- Perdoe-me o incômodo, Moy Soverenyi. - ele diz se curvando um pouco e eu atiro um travesseiro nele. Ele desvia com sucesso, rindo. - Quase perde o seu café! - ele diz e me mostra que estava carregando a bandeja com meu café da manhã. Eu sorrio e me sento na cama, cruzando as pernas, fazendo uma borboleta.
- Bolo de banana com chantily! - Digo animada e bato palmas. Era raro ter esse tipo de café aqui no Pequeno Palácio. O rei é obcecado pela vida de camponês e até imita as refeições! O que é ridículo, já que comemos em pratos de porcelana com ouro.
- Eu passei na cozinha e fiz um pedido especial. Uma cozinheira amiga colocou a comida que vai para o Grande Palácio. De nada. - Fedyor diz se sentando ao meu lado. Eu finjo choro e seco minhas lágrimas invisíveis, como se estivesse emocionada.

- Assim eu fico emocionada. Quase me faz querer casar com você. - Digo
- Oh, não. Eu não sei se seria bom o suficiente para a sua pessoa, Moy Soverenyi. - Fedyor diz e caímos na risada. Pego um dos bolinhos e como enquanto o Fedyor me observa.
- Como sabia que eu queria meu café aqui? - pergunto curiosa, limpando o canto da boca.
- Não sabia. Vi uma serva preparando sua comida e perguntei para quem era. Ela disse que era para você, aí imaginei que você quisesse comer aqui. - ele disse mechendo nos livros e folheando eles. - Está tudo bem? - Ele pergunta. - Você só come no quarto quando está cheia de trabalhos, estudando ou chateada com algo. - Ele diz. Garoto esperto. Sabe mais sobre mim do que eu mesma.
- Mais ou menos...- Digo pensativa - Fedyor - chamo me ajeitando na cama. Ele sinaliza com a cabeça, esperando eu continuar - O Darkling tem estado estranho ultimamente? - ele pensa por um momento.
- Não que eu conviva muito com ele, mas ele parece mais estressado do que o normal. Talvez pelos problemas que vieram com a chegada da conjuradora. - Ele diz e eu concordo com a cabeça, enquanto como outro bolinho. - Se bem que os oprichniki estão mais agitados do que o normal. - ele diz.

Os oprichnik são a guarda pessoal do Darkling e de mim. Eles não são grishas, mas são temidos tanto quanto eles. Eu sempre tive minhas dúvidas da lealdade deles a mim, em relação ao Darkling e agora mais do que nunca. Quando os oprichnik ficam agitados, podem ter certeza, algo grande está acontecendo. Bem, nem todos percebem isso, mas como uma pessoa muito envolvida com eles, sei bem como funciona.

- Mas porque perguntou sobre ele?
- Ele... - começo, tentando escolher as palavras - Ele tem andando estranho e distante ultimamente. Apenas estou preocupada.  - Digo e ele concorda. Por mais que confiasse nele, não queria contar isso. Não quero dividir meus problemas com ninguém. Cada um é responsável pela sua vida e não faz sentido eu falar isso. Até porque eles são próximos. Odiaria botar um contra o outro.
- Fedyor, acha que eu sou boa o suficiente para estar no comando? - Pergunto. Ele me encara como se eu tivesse três cabeças.
- Que tipo de pergunta é essa? - Fico travada, pensando que ele poderia suspeitar. - É claro que sim! A Zoia nunca te afetou, não pode deixar isso acontecer agora! - suspiro e relaxo. - Foi ela que disse, não foi? - minto, concordando com a cabeça. - Não de ouvidos. Você é a pessoa mais capaz que eu conheço. Determinada, gentil e se coloca sempre em segundo lugar, deixando o povo em primeiro. Você merece estar nessa posição tanto quando o Darkling - Ele diz e eu sorrio. - Se bem que você daria uma ótima rainha. Viu? Pode dizer isso para o rei! Talvez ele te deixe casar com o Nikolai! - Ele diz e eu jogo outro travesseiro nele, mas dessa vez ele não consegue desviar. Como ele estava sentado na ponta da cama, quase cai, mas ele se equilíbra e me encara. Rimos juntos.

[...]

Saio do quarto pelos fundos. É a primeira vez que faço isso no dia. Por mais que eu ame ler sobre os verbos em Shu (mentira, eu só faço por ser obrigação), precisava visitar Baghra. Odiava ficar sem ver ela. Talvez eu tenha me apegado ao seu jeito. E talvez, só talvez, eu tenha ela como minha verdadeira mãe, já que foi ela que me ensinou e cuidou de mim por muito tempo.

𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝒂𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒍𝒂𝒅𝒐 - 𝑺𝒐𝒎𝒃𝒓𝒂 𝒆 𝑶𝒔𝒔𝒐𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora