— Bom… - deixa no ar movimentando os ombros com deboche como se dissesse "eu avisei".
Encaro o papel mais alguns segundos e imagino então como será minha vida a partir de agora. Muitas coisas podem mudar diante disso.
— Quanto anos ela tem? - pergunto.
— Ela faz dois anos daqui a exato um mês.
Caramba.
— Onde ela está agora? - pergunto.
— Na casa da minha mãe. Ela fica lá com frequência quando preciso resolver umas coisas aqui em New Orleans. Mas você sabe, eu me mudei há meses para o Texas.
— E o que isso significa? - franzo o cenho. - Você vem aqui e cospe na minha cara a presença de uma filha de dois anos que vai morar a centenas de quilômetros de distância de mim?
— Você quer que eu mude o direcionamento da minha vida toda por você? - debocha prendendo com rapidez seu cabelo ruivo claro em um rabo de cavalo. - Dê um jeito de visitar sua filha e arque com as consequências.
Olho-a abismado e nego sorrateiramente. Texas fica a centenas de quilômetros daqui, além de que eu sequer sabia meu futuro no exército ainda.
— Nós não podemos mudar nossa rotina por você. Louise tem uma vida, eu tenho uma vida, temos toda uma história no Texas.
— Eu quero ser presente na vida dela, April! Você sabe que meu sonho sempre foi ser pai. - esbravejo.
— E o que te impede disso?
— Eu tenho um trabalho e…
— Mude-se para o Texas.
Sua sugestão me faz arregalar os olhos. Nunca foi uma opção mudar para lá.
— Não, não. Fora de cogitação - nego imediatamente. Mudando para o Texas, até a logística da minha direção no exército mudaria. E isso não significaria uma coisa boa.
— Bom, há uma opção.
April me vê perdido balançando a perna freneticamente embaixo da mesa e se debruça sobre o móvel.
— Registre Louise e a declare como sua dependente.
Franzo a testa ainda tentando entender onde ela quer chegar e bufo baixo percebendo exatamente sua linha de raciocínio.
April sabe que soldados do exército possuem regalias e ajudas do governo, dentre elas há um auxílio moradia.
— Registrar Louise não é bem a questão aqui. - esclareço. - Se está tão por dentro assim do que me é oferecido, você sabe que para registrá-la como minha dependente eu preciso passar mais seis meses exercendo a profissão.
— Sim, eu sei. - ela assente.
Na verdade, mesmo sem ter de fato uma pessoa como minha dependente, eu ainda recebo o auxílio e mensalmente entrego a minha mãe, que enfrenta uma luta na justiça para retomar a aposentadoria deixada pelo meu pai quando faleceu a alguns anos atrás.
— Eu sei que você dá uma quantia a Pattie. - ela esclarece e eu analiso seu rosto convencido. - Mas você tem direito a uma outra ajuda que interessa nossa filha. Ou melhor, que ajudaria e muito Louise.
— Que seria…?
— Assistência médica e hospitalar.
— Onde exatamente você quer chegar, April?
Ela se ajeita na cadeira e explica com mansidão.
— Louise foi diagnosticada com Diabetes Infantil desde o sexto mês de vida. Financeiramente falando, fica inviável me mudar para cá e manter o tratamento médico dela ao mesmo tempo. O plano médico não cobre um por cento do que nós gastamos mensalmente - explica. - Você sabe, nossa casa no Texas é a minha herança. Em New Orleans nós teríamos ainda mais uma despesa.
Coço a cabeça já sabendo o problema que isso vai gerar.
— Você concedendo assistência médica para Louise, me dá passe livre para investir o meu dinheiro morando aqui, perto de você.
— Morando perto de mim? - debocho. - Eu vou estar na puta que pariu.
Não é como se fosse coisa de outro mundo voltar para o Iraque ou onde quer que me coloquem, na verdade, esse seria o meu destino de fato até então. Mas agora há muitas coisas envolvidas.
— Eu só precisaria disso, Justin. Eu mal estou conseguindo arcar com as despesas médicas dela. Você sabe o quão miserável é o sistema de saúde daqui. - suplica. - Nós ficaríamos próximas de Pattie e…
— Caralho, April. Que porra. - xingo com as mãos na cabeça e os cotovelos apoiados na mesa.
— Ou você pode nos dar o auxílio que destina a…
— Você está sugerindo que eu escolha entre minha mãe e minha filha? - indago abismado.
— Eu estou te dando opções. - ela diz por fim levantando da mesa. - Faça sua escolha e então me procure quando decidir.
— April, você não pode…
— Louise e eu podemos permanecer no Texas se você quiser. - diz de imediato.
Balanço a cabeça massageando minhas têmporas e permaneço calado por alguns segundos. A ruiva sai do meu apartamento após afirmar que esperaria uma resposta minha e eu permaneço onde estou. Imóvel, sentado na cadeira da mesa de jantar e completamente perdido sobre a situação.
São muitas informações para absorver, muitas coisas para pensar e uma decisão para tomar.
Eu preciso lidar com o fato de que agora tenho uma filha, filha essa que precisa de cuidados médicos e de um pai presente, como também tenho uma mãe que precisa de mim e da ajuda que sempre forneci.
E eu não faço ideia de como tomar uma decisão sobre isso.
X
Pov curtinho do Justin só pra vocês terem uma noção do que ele pensa sobre Brooke e sobre o novo problema com April. O que acharaamm?
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Battle Scars
FanfictionApaixonar-se por sua melhor amiga nunca foi uma opção para ele, afinal, quem escolheria sofrer por alguém que não sente na mesma intensidade que você? Justin viveu essa realidade durante muito tempo, até que um legado dos Bieber's apareceu para tent...
capítulo catorze.
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