•Desgnomização

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— Parece a minha mãe - James riu

Deu meia-volta e entrou em casa, e Harry, depois de lançar um olhar nervoso a Rony, que acenou com a cabeça animando-o, acompanhou-a. A cozinha era pequena e um tanto apertada. Havia ao centro uma mesa de madeira muito escovada e cadeiras, e Harry se sentou na beirada de uma, espiando à sua volta. Nunca estivera numa casa de bruxos antes. O relógio na parede em frente só tinha um ponteiro e nenhum número. Havia escritas em torno do mostrador coisas assim, Hora de fazer chá, Hora de dar comida às galinhas e Você está atrasado. Havia livros arrumados em fileiras triplas sobre o console da lareira, livros com títulos do gênero Enfeitice o seu próprio queijo, Feitiço no forno e Festas de um minuto –um Encantamento! E, a não ser que os ouvidos de Harry o enganassem, o velho rádio ao lado da pia acabara de anunciar que o próximo programa era “Hora de Encantos, com a popular cantora bruxa, Celestina Warbeck”. A Sra. Weasley batia pratos e panelas, preparando o café da manhã um pouco a esmo, lançando olhares feios aos filhos, enquanto atirava salsichas na frigideira. De vez em quando resmungava coisas como “não sei o que estavam pensando”e “eu nunca teria acreditado”.

— A nossa casa não mudou nadinha - Arthur sorriu pra esposa

–Não estou culpando você, querido –ela tranquilizou Harry, servindo oito ou nove salsichas no prato dele. –Arthur e eu estivemos preocupados com você, também. Ainda na outra noite estávamos falando que iríamos buscá-lo pessoalmente se você não escrevesse a Rony até sexta-feira. Mas francamente –(ela agora acrescentava três ovos fritos às salsichas) –atravessar metade do país em um carro ilegal, vocês podiam ter sido vistos... Ela acenou a varinha displicentemente em direção dos pratos na pia, que começaram a se lavar, entrechocando-se de leve ao fundo.
–Estava nublado, mamãe! –exclamou Fred. –Você fique de boca fechada enquanto come! –ralhou a Sra. Weasley.
–Estavam matando ele de fome, mamãe! –disse Jorge.
–E você! –disse a Sra. Weasley, mas foi com uma expressão ligeiramente mais branda que ela começou a cortar e passar manteiga no pão para Harry. Naquele momento surgiu uma distração sob a forma de uma figura pequena, de cabelos vermelhos, que vestia uma longa camisola, e apareceu na cozinha, deu um gritinho e saiu correndo outra vez.
–Gina –disse Rony baixinho para Harry. –Minha irmã. Andou falando em você o verão inteiro.
–É, ela vai querer o seu autógrafo, Harry –disse Fred com um sorriso, mas viu que a mãe o olhava e baixou o rosto para o prato, calando-se.

— Até quando eu vou passar essas vergonhas - Ginny tapou o rosto

— Será que eu também vou amar só um cara na vida toda? - Lilu perguntou

— Que pergunta é essa? - Harry perguntou

— É só isso que ela pensa, em garotos - Alvo disse bravo

— Alvo!! - ela empurrou o irmão

— Vou cortar as asas dela Jajá - JaySix disse

— Ninguém vai cortar as asas de ninguém! - Ginny falou - Meu amor, a mamãe sempre amou o seu pai mas ele não foi o único cara que eu fui apaixonada então você tem que seguir seu coração

— Vamos voltar ao livro - Harry disse

— Tadinha da minha futura neta, tá feita com esses irmãos e pais - Lily disse

— E em breve chega os avós e tios - James falou

Nada mais foi dito até os quatro pratos ficarem limpos, o que levou um tempo surpreendentemente breve.
–Putz, estou cansado –bocejou Fred, pousando finalmente a faca e o garfo. –Acho que vou me deitar e... –
Não vai, não –retrucou a Sra. Weasley. –A culpa foi sua se ficou a noite toda acordado. Você vai desgnomizar o jardim para mim; eles estão ficando completamente rebeldes outra vez.
–Ah, mamãe...
–E vocês dois –disse ela, olhando feio para Rony e Fred. –Você pode ir se deitar, querido –acrescentou dirigindo-se a Harry. –Você não pediu a eles para voarem naquele carro infernal.

— As visitas sempre dão sorte - Regulos disse

Mas Harry, que se sentia completamente acordado, disse depressa:
–Vou ajudar o Rony. Nunca vi fazer uma desgnomização...
–É muito gentil de sua parte, querido, mas é trabalho monótono –disse a Sra. Weasley. –Agora vamos ver o que Lockhart tem a dizer sobre o assunto. Ela puxou um livro pesado de cima do console. Jorge gemeu.

— Lockhart? - Frank perguntou - Gilderoy Lockhart?

— O Próprio - Neville respondeu

–Mamãe, nós sabemos como desgnomizar um jardim.
Harry espiou a capa do livro da Sra. Weasley. Escritas na capa em arabescos dourados havia as palavras Guia de pragas domésticas de Gilderoy Lockhart. Havia na capa uma grande foto de um bruxo bonitão de cabelos louros ondulados e olhos azuis muito vivos. Como sempre no mundo dos bruxos, a foto se mexia; o bruxo, que Harry supunha que fosse o tal Gilderoy Lockhart, não parava de piscar, muito animado, para todos.
–Ah, ele é um assombro –disse a mãe. –Conhece bem as pragas domésticas. É um livro maravilhoso...

— Ele é um idiota - Remus disse

–Mamãe tem um xodó por ele –disse Fred num sussurro muito audível.
–Não seja ridículo Fred –retorquiu a Sra. Weasley, o rosto muito corado. –Está bem, se vocês acham que sabem mais do que Lockhart, podem ir fazer o trabalho, mas tenho pena de vocês se tiver sobrado um único gnomo naquele jardim quando eu sair para inspecioná-lo.
Aos bocejos e resmungos, os Weasley saíram se arrastando, com Harry em sua cola. O jardim era grande e, aos olhos de Harry, exatamente como um jardim devia ser. Os Dursley não teriam gostado –havia muito mato e a grama precisava ser aparada –, mas havia árvores nodosas a toda volta dos muros, plantas que Harry nunca vira saindo de cada canteiro e um grande tanque de águas verdosas cheio de sapos.
–Os trouxas também têm gnomos de jardim, sabe –Harry contou a Rony quando cruzavam o gramado.
–Sei, já vi aquelas coisas que eles acham que são gnomos –disse Rony, com o corpo dobrado e a cabeça enfiada num pé de peônias –, como papais noéis baixinhos e gordinhos segurando varas de pescar... Ouviram um ruído de alguém se debatendo violentamente, o pé de peônia estremeceu e Rony se levantou.

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora