CAP 36 - Zaya

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— posso ajudá-la?

A Nicole chegou atrás de mim irritada e eu vi que o Alexei estava em pé na porta do lado de dentro

— queremos ver vestidos de casamento

— não tenho nada para vocês, mas talvez encontrem no mercado da praça

— não vamos começar com isso de novo, não é?

— uma vez eu até tolerei, mas não vou ficar aceitando prostitutas entrando na minha loja

— como é que é? — a Nicole disse alto

— eu já vi você naquele bordel nojento da praça — apontou para mim — e não quero seu dinheiro promíscuo

Um Alexei muito irritado entrou na nossa frente e antes que pudesse falar qualquer coisa a porta abriu e o Aires caminhou até nos

— o que está acontecendo? — perguntou olhando o Alexei bufando

— majestade, que prazer recebê-lo em minha loja

Ele olhou nos meus olhos e eu vi sua íris clareando, aquilo só acontecia quando ele estava bem irritado

— está tudo bem, não aconteceu nada — Peguei a Lina que estivava os pequenos bracinhos para mim e toquei o rosto dele — já acabamos aqui

— Alexei?

— essa bruaca está insinuando que sua esposa é uma prostituta

— esposa?

A comerciante ficou pálida, engasgou e começou a tossir sem parar

— eu não sabia, perdão majestade

— vamos sair daqui, meu amor

Ele me ignorou e apoiou o braço no balcão, pegou um botão que estava solto ali e o girou no dedo

— eu a confundi com outra pessoa

O Aires sabia ser assustador quando falava bravo com alguém, mas o seu silêncio e os olhos naquela tonalidade branca o deixava muito pior.

Senti o vento ao meu redor mudando e eu sabia o acontecia, já tinha passado por isso duas vezes e não era nada agradável

— não faça isso — pedi

A mulher começou a ficar roxa e colocou a mão na garganta. Seus joelhos dobraram e ela caiu no chão enquanto mexia igual a um peixe fora d'água

— Aires, pare — Agarrei o rosto dele com uma força que nunca tinha usado e o fiz olhar nos meus olhos — pare agora

Ele piscou, os olhos voltaram a cor habitual e a mulher parou de se remexer

— você tem sorte da minha garota ser tão generosa, eu jamais pouparia você por ofendê-la — A Lina chorou e ele tocou a bochecha dela — vamos para casa

Antes que pudéssemos chegar a saída ele causou um furacão dentro da loja e absolutamente todas as coisas saíram voando pelo ar. O local ficou uma completa bagunça e chamou a atenção de todos que passavam

— já chega, Aires

Ele me olhou com um bico e ficou parecendo uma criança mimada

— ninguém nunca vai falar qualquer coisa para você e saíra vivo, princesa

Caminhamos um pouco pelas ruas e eu ouvi as risadinhas da Nicole atrás de mim

— a gente vai voltar para a casa, vocês vão ficar bem? — o Alexei questionou

— sim, te vejo mais tarde

Entramos em uma cafeteria e ele sentou ao meu lado, passou o braço sob meu ombro e pegou um cardápio

— está com fome?

— um pouco

Coloquei a Lina na mesa e fiquei brincando de bater palminhas enquanto cantava uma música e a ouvia gargalhar. Uma senhora muito gentil nos atendeu, ela até deu um biscoitinho para Lina ficar chupando

— onde vou conseguir um vestido de casamento agora que você destruiu a única loja da cidade?

— você pode olhar nos outros reinos

Em poucos dias eu consegui definir tudo que faltava para o casamento. O jardim era meu lugar preferido aqui e na primavera as flores ficavam tão maravilhosas que decidi que seria lá.

Como nossa filha ainda era pequena, eu não consegui ir até outros reinos escolher algum vestido, e o Aires sendo tão perfeito, mandou as melhores costureiras do mundo virem ao reino do ar

— preciso que venha a um lugar comigo

— a onde?

— é surpresa, a Nicole vai ficar com a Lina um pouco

Ele me arrastou pelos corredores do castelo sem dizer nada e por fim chegamos a sala do trono

— o que estamos fazendo aqui?

— é uma surpresa, entre

Ele abriu a enorme porta pesada e me deu passagem. Eu não vinha muito aqui, já que não éramos oficialmente casados ele participava das audiências sozinho

— aquilo não estava ali antes — falei quando observei os dois tronos

— depois que minha mãe morreu o meu pai queimou o trono dela e disse que ninguém jamais ocuparia seu lugar

Uma linda coroa estava sob o assento e ele a pegou, depois analisou calmamente os detalhes de cada pedrinha. Por fim caminhou até mim e a colocou em minha cabeça

—  quando pensei que você estava morta eu jurei que jamais colocaria um outro trono ali, porque aquele lugar sempre pertenceria a você. Só que agora você está aqui, tudo que eu quero é que fique ao meu lado para sempre

— sou apenas uma camponesa, Aires. Eu não tenho uma boa educação, não sei me comportar perto de nobres e em algum momento vou envergonhar você

— você é a pessoa que esteve comigo quando eu não acreditava em mim mais, é quem me deu força para continuar, é a única que faz meu coração bater tão forte. Eu quero te dar o mundo Zaya, e enquanto não consigo vou começar por essa cadeira 

Passei os braços em seu pescoço e o beijei com um enorme sorriso no rosto. O Aires era tudo que eu sonhei um dia, ele era tudo que eu queria e minha vida era muito melhor com ele ao meu lado

— eu te amo tanto, você é perfeito Aires

Não sei em que momento o nosso beijo esquentou, mas quando me dei conta ele estava ajoelhado na minha frente, segurando minhas pernas enquanto eu estava sentada no meu novo trono e sentia sua língua quente

— Aires — agarrei seu cabelo

— o que foi, minha rainha?

A voz rouca dele fez meu corpo todo se contrair e eu gozei tão forte que dei um gemido que ecoou pelas paredes. Ele deu um beijo na minha coxa, em seguida subiu ate minha boca e por fim levantou.

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