso estar delirando, mas algo o atrai a medida que não se desvia do percurso.

Subitamente, tenho vontade de olhar o que está atrás de mim. Deve ser um pedaço de bolo de chocolate ou algo muito bom para ele ter tanto foco. Não é possível que alguma pessoa se atraíra a mim, neste estado! Com os cabelos arrebitados em um rabo de cavalo e roupas de academia. Aposto que é fetiche!

Timothée dá uma olhada severa no que me constrange, uma vez que os ombros se encolhem e quero furar o buraco no chão, pois o rapaz é lindo, está a me constranger.

Mikkel não se intimida com o clima sólido de tensão entre nós três e continua a sorrir, mesmo o atendente perdendo a graça e o brilho quando Chalamet o encara tenebroso. Uma possível ação de ciúmes? Isso é algo que preciso ver de perto, ninguém nunca sentiu isso por mim. Sou sempre a segunda opção das pessoas.

— Boa tarde — comprimentos, coloca cardápios em nossas mãos e mantém a postura — em que posso ajudar Senhor Chalamet, é um prazer revê-lo ? — sorri largo com a troca de olhares ao mais velho, que ousou não esboçar nenhuma expressão facial.

— Qual a opção do dia? – Mikkael perpassa a ação, cortando o clima desconfortável entre os rapazes, o atendente tenta focar um olhar a mim, mas desvia com a postura de Timothée; o mesmo permanece com as duas mãos a posta na mesa.

— Hoje nós temos arroz, feijão com pimentão, farofa de lentilha e salada de berinjela — contempla, o que traz alegria a Mikkael que é vegetariano. Na outra ponta está o meu estômago, roncando e desaproveitando qualquer tipo de leguminosos. ECA! o que fui arrumar na minha vida? Só pode ser alguma espécie de castigo.

— Pode confirmar, nós vamos querer 3 pratos — o amigo solicita, empurrando de volta os cardápios, a medida que os olhos do atendente caem sobre mim, Timothée desfaz a couraça, posa discretamente sua mão sobre a minha, como se mandasse o alerta.

Não sei o que surtiu mais efeito: o pedido horroroso que possivelmente não irei comer , ou a surpresa dos atos de Chalamet.

Com o rosto levemente virado, disfarça a proposta. Sinto sua palma suar um pouco, e o coração se preencher de uma sensação boa. Ele está a me respeitar e a marcar território.   

— Eu não vou comer isso! — digo ao pequeno sinal de afastamento do rapaz.

— Prometo que é a melhor iguaria do universo! — Mikkael responde, não dando brechas para mudar de opção — se quiser, pode acrescentar molho e três sucos, além de um mousse de maracujá — anota no bloco digital, confirmando com a cabeça.

 𝐀 𝐑𝐀𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐏𝐀𝐒 - Timothée Chalamet Onde histórias criam vida. Descubra agora