— Ainda chateada pelo vinho? — Implicou Belladona ao se referir a irmã do homem. Keivel rolou os olhos e se virou para o seu quarto indo em direção a uma cômoda para pegar uma bebida.
Os piratas adentraram o quarto. Keivel vestia um fino sobretudo, que se encontrava aberto, revelando seu corpo bem definido até seu abdômen, se cobrindo com uma calça a partir disso. Seus pés estavam descalços. Parecia ter se vestido as pressas antes de atender a porta. Seu rosto estava desleixado junto a seu cabelo. Belladona percebeu algumas marcas em seu pescoço. Se perguntou seu suas costas estariam assim também.
— Então, Karina contou a vocês... — disse ao chegar a cômoda e se servir com uma enorme taça de vinho. Inclinou a garrafa para eles a oferecendo, mas negaram com a cabeça. — Eu estava bêbado! — Afirmou alto.
Era como se estivesse discutindo diretamente com a irmã. Os piratas se entreolharam e riram. Keivel deu um grande gole em sua bebida. Uma parte do líquido caiu de sua boca e desceu por seu corpo. Molhou boa parte de seu tronco e barriga. Bella e Ras olharam as gotículas deslizarem.
— Quando você não está? — Comentou Ras e desviou o olhar para a janela, suspirando no mesmo momento.
Keivel após ouvir, desceu a taça e voltou para onde ela estava e limpou a boca com a manga do sobretudo.
Seu rosto se mantinha com uma feição divertida. Não negaria o que foi dito. Gostava de beber e principalmente da sensação de se estar bêbado. Do corpo completamente envolto pelo álcool, da liberdade de seus pensamentos em fluírem e da sensação de estar leve. Belladona se aproximou alguns passos.
— Ainda tem a pedra do sol? — Foi direita ao assunto e o homem ficou sério ao ser puxado de seus doces pensamentos com a bebida.
Como se fosse atormentado por lembranças em um rápido e tortuoso segundo, fechou os olhos, suspirando pesadamente.
— Sim, eu tenho. — Apoiou suas mãos atrás, na mesa de bebidas. Era possível ver alguns de seus músculos se contraindo. Belladona ignorou, mas teve vontade de olhar, assim como Ras que olhava os dois conversarem mantendo seu queixo apontado ao chão. — Foram para isso que vieram aqui? — Pareceu magoado, mas os piratas não negaram. Ele acentiu a cabeça, concordando para si mesmo o que tinha perguntado.
Ele se virou e olhou para o espelho que ficava a cima, na parede. Seu queixo estava baixo, mas seu olhar se encontrava pra cima. Raiva parecia tombar seu rosto.
— Meu antigo pai dizia que essa pedra só seria usada novamente quando um momento de desgraça estivesse chegando. — Ele retornou seu corpo para a visão de Bella e Ras. — O que vocês procuram é algo perigoso. — Afirmou olhando para cada um.
— Eu não me importo. — Belladona respondeu. — Terei o que quero.
Keivel não duvidava das palavras do capitão.
— Seu pai nunca foi alguém que acreditava em superstição. — Comentou Ras, voltando a olhar diretamente para ele.
O homem se distanciou da mesa com bebidas e seguiu até um armário, abriu uma gaveta e retirou uma pequena caixa de lá. Ficou a observando por um tempo. Seus dedos passavam pelo material. Teve vontade de jogar a pedra na lareira que tinha em seu quarto, mas não o fez. Se virou para os piratas, eles o observavam.
— Essa é a razão pelo qual devemos acreditar no que ele disse.
Caminhou em direção a Belladona e parou a frente dela.
— Tão bela e tão cruel. — Raiva não se encontrava mais em seus olhos, mas em seu lugar se encontrava desejo. — Me pergunto quando terei uma chance. — Olhou para seus lábios. Lábios carnudos e bem delineados, Keivel queria toca-los. Queria senti-los contra os seus.
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Desejo: Uma história Pirata | História em mudança
AdventureBelladona é a primeira pirata de sua época a ter tanto sucesso e a não sofrer nenhum naufrágio em alto mar. Ciente de sua sorte, ela se junta a sua tripulação para encontrar a tão famosa "fonte dos desejos". Após uma investigação, ela descobre que...
Capítulo 7 - Os Irmãos Da Ilha De Pólvora
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