— Certo, teremos outras chances de conversar, querida. Espero que goste da comida, foi um prazer. — Ela segurou minhas duas mãos e as beijou.
— O prazer foi meu, Ginevra. Acredito que saiba o meu nome. — Sorri, ainda surpresa com seu modo de agir. Ela balançou a cabeça e se retirou, dando um tapinha no braço do Lorenzo como quem o parabeniza.
Lorenzo passou por mim e puxou uma das cadeiras da mesa, gesticulando para que eu me sentasse.
— Eu sei puxar uma cadeira, Lorenzo, não preciso do seu cavalheirismo. — Reclamei, me sentando na cadeira que ele puxou. Lorenzo fez o mesmo e começou a se servir, ignorando minha recusa.
— O que você tinha para me contar? — perguntou, colocando vinho em nossas taças.
— Bom, hoje pela manhã o corpo de um dos homens do meu irmão foi deixado em frente ao nosso portão, com um bilhete pregado na barriga. — Lorenzo parou de servir a taça e me encarou. — Foi o Tony, e o mesmo já fez parte da minha guarda pessoal quando eu tinha dezesseis anos, ele também era um dos melhores homens do meu irmão.
— E o que dizia o bilhete? — inquiriu Lorenzo, a voz assumindo um tom sério.
— Se você não ficar comigo, ninguém mais irá.
— Acredito que não tenha sido para o Andrea. — Lorenzo deu um gole no vinho, tentando parecer apático.
— Bom, não foi. — Fiz o mesmo, sopesando.
— E o Tony foi um amante seu, depois que fui embora. — Ele afirmou, mais para si mesmo. — O que me leva a crer que quem quer que seja o assassino, também foi e está inconformado com a sua escolha de marido, não? Foi ele que tentou atirar em minha cabeça no dia do noivado. — Ele segurou os talheres com os punhos fechados, os nós dos dedos embranquecendo.
— Observador, eu diria. — Engoli o seco, tentando disfarçar o sarcasmo. — Bom, acredito que seja um assunto pelo qual devemos nos preocupar e descobrir quem foi rapidamente, já que o seu pescoço e o meu estão em risco, tenho certeza que ele não me deu um tiro acidentalmente.
— Sim. — Ele desviou o olhar, voltando sua atenção para o prato e enrolando o macarrão no garfo. — Você tem uma ideia de quem seja?
— Não. — Lorenzo soltou o garfo antes de levá-lo à boca.
— Foram tantos assim? — sua voz não passou de um sussurro frio.
— Tenho certeza que menos do que você, já que faz aquelas suas orgias no barco. — Pigarreei. — Não que isso seja da minha conta, ou minha vida, da sua conta. — Abri um sorriso falso e mordisquei um pedaço de almôndega. Lorenzo me encarou com uma raiva aparente.
— Claro. Pense, e a informação que você me der pode ajudar. Vou começar a investigar. — Ele colocou o garfo na boca, mastigou e deu uma risada nasal. — Não estou julgando você Kiara, deve ficar com quem quiser. Mas é engraçado pensar que… — ele balançou a cabeça. — Nada.
— O lugar do passado, Lorenzo, é no passado. — Resolvi dizer, olhando-o nos olhos. — Ou faz isso, ou nossa relação dentro dessa casa não será desejada. Acredite, a única maneira de continuarmos sendo amigos, é fazendo isso. — Tentei soar fria, o mais seca que podia se tratando dele.
Lorenzo me encarou pelo que pareceu ser uma eternidade, balançou a cabeça e voltou a atenção para o prato.
— Claro.
Passamos o resto do almoço em silêncio.
{...}
Já eram passadas às 21:00h quando Lorenzo bateu na porta do meu quarto. Pausei a música dos fones de ouvido e coloquei no pescoço.
— Pode entrar. — Lorenzo abriu a porta e vi que estava vestindo apenas um short de treino. O ouvi sair do escritório por volta das 18:00h, então deve ter ido treinar. — Descobriu alguma coisa?
Ele balançou a cabeça negativamente e passou a toalha que estava no ombro no rosto, os músculos do estômago flexionando.
— Descartei os que não estavam na Itália, ou os que estavam em lugares públicos. — Ele suspirou. — Estou tentando acesso a vida dos demais. Você já comeu? — indagou ele.
— Estou sem fome. — Me sentei na cama e fiz um coque no cabelo, fazendo a pequena blusa de pijama expor minha barriga. Os olhos do Lorenzo passearam por ela.
— Tenho uma coisa para você. — Ele chamou minha atenção. — Quero que nossa relação seja agradável aqui, então encare-o como meu convite de paz. — Lorenzo cruzou os braços e meus olhos me traíram quando encararam seu peitoral.
— Um presente? — levantei quando ele gesticulou para que eu o seguisse, tentando não encarar aquela pele café com leite que tanto me atraia. Lorenzo deu os ombros e apertei os passos para ficar ao seu lado.
Ele entrou no escritório e pisquei para adaptar minha visão a tantas telas. Depois o mesmo se sentou na cadeira, mexeu em algumas coisas e apontou para o sistema em que a tela estava.
— Hackeei o sistema da polícia. — Contou ele. Arregalei levemente os olhos. Ele fechou o programa e abriu os arquivos. — E dividi em pastas os casos de estupro, agressão física ou psicologica, de acordo com o grau de gravidade, e todas as informações sobre os agressores. Para que você… continue com o seu hobbie de justiceira. — Ele me encarou por cima do ombro.
— Ahn… eu… obrigada, eu acho. — Me aproximei, com os braços cruzados em cima dos seios. — Você ainda sabe me surpreender. — Lorenzo escondeu um sorriso.
— Então, sempre que precisar, só precisa vir imprimir um arquivo ou enviar para o seu celular. Alguma dúvida? — ele indagou, virando-se para me encarar, com as mãos cruzadas em cima das pernas.
— Nenhuma. — O sorriso ameaçava se abrir em meus lábios. — Obrigada, Lorenzo. Talvez possamos voltar a ser amigos, afinal. — Nunca mais do que isso.
Não de novo.
{...}
Descobri que Lorenzo tinha uma grande sala de treino a prova de som, que usava quando não queria ir até o centro de treinamento. Quando percebi que dormir naquela noite era uma tarefa impossível, peguei um dos arcos do meu novo arsenal, uma aljava de flechas e sai do quarto.
Passei duas horas atirando em bonecos de madeira, sentia meus dedos arder, queimar devido ao esforço contínuo, mas sempre que pensava em voltar para o quarto e fechar os olhos, lembranças de um passado que prefiro esquecer queimavam minha mente.
Arranquei as flechas do alvo, voltei para minha posição e disparei tudo novamente.
Estão ansiosas para o pov do Lorenzo?
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Paixão Mortal
RomanceSeria irônico que uma pessoa que odeia casamentos e sempre deixou claro que nunca, em hipótese alguma, se casaria com ninguém, fosse obrigada a se casar? Kiara sempre teve aversão a relacionamentos - a relação de seus pais a convenceram de que essa...
|| CAPÍTULO TREZE ||
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