[EM ANDAMENTO] [NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESSA OBRA]
Jeon Jungkook nasceu com um dom que odeia: ele consegue ver quando duas pessoas são almas gêmeas por causa do fio vermelho do destino que as conecta. Esse fio vermelho foi responsável por destruir o...
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#APorraDoFioVermelho
🛹
Eu já não sou do tipo que tem paixão pela própria vida, mas no domingo, quando eu acordo sentindo todo o meu corpo suado e fedendo, eu juro que nunca quis tanto simplesmente ter morrido. A sensação é de que meus membros são completamente incompatíveis com o meu corpo como um todo, porque apenas mover um braço parece uma tarefa ridiculamente difícil de se fazer. Eu choramingo contra o travesseiro, sofrendo para ver que horas são. E, por algum milagre ou benevolência de qualquer que seja quem esteja no controle da merda que é minha vida, eu não estou atrasado.
Depois de muito esforço, eu chego ao banheiro. A próxima tarefa é tirar minha própria roupa, o que exige de mim praticamente todo o resto de energia que tenho no corpo. Fico enojado ao sentir o cheiro de vômito, cigarro e álcool misturados nas peças, jogando tudo no sexto como quem se livra de restos de comida podre. Debaixo do chuveiro eu preciso me sentar no box por um tempo. Sentado aqui, fico repassando a noite interior na minha cabeça. E, apesar das memórias estarem borradas, eu me lembro da maioria das coisas que aconteceram, inclusive da voz de Jimin conversando comigo. Sim, eu estava bastante confuso naquele instante, mas ele é inconfundível. Por isso a vergonha me consome agora, quando me dou conta das coisas que fiz e disse diante dele. Depois de amaldiçoar minha existência inteira, eu saio do banho me sentindo um pouco melhor. Arrumo minhas coisas para o trabalho, passando bastante perfume para ter certeza de que o cheiro horrível de antes realmente se foi.
— Tem café — minha mãe diz quando passo pela sala.
— Não vai dar, preciso ir.
— Jungkook, senta agora — sua voz é firme e percebo que seu rosto está bastante sério também.
Droga.
Solto minha mochila no chão, bufando antes de me sentar em um dos bancos de frente para o balcão de mármore que temos aqui que faz divisão entre a cozinha e a sala. Minha mãe aparece com uma tigela de cerâmica e me entrega junto com uma colher. É Haejangguk, uma sopa de sangue coagulado de boi que normalmente se toma quando se está de ressaca. Mas eu sei que a sopa é mais do que um agrado para mim, é também uma forma de me manter calado enquanto ela fala. Suspiro mal-humorado, pegando a colher e começando a tomar sopa.
— O que fez ontem não pode voltar a acontecer. Eu nem posso encarar nossos vizinhos e o porteiro de tanta vergonha!
— Você fala como se ficar bêbado fosse um crime nesse país que vende álcool em caixinha com canudo — resmungo, mexendo o fundo da tigela, vendo as cebolinhas girando na superfície.
— Não é esse o ponto, Jungkook! O ponto é que você tem sido irresponsável e não é de hoje!
— Eu sai pra beber com os meus amigos e voltei bêbado. Só.
