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Iruka acordou algumas horas mais tarde sentindo como se tivesse corrido por horas em um deserto, ou uma mata e tivesse seu sangue drenado. A última parte não era uma mentira, mas não se arrependia, se fosse necessário, faria tudo de novo. Tentou se levantar, mas seu corpo não tinha força, apesar da sensação de euforia e leveza que corria em suas veias. Era uma contradição, uma gostosa contradição.

— Melhor não tentar se levantar, a menos que queira descobrir se o chão é tão duro quanto parece — a voz de Kakashi ecoou no quarto, fazendo um sorriso surgir no rosto do Umino.

— Por que me sinto tão leve e tão cansado ao mesmo tempo? Me sinto bem mentalmente, mas fisicamente...

— É por minha causa, pelo fato de ter te mordido. Você se sente bem, mas sem forças para fugir. Se fosse a minha presa, bem, não conseguiria fugir, nem se quisesse — afirmou o upir com firmeza, querendo que o médico entendesse o que havia acontecido. Kakashi o amava, mas sua natureza sobrenatural não poderia ser negada ou ignorada. Ele ainda era um monstro, que Iruka aceitasse ou não.

— Que bom que não sou sua presa, então... Só para saber, não fugiria, nem se pudesse. Eu te amo.

— Iruka Umino, você será a minha destruição. E não impedirei. Eu também te amo — declarou o vampiro, antes de beijar o médico mais uma vez.

Em seguida, o ajudou a se sentar na cama e colocou ao seu lado uma bandeja com alguns pães e frutas e um pouco de chá. Após a pequena refeição, Kakashi preparou um banho para o jovem e o acompanhou, depois de muita insistência de Iruka, que não queria ficar longe do prateado por muito tempo.

— Gai veio atrás de você, queria saber se ainda estava vivo. — o upir comentou como quem não quer nada, ambos sentados no sofá, aconchegados um no outro.

— Ele veio até aqui? — a pergunta saiu mais alarmada que o esperado.

— Não. Ele foi apenas até a Floresta e me chamou. Falei com ele, pois não iria embora sem uma explicação. Permiti que viesse aqui amanhã, quando você estivesse melhor.

— Obrigado, por falar com Gai. Ele se preocupa e...

— Ele gosta de você. Eu... eu vi vocês, juntos, na casa dele e o que aconteceu. A parte lógica da minha mente — Kakashi não iria citar Obito naquele momento, quem sabe mais para frente — Insisti que ele é a pessoa certa para ficar ao seu lado. Mas... eu já quebro a lógica apenas por existir. O que quero dizer, estarei ao seu lado enquanto me permitir. Não irei a lugar algum.

"Tolo... tolo apaixonado... Sabe que é um erro... Eu também cometi esse mesmo erro... Não aprendeu nada?", ouviu Obito reclamar.

— Entre ser esperto, inteligente e poderoso, preferi ser um tolo apaixonado — declarou Kakashi, tanto para Iruka, quanto para o outro upir.

— És um romântico, Kakashi Hatake. Somos dois tolos apaixonados.

— Iruka, Iruka... olhe para mim — pediu o vampiro, sabendo o poder que aquelas três palavras tinham sobre o médico.

Assim que aquele par de olhos castanhos o olharam com intensidade, como se pudesse o ver por trás das iris avermelhadas, por trás da criatura temida por todos. Não duvida que conseguia. Aqueles olhos seriam a sua ruína. Kakashi levou a mão até o pescoço do Umino, roçando os dedos nas marcas que fez, sentindo a pele arrepiar e deixando um beijo em seguida.

— Kakashi — ouvir seu nome dito de forma tão necessitada e exigente, fazia seu coração querer voltar a vida.

Sem esperar mais, juntou as bocas num beijo afobado, desesperado, como se aquela fosse a última vez, ou a primeira, que se beijavam. Mãos serpenteavam o corpo em busca de mais contato, corpos se uniam como se quisessem se tornar um.

1732 - O Ano do VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora