05. Sai da minha cabeça!

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— O que você quer de mim, cara? — Kyle perguntou, sem fôlego, mas ainda puxando Cartman pela gola da camisa, o cansaço transparecendo em sua expressão.

O silêncio entre eles se estendeu por alguns segundos, carregado de uma tensão que nenhum dos dois conseguia descrever. Cartman, ainda sentado, segurou o braço de Kyle, apertando com força enquanto se levantava, ficando de frente para ele. O olhar de ódio de antes agora estava misturado com algo mais profundo, algo que nem Cartman parecia saber expressar.

— Eu quero tudo — ele murmurou, a voz rouca, mas com uma intensidade inesperada.

Kyle ficou imóvel por um segundo, encarando Cartman. Aquilo o pegou completamente de surpresa. As palavras de Cartman, que sempre soaram como provocações vazias, dessa vez vinham carregadas de algo mais. Ele sentiu o coração acelerar, e a respiração de ambos ficou pesada, entrelaçada no ar tenso que os cercava.

— Você é doente — Kyle murmurou, sem saber mais o que sentir.— Como assim, tudo? — perguntou, a voz trêmula, sem entender ao certo o que Cartman queria dizer, mas ao mesmo tempo sentindo a gravidade das palavras.

Cartman o puxou mais perto, os olhos fixos nos de Kyle.

— Tudo o que eu sou... tudo o que você sempre quis de mim. — A voz de Cartman soava provocativa, mas havia uma camada de sinceridade que Kyle nunca tinha ouvido antes.

Para Eric, era tudo ou nada agora.

Ele não recebeu uma resposta de Kyle, e se arrependeu no instante seguinte. Quando estava prestes a recuar, Kyle o puxou pela camisa com firmeza. Eric fechou os olhos, esperando o próximo soco. Mas foi pego de surpresa ao sentir os lábios de Kyle contra os seus. O beijo foi inesperado, intenso e cheio de emoção, com o gosto de sangue ainda presente entre eles.

Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo, mas talvez pudessem fingir que não.

O beijo continuou, e Kyle se surpreendeu por Cartman não ter resistido em nenhum momento. Pelo contrário, ele apenas acompanhava o ritmo, até que a falta de ar os separou. Mas havia uma sensação de insatisfação nos dois, como se aquilo não fosse o suficiente.

Nenhum dos dois ousou falar, temendo quebrar o momento.

"Será que isso é só mais um jogo do Cartman?" Kyle pensou, desconfiado. "Se for, é uma droga... mas é tão bom."

Se fosse um jogo, Kyle estava mais do que disposto a jogar e vencer.

Ele se afastou alguns centímetros e sentou no balcão da enfermaria, tirando o casaco num gesto provocativo.

— Vem, Eric... — ele sussurrou, com um tom sedutor.

O nome "Eric" saindo da boca de Kyle, algo tão raro, mexeu profundamente com Cartman, fazendo seu rosto corar ainda mais.

Cartman avançou, segurando Kyle pela cintura e aproximando seus corpos. No processo, acabaram derrubando alguns frascos de remédios que estavam no balcão.

O calor entre eles era palpável. Kyle distribuía mordidas leves, fazendo Cartman soltar um gemido baixo.

— Kahl...

— É Kyle — corrigiu ele, ofegante.

— Não ligo — respondeu Cartman, também ofegante, enquanto suas mãos deslizavam até as coxas de Kyle. Ele começou a puxar a calça do ruivo, causando-lhe arrepios.

— O que você tá fazendo? — perguntou Kyle, com a voz trêmula.

— O que você acha, judeu? — Cartman retrucou, seu rosto vermelho.

Antes que Kyle pudesse responder, foram interrompidos pelo som da porta se abrindo.

Rapidamente, Kyle empurrou Cartman para o lado, se afastando do balcão. Ambos tentavam recuperar o fôlego e disfarçar a situação.

Craig entrou na sala, segurando uma bandeja de remédios.

— E aí? — Craig perguntou casualmente.

— C-craig! — Kyle gaguejou, visivelmente nervoso. — O que tá fazendo aqui?

Craig olhou em volta, notando a bagunça na sala e a expressão ofegante dos dois.

— A enfermeira pediu pra eu trazer isso aqui — disse ele, colocando os remédios sobre uma cadeira próxima.

Cartman, tentando mudar de assunto, comentou rapidamente, com uma voz nervosa: — Já que você tá aqui, Craig, responde uma coisa... Se o nariz do Kahl fosse parar nas costas, ele viraria um tubarão, né?

— Vai se fuder, balofo, nojento — começou Kyle, mas foi interrompido por Craig, que não demonstrava o menor interesse.

— Vocês podem ficar tranquilos. Eu não dou a mínima — disse Craig, com indiferença. Ele então se virou para sair, mas antes de fechar a porta, avisou: — Ah, Kyle... sua calça tá aberta.

Com isso, Craig fechou a porta, deixando um clima desconfortável na sala.

Cartman ergueu os ombros, ainda tentando manter o controle da situação.

— Tanto faz — disse, se aproximando de Kyle novamente. — Agora, onde paramos...? — sussurrou com um sorriso malicioso.

Mas Kyle o cortou de imediato.

— Não, sai — disse, empurrando Cartman levemente para trás.

— O quê?! — Cartman exclamou.

— Não sei o que você tá tentando fazer comigo, mas isso não vai funcionar. Vou pra casa — respondeu Kyle, enquanto fechava a calça com um gesto decidido.

— Mas quem me beijou foi você, porra! — Cartman gritou, incrédulo.

Kyle não respondeu. Saiu da sala às pressas, deixando Cartman para trás, confuso e sem qualquer explicação.

Nossos Segredos | Kyman - South ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora