A Telepath's Diary [HAOBIN - ZB1]

Three

— Quer dizer... não é bem sumir com o poder completamente — o loiro arqueia uma sobrancelha, desconfiado dessa história mal contada — isso só aconteceu quando eu fiquei próximo dele, depois que eu me afastei, as vozes voltaram com tudo.

Ricky, que não era bobo nem nada, logo se aproveitou da brecha para implicar ainda mais com o amigo, assim como faziam desde sempre.

— Isso aí tá com cara outra coisa hein, se é que me entende... — começou provocando o ruivo que apenas o encarava com uma expressão de poucos amigos — ah, qual é! Você me vem do nada com essa de fulano que magicamente tirou toda sua dor e sofrimento só de estar perto dele e não quer que eu pense outras coisas?

— Passar bem, Ricky — e então encerrou a ligação, frustrado.

Zhanghao não podia negar, Hanbin era bonito e ele também não ficava atrás disso; mas tudo o que Ricky insinuava estava completamente fora de cogitação. A última coisa que Zhanghao pensaria sobre o mais novo seriam coisas desse feitio. Tudo não passava de uma grande tolice e fanfic criadas na cabeça do seu amigo.

Cansado de pensar mais sobre qualquer outra coisa, o ruivo coloca seu celular na tomada, garantido que o aparelho ficasse carregando durante a noite, já pronto para enrolar-se entre seus cobertores e dormir como um anjinho, tentando esquecer das atrocidades de mais cedo.

[...]

— E aí, vai falar com ele ou não?

— Não sei se ele acreditaria em mim... — após um longo suspiro, Zhanghao responde apreensivo, ainda muito hesitante quanto sua decisão.

Com o insucesso de sua tentativa ao contar sobre Hanbin na última noite, Zhanghao achou que seria melhor contar no dia seguinte, em detalhes, antes da primeira aula, assim, evitando quaisquer mal-entendidos e garantido que Ricky não tirasse conclusões estranhas — já que Zhanghao conseguiria ler a mente do outro e saber exatamente sobre o que pensava.

— Se eu fosse você, eu aproveitaria agora que tem a chance de aceitar a ajuda dele — aconcelhou Ricky, colocando uma de suas mãos sobre o ombro do amigo — eu acho que se você mostrar seu poder paranormal assim como fez comigo anos atrás, ele acreditaria.

Zhanghao não achou aquela ideia ruim, porém, ainda sentia-se inseguro de encontrar Hanbin; fora ao fato de que ele, muito provavelmente, não conseguiria ler a mente do mais novo — já que era Hanbin quem "anulava" esse poder. Boa parte de sua mente apenas se concentrava nas paranóias e nos pensamentos negativos, imaginando as diversas possibilidades de o garoto lhe achar um completo maluco idiota.

— E se ele... sei lá, começar a rir da minha cara ou então espelhar pra todos o meu-

— Zhanghao, calma — colocando as duas mãos sobre os ombros de Zhanghao, Ricky fez com que o ruivo parasse de falar, agora apenas prestando atenção no loiro — você precisa parar de dar importância pras paranoias que surgem na sua cabeça — observando o outro com os olhos já marejados, Ricky o envolve em um abraço caloroso e apaziguador, afagando levemente suas costas — independente se Hanbin te ajudar ou rir da sua cara, apesar de eu não conseguir parar seu poder telepático, eu vou tentar te dar todo o apoio possível, certo? — Zhanghao assente, enxugando algumas lágrimas de seu rosto, já com a bolsa de seus olhos acastanhados levemente inchadas.

— Tudo bem, eu vou lá falar com ele — convicto de sua decisão, o ruivo rapidamente se levanta do lugar em que anteriormente estava sentado, já indo em direção à entrada do corredor, saindo da área aberta aos fundos da escola, com Ricky logo atrás do mesmo.

Em alguns minutos, os dois já se encontravam em frente à entrada da biblioteca, cautelosamente, abrindo a porta da mesma, observando o local praticamente vazio — se não fosse por algumas vozes que liam alguns livros aleatórios, desconhecidos por Zhanghao. Adentrando mais o ambiente, o chinês pôde notar de longe o garoto modelo da escola — e agora, seu possível salvador e ceifador de telepatia —, então aproximando-se do mesmo.

A pequena fresta da janela lateral descoberta pela cortina dava abertura ao sol radiante, pousando sobre parte do rosto esbelto do garoto sentado aos fundos da biblioteca, lendo um livro qualquer enquanto escutava algo em seus fones de ouvido. Seu uniforme, assim como sua aparência como um todo, estava impecável — assim como sempre foi. Zhanghao podia jurar errar umas batidas no coração ao observar o garoto naquele estado: tão único e tão perfeito; ele transparecia um ar sério, mas cativante ao mesmo tempo, além de extremamente encantador e bonito; contudo, Zhanghao apenas afirmou ser por conta de seu nervosismo, ainda pensando em como contar ao garoto toda sua situação.

— Ahm, Hanbin? — chamou Zhanghao cautelosamente, observando o garoto mais de perto, sem mexer um músculo ou esboçar uma reação sequer — Hanbin? — em um tom levemente mais alto, o mais velho chama seu novamente, finalmente tomando a atenção do menor sobre si.

Ao passo que seus olhos se encontram, Zhanghao pôde notar as orbes acastanhadas do mais novo brilharem sobre o reflexo lateral que o sol projetava, fazendo seu olhar se tornar ainda mais penetrante e encantador.

— Oi, Zhanghao! — tirando-o do transe, Hanbin o cumprimenta com seu sorriso meigo e simpático, rapidamente retirando os fones de seus ouvidos — o que faz aqui?

— Bem, eu vim pedir ajuda sobre... aquela coisa, sabe? — ainda sem jeito, Zhanghao tenta se explicar, encarando seus pés.

— Ah, sim — assente — então, com o que você precisa de ajuda?

— Então, ahm... como eu posso dizer, eu meio que... é tipo-

— Ele é telepático e precisa de sua ajuda pra conseguir parar de ouvir os pensamentos dos outros — respondeu Ricky, que antes nem havia sido notado por Hanbin, deixando os outros dois garotos totalmente perplexos com a repentina notícia jogada de uma só vez,

— COMO O É QUE É?

Certamente, coragem não é o ponto forte de Zhanghao.