Corremos duas ou três ruas dali e ficamos parados centro da rua. Pudemos ouvir mesmo que baixo, o movimento voltando ao normal no lugar de onde acabáramos de fugir. Símon havia nos ajudado tirando nosso cansaço e sono, mas correr tanto acabou nos desgastando mais que o normal.
- Mas que merda foi aquela? - Símon perguntou ofegante. Todos olhamos para ele.
- Demônios. - Wes baixou seu olhar ao chão, apoiado todo seu peso em suas mãos que estava em cima dos seus joelhos.
- E eram muitos. - Freya disse apoiando todo seu peso nos joelhos.
Sentei no chão da rua e cruzei as pernas.
- Achei que não existissem - Símon disse.
Olhamos para ele surpresos.
- Isso é sério? - Nick perguntou encarando-o.
Ele assentiu com um sorriso no rosto
- Cara, você é filho de um deus e não acredita em demônios?
- Eu nunca vi um. - Ele se ergueu e deu de ombros.
Tiramos nossas mochilas e as jogamos no chão.
Meio a situação que passáramos momentos atrás, ainda achavam motivos para sorrir e isso me confortava mesmo que pouco. Pude ver alegria em seus rostos, até mesmo no de Wes que estara sempre mal-humanorado e em Símon que era o mais fechado. Mas no fundo todos sabíamos que essa alegria era passageira.
- Ele os enviou. - Arquejei com o olhar direcionado ao chão.
- Você o viu? - Seriedade tomou seus rostos.
- Sim. Ele estava lá, eu estava lá. Apenas nós. A multidão havia sumido, vocês haviam sumido, éramos apenas ele, eu, e... - Engoli em seco.
- Selene. - Nick disse olhando-me.
- E havia sangue. Muito sangue. - Olhei para Freya.
- Estão torturando ela - Símon ponderou.
- Vamos. - Wes disse secamente e veio a minha frente - Aonde ela está?
- Eu não sei bem - Respondi-o envergonhado percebendo que mesmo sem mostrar, ele ficara abalado por saber que ela está sendo torturada. - É confuso.
- Você sentiu-a, não sentiu? - Indagou-me Nick - Você a viu.
- Sim, mas é confuso. - Coloquei as mãos na cabeça e voltei a olhar para o chão.
Por incrível que pareça Wes não tentou agredir-me desta vez. Na vez anterior era uma tentativa de pressionar para conseguir algo, e funcionou, mas desta vez ele não tentou nada. O que ele fez apenas, inacreditavelmente, foi chorar.
- Vai matá-la - Ele ajoelhou-se. Lágrimas rolaram por seu rosto, desta vez ele não tentara conter aquilo que sentia. Ele e seu irmão realmente amavam Selene, e ela ter sido levada fora culpa minha. O tempo todo era eu, é a mim que ele quer e para isso levou-a.
- Eu... Desculpe - Disse a ele.
- A culpa não é sua. - Nick agachou-se e colocou sua mão no ombro direito de seu irmão e tentou aliviar a culpa que eu sentia.
- Água, plantas molhadas, árvores que saíam tanto do solo seco quanto da água, uma porta camuflada... - Olhando para o chão lembrei-me daquilo que tinha visto. Não sei como pude me esquecer destes detalhes, talvez pelo pânico, mas felizmente me lembrei.
Os olhos de todos fixaram-se em mim.
- Foi o que viu? - Perguntou-me Nick.
Eu assenti.
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A entidade
ParanormalEzra Sullyvan é um garoto de 13 anos, não possuía muitos amigos e as pessoas não o aceitavam por ser diferente. Ele acreditava que a descriminação era seu maior problema, mas o mesmo ainda não tinha idéia de que aquilo não era nada perto do que ele...
A força vem do medo
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