XIV- Eu não sou e jamais seria o rosto da morte que tanto temem

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— Por favor, leve um café muito forte para a senhora em nossos aposentos. — Ele se dirigiu rapidamente à empregada que os recepcionou e logo correu em direção à esposa para ampará-la até o quarto.

— Não precisa fingir que se preocupa com minha integridade física. — Ela reclamou, se jogando na cama.

— Você tomará um café forte e esse mal estar logo passará.

— Eu não quero que passe. Sabe quão difícil é para mim fingir conforto em meio ao seus importantes amigos do mundo da política?

— Eles não são meus amigos.

— E ainda assim eu preciso ser gentil, enquanto aguento olhares e comentários sem poder retrucar.

— Infelizmente isso faz parte de nossa vida.

— Não, isso faz parte da vida que você escolheu viver. Eu sou uma professora, lido com crianças, eu as compreendo. Mas não consigo lidar com o desprezo e as intrigas de pessoas maldosas.

— Conseguiremos juntos.

— Nós sequer estamos juntos, Rodrigo!

— É claro que estamos e, graças aos conselhos de Lena, seremos um casal ainda mais forte e unido a partir de agora.

— Lena me aconselhou a enfrentar aquela gente com a cabeça erguida, mas sequer ficou até o final da festa. Eu sinceramente penso muito sobre nós e, quando olho para o nosso futuro, simplesmente não consigo vê-lo.

— Eu, ao contrário, vejo um futuro lindo e longo. Seremos felizes porque nos amamos, eu lhe prometo. — A empregada bateu na porta e logo entrou com a xícara — Muito obrigado — Ele agradeceu a pegá-la e a empregada logo se retirou. Então Rodrigo se dirigiu à esposa e entregou o líquido a ela — Beba e estou seguro de que se sentirá melhor para dormir.

— Eu não quero dormir. — Como um impulso, Lilian se levantou da cama e arrancou o luxuoso vestido que a cobria, e lá estava a roupa íntima vermelha da qual falara durante a festa — Eu quero ser sua.

— Nós já somos um do outro. — Ele se virou, de costas para a esposa — Por favor, se vista.

— Eu já não sou mais sua. Você sente nojo de mim, sequer consegue se virar e ver o meu corpo.

— Eu não posso... — Somente Rodrigo e Deus sabiam o esforço que o prefeito fazia naquele momento para não se virar, lançar a esposa na cama e amá-la como a primeira vez, mas seu medo era muito maior que o desejo.

— Você não quer. — Os olhos de Lilian queimavam em um misto angustiante de desejo e raiva.

— Eu não posso viver sem você.

— Você já está vivendo sem mim.

— O sentimento que nos une é muito mais forte que o desejo.

— Mas quando nossos corpos se fundem é que atingimos o ápice desse sentimento. Não me condene a viver uma vida inteira sem o seu toque, pois não fiz nada de errado para merecer.

Ela abraçou o marido por trás e permitiu que Rodrigo sentisse o toque de seu corpo, seminu, sobre as roupas. Mas ainda assim ele foi forte em seu desejo de proteger a esposa, se soltou e saiu pela porta em direção ao quarto da filha.

...

— Você acordou cedo. — Pedro comentou, ao ver Lena voltando da varanda para o quarto, envolta pelos raios dourados do amanhecer.

— Sequer consegui dormir.

— Creio que nós dois precisamos conversar sobre...

— Uma carta. — Ela respondeu seca.

O Destino de LenaOnde histórias criam vida. Descubra agora