-Você ja foi ao calçadão?- Perguntou ele em um mobimento são súbito que me assustou, o livro já não estava em suas mãos e repousava na mesa de centro. 

Arqueio as sobrancelha e nego com a cabeça, Conrad se levanta, pega as chaves do carro, um casaco e se encaminha para a porta.

-Eu me recuso a ficar trancado em casa com você melancolica desse jeito- Riu o mais alto abrindo a porta e a segurando, porém eu não me mexi

-Como é? - pergunto incrédula pela escolha de palavras do garoto

-Anda, levanta dai senão eu vou sozinho.

Conrad estava tentando ser intimidador?   Solto uma gargalha alta me levantando e pego minha bolsa ao lado do menino, reviro os olhos ao passar por ele e paro na sua frente por alguns segundos

-Você precisa melhorar esse negógico de ameaças- digo entre risos, tentando manter o rosto sério

-Mas deu certo!- Ele diz rindo junto enquanto se encaminha para o carro.

entramos no carro de Conrad e coloco meu cinto, ele era muito responsável mas nunca se sabe. Ligo o rádio do carro e conecto o bluetooth, estava sendo um pouco abusada então achei melhor pedir permissão pro dono

- Posso? Botar meu telefone?- peço fazendo cara de cachorro pidão

-Pode! Mas ó se voce colocar aquela música- diz o moreno em um tom autoritário , o olho confusa esperando uma explicação e faço um bico de desentendida.- Aquela do dia da fogueira, eu gostei. 

Som um "ah" alto e rio colocando AllStar Azul de Nando Reis para tocar novamente, encosto a cabeça no banco observando pela janela enquanto nos afastávamos da casa. Passo quase que o caminho inteiro explicando a tradução para Conrad, que prestou tanta atenção que podia jurar ter o ouvido tentando cantar a música baixinho, como se estivesse atribuindo significados as palavras em português.

Pouco tempo depois, assim que a última nota da música tocou, Corad estacionou o carro num pier, um enrome parque de diversões se encontrava na ponta do mesmo, como eu nunca soube que isso existia?  Sorrio animada dando pulinhos no lugar, eu sempre amei parques de diversões. Seguro minha bolsa com força e saio correndo entre os carros parados até a entrada do parque, sabia que Conrad estava me seguinto porque podia ouvir sua risada bem baixo, como um sussuro trazido pelo vento.

-Aonde vamos primeiro? - pergunto com um olhar tão animado quanto o da criança de sete anos que havia passado por nós.

- Acho que podemos começar com arcades e depois  ir pros brinquedos grandes- Disse ele dando de ombros, eu não conhecia nada aqui então confiar nele era a única opção plausível. 

Entramos na parte coberta e o abraço gelado do ar condicionado resfriou meu corpo tão confortavelmente que poderia fiar ali para sempre, até que uma placa de "laser tag" chamou minha atenção, olho para Conrad com expectativa que balança a cabeça em concordância. 

-Melhor de três?- pergunto enquanto vestia o traje de luzes azuis, Conrad era o time vermelho. 

Seguro minha arma de laser como uma pistola verdadeira e assobro sua ponta como um personagem dos filmes de velho oeste. Conrad riu, mas não do jeito que riu ontem anoite, do jeito que riu quando chegamos a Cousin, ele parecia feliz de verdade. 

-Melhor de três, tampinha.- O moreno falou ja correndo para dentro da sala escura e cheia de obstáculos.- Mas saia, que eu não pego leve.

Reviro os olhos e me escondo atrás de uma barricada assim que Welcome to the Jungle do Guns&Roses começa a tocar, inciando o combate. A primeira rodada foi rápida, consegui acertar Conrad pelas costas, a segunda já nem tanto  ele fingiu que o tempo tinha acabado pra me fazer sair do esconderijo e tomei tres tiros de laser no peito. Conrad jogava sujo, e se era isso que ele queria, então eu daria uma competidora a altura. 

A música começou a tocar novamente avisando sobre o inicio da última rodada, fiquei em silêncio, correndo abaixada para não levantar suspeitas. Já estava quase perdendo as esperanças quando  conseguir ver um relfexo de lux vermelha em uma parede. Conrad. Sorrio vitoriosa e corro nas pontas dos pés até o local, conto até tres e no três, pulo de trás da meia parede de madeira apontando a pistola na direção da luz. 

Mas não tinha nada lá. 

Bufo iritada por ter caído em outro truque do Fisher e passo as mãos no rosto, me viro para ir embora mas tomo um susto vendo Conrad parado atrás de mim, permaneco imóvel, me rendendo. Não daria tempo de atirar nele assim, suspiro esperando o último tiro da derrota mas ele não o fez. Na verdade ele não fez nada, só ficou ali parado, a luz negra do ambiente refletia mal em seu rosto, tornando o branco de seus olhos muito brilhantes. 

Mais uma vez ele estava perto, perto o suficente para sentir o vento quente e cheiroso de seu hálito em meus rosto, dei um passo a frente tombando a cabeça para o lado, deiixando meus olhos novamente na dúvida cruel sobre seus olhos e seus lábios. Meu coração estava acelerado o suficiente para ser ouvido sem esforço, eu acho que Conrad o ouviu, porque ele também se aproximou. Aproximou muito. Não pensei em Cris, nem em Cameron, na verdade a única coisa que eu pensava era o quanto o desejava novamente. 

Conrad levantou um das mão e a posiconou na lateral de meu rosto, seu polegar passeava por minha bochecha fazendo meu corpo inteiro se arrepiar, engoli em seco fechando os olhos implorando silenciosamente para ser beijada. Mas tudo que recebi foi o barulho de meu colete anunciando o tiro. O garoto havia se aproveitado do momento para sorrateiramente atirar com a mão livre.  Bufo com raiva o ouvindo gargalhar de felicidade, me afasto do mesmo suspírando alto tentando entender o que quase aconteceu. Porque ele tentou essa estratégia? Oque garantia que eu cairia no papo dele?

Caminho para fora da sala escura tirando o colete e entrego pro responsável.

-Você roubou- Resmungo cruzando os braços.

-Não roubei nada, você que estava doida pra me beijar.- Riu ele convencido dando de ombros- nem viu da onde veio o tiro.

Emburro instantaneamente e desvio o olhar do garoto, estava tão envergonhada de ter cedido tão estúpidamente. Ele mexia comigo e sabia disso. 

-Ei, não fica assim.. você é muito competitiva- continuou o moreno me puxando pelos ombros. - Que tal se eu te ganhar um bichinho, você me perdoa?

Concordo com a cabeça o seguinto ate o acerte o alvo. Conrad comprou algumas fichas e eu fiquei o observando  de lado para segundo ele " não ficar o azarando". Sinto minha garganta secar e aviso que vou comprar uma limonada, me afasto o deixando sozinho, olho para trás por cima do ombro e sorrio ao vê-lo tão focado em acerter uma latinha com uma bola de tênis. 

Peço um copo médio de limonada e pego pelo mesmo, me viro para voltar para a barraquinha onde estava mas não conseguia encontra Conrad em lugar nenhum, rodo a cabeça o procurando e finalmente reconheço a silhueta do mais alto de costas para mim. Corro até o mesmo e toco em seu ombro para faze-lo se virar. Assim que ele se vira, o sorriso de seu rosto murcha. Franzi as sobrancelhas confusa, mas uma voz familiar explicou tudo. 

- Oi Gabriela- Cris disse acenando com a mão.

Endgame and shitOnde histórias criam vida. Descubra agora