XVI- boca com boca

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Com o susto, o animal saiu correndo se sentindo em ameaça e sumiu pelo mato. O acriano suspirou em alívio, de novo.

Thiago foi avisado para continuar e sorriu. Graças a Deus que aquele cara tinha vindo o ajudar, como sairia dali com Eduardo se não fosse ele? Estaria devendo uma a ele, definitivamente.

Matteo desceu de uma árvore e indicou ao maior que começasse a correr, porque na frente não haviam animais, mas atrás sim, deveriam torcer para não estarem rastreando o seus cheiros.

~ ~ ~

Seus olhos se abriram, incomodados pela luz repentina na visão, e lentamente, as lembranças tomaram conta.

Olhou para seu pé enfaixado e o sentiu dormente, mas não doía como antes, apenas os arranhões nos braços e costas, mas nada que não aguentasse.

- Oxe.. -confuso, olhou para o lado e se surpreendeu ao ver sua irmã, sentada numa cadeira de braços cruzados enquanto dormia e babava, se segurou para não rir.

Cutucou Alana, que acordou no susto e suspirou aliviada quando viu ser Eduardo ali.

- Fela da puta! Como é que você some desse jeito pros canto?! Tá ficando louco?! Imagina se tu morre, a mãe ia ter um infarto e ia me matar junto, seu cuzão! ‐a piauiense disparou palavras encima do irmão, mas logo se calou e abraçou apertado.

- Viado, puto, cachorro, desgraçado, vagabundo..não me assusta desse jeito não, boy.. ‐a garota dizia, e Eduardo sorriu, sabia que a irmã se preocupava consigo, e demonstrava isso com esse tanto de xingamentos que ele nem sabia de onde vinham.

- Tava com saudade do cê, minha sapatona favorita! Quando eu acordei pensei que já tava no céu e nem ia dá pra despedir de ti! ‐o cearense disse, rindo, recebendo um tapa da outra nordestina, que foi interrompida por uma médica que entrou pela porta, pedindo licença e a chamando para se retirar.

- Serão moça? Não vai dar pra mim competir mais? Dá um jeito aí, coloca aqueles ferro doido lá pra mim parar em pé..nem sei o nome daquilo lá, mas cê entendeu! ‐Eduardo implorava para Camila, a médica venezuelana que massageava as têmporas, sem paciência para o cearense teimoso.

- Desculpa, Eduardo, mas quem desrespeitou os mandamentos da floresta e entrou na área restrita foi você, agora arque com as consequências, garoto. ‐a mulher disse, enquanto saia e dizia que ele iria ter visitas.

- Mas a placa que mandava eu ir pra- ih, já vazou.. -tentou se explicar, mas a médica já havia saído, a porta logo sendo aberta por alguém que ele também estava esperando.

- Gitito!

Thiago entrou pela porta, usando o apelido que Eduardo amava tanto, o fazendo sorrir largo na maca. Logo o paraense abraçou apertado, apertado até demais o nordestino.

- G-Grandão..eu já disse que tu é grandão? Então..eu vou morrer sufocado... ‐o cearense ria, enquanto sentia todo o calor emanado do outro, um calor que ansiava cada dia por ter sempre por perto.

- Desculpa..eu fiquei preocupado contigo..não faz mais isso, tá? ‐o nortista disse, com os olhos marejados, deixando Eduardo vermelho e com os olhos arregalados. Amava isso em Thiago, o jeito que ele não escondia as emoções e quando tivesse que chorar, choraria. Quando tivesse que rir, riria. Amava, amava tudo nele.

O cearense levou o polegar até o rosto do mais alto, e limpou suavemente uma lágrima que ia cair, o chamando para sentar ao seu lado na cama.

- Foi você que foi atrás de mim, né? Obrigado..de verdade. ‐Eduardo disse, olhando diretamente nos olhos do moreno, que retribuía a troca de olhares intensa.

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