— Então dá teu jeito, rastreia aonde o sinal chega – o pequeníssimo tubo é jogado em direção a Parkon, que o pega no ar — Um rastreador de cachorro? De onde pegou isso o Jhon Wik – parkon ri da própria piada, mas logo sente o estômago estremecer com o tom e a resposta do amigo — Colocaram essa merda no garoto – ele não se preocupa com um possível rastreio, já que o apartamento é coberto por bloqueadores de transmissão, até celulares tinham um péssimo funcionamento ali dentro, sua maior preocupação era o porquê do menor estar cercado tantos mistérios e perigos. O jovem parecia tão doce e ingênuo, o que uma criança assim poderia ter feito pra gerar tanto ódio em retorno — Saint, qual o estado geral dele? – os braços são cruzados sobre o peito, quando o médico toma a palavras — De uma perspectiva geral, está bem. Tirando os hematomas e a covardia que fizeram em sua lingua, ele está bem, sem sinais de abuso sexual, uma falta de vitaminas controlável por medicações e desidratação também, provavelmente pelo tempo em que passou fugindo. O prognóstico é bom, mas ele precisa de repouso, os antibióticos e soro tem que ser administrativo via venosa, dado a delicadeza de sua situação — o médico parecia tranquilo, o que acalmava um pouco o nervosismo de Mew — Bom… isso é bom. Mas não vamos perder tempo, preciso descobri o que diabos eles querem com o garoto – a postura de Suppasit deixava claro que ele já havia entrado em modo de combate — E por que não perguntamos ao garoto? Mesmo que não fale, ele deve de poder escrever não ? – por algum motivo a forma como Apo falou causou um encômodo em algum lugar em Suppasit, não era como se o amigo tivesse sido estupido ou invasivo, mas exigir algo do garoto tão debilitado, irritava um pouco Suppasit, ainda sim, não era como se ele tivesse muitas opções. 

Concordando com o amigo, todos se direcionaram ao quarto, onde já haviam ouvido alguns ruindos, que pareciam indicar que o garoto estava acordado. E tal qual imaginaram, ao entrar no espaço semi iluminado, Mew só teve tempo de correr, e alcançar o corpo de Gulf, que já ia de encontro ao chão -— Eii você não pode levantar assim. Precisa descansar – apoiando-se nos ombros largos do mais velho, Gulf pede desculpas com os olhos — Nao estou brigando com você, apenas me preocupo com sua saúde – os lábios do garoto se retorcem como se pedissem desculpas novamente — Ele lê mentes ? Ele não era tão bom assim em comunicação muda quando estávamos em missã-aiiii – o tapa recebido de Saint, deixou uma pequena marca vermelha no braço de Parkon, que agora voltava sua atenção ao amigo e ao garoto, ainda conversando de forma visualmente unilateral agora sentados a cama, onde o menor quase some, usando corpo alto de Suppasit como esconderijo — Tudo bem, não precisa ficar com medo. Estes são meus amigos, Tul e Apo, eles estão aqui pra te ajudar, seja lá qual for o problema, te prometo que estaremos aqui pra você… Então, será que você pode me contar um pouco do que esta acontecendo? – os olhos do garto se espixam, agora observando melhor os dois outros agentes parados mais ao fundo do quarto, Tul mantinha um olhar pequeno, como se analizasse o menor, já Apo, sorria largo lhe acenando com a mão agitada, era como se Gulf estivesse diante de um Labrador e um Doberman, e tal pensamento lhe fez rir, o que instantâneamete desencadeou um sorriso em Suppasit também. Mas logo o suspiro do garoto trouxe devolta a seriedade da situação. A mão larga, foi tomada pelos pequenos dedos, onde contra sua palma, começaram a fazer desenhos… ou melhor, escrever. 

Suppasit se focava em entender o que o garoto escrevia, analisando as informações antes de compartilhar com os amigos — " Sou o Gulf, me desculpa mas não sei muita coisa, acordei em um beco, perto da cafeteria onde nós encontramos, tudo que tinha quando acordei eram minhas roupas, sua foto e um recado escrito atrás ' Achei-o e confie nele ' e ' eu fiz " – a última parte Suppasit ocultou de proposito, já que os olhinhos de Gulf pareciam estar pedindo por uma recompensa. Mew sorri, acariciando a mão do garoto — Que diabos, isso não pode ser tudo, bora garoto, começa a pensar, de onde veio, pra que estão te perseguindo, tem que ter mais alguma coisa aí – as palavras de Parkon não tinham a intensão de serem ríspidas, o fato é que ele sabia que os cobras não eram do tipo que compram briga atoa, eram peixes grandes, se o garoto era alvo deles, algo sério estava por trás — Saint? – foi a voz de Mew, que trouxe o médico para conversa — Bem, devido a toda confusão, não pude pedir exames de imagem, mas claro que no estado em que ele chegou uma concusao não pode ser descartada – Saint suspira levemente irritado, sua maior frustração era nao conseguir examinar com precisão e perfeição um paciente. A chuva que caia lá fora, aos poucos se tornou mais intensa, e os clarões que começam a tomar conta do céu, adentram pela janela do quarto, trazendo uma aura ainda mais assustadora pra conversa que ali acontecia — Talvez se pudéssemos – o "cabum" do raio que ecoou no céu, fazendo as janelas tremerem, foi muito parecido com o de uma bomba, ou um tiro, fazendo assim todos os homens ali estremece — Droga isso foi – a frase ia ser uma brincadeira, algo pra dispersar clima tenso do ambiente, mas quando o som foi percebido por Mew e a umidade foi sentida por sua pele, a complexidade da situação ficou evidente ao médico. Gulf tremia de olhos arregalados e chorosos, as mãos agarravam com força a roupa de Mew, deixando os proprios dedos branco, a respiração acelerada não deixava duvidas ao profissional, que prontamente deu seu diagnóstico, tornando todas aquela situação ainda mais caótica e confusa — Mudança de planos, não podemos esperar por suas respostas… o garoto sofre de TEPT¹




¹Trastorno de estresse pós-traumático 


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⏰ Última atualização: Sep 20, 2023 ⏰

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