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— Por mais que me doa admitir, suas ideias são melhores. Queremos adotar o material de rádio e os desenhos que você propôs para revistas. Tenho alguns ajustes, e é claro que quero permanecer na campanha como ponta, mas podemos cuidar de tudo juntas. E vou informar o Jake que o cliente é minha família e que a melhor proposta é sua.

Marília me encarou por um longo momento sem dizer nada. Depois se encostou na cadeira, cruzou os dedos e me encarou de novo como se eu fosse suspeita.

— Por que você faria isso? Qual é a pegadinha?

— Isso o quê? Falar com o Jake?

Ela balançou a cabeça.

— Tudo. Estamos disputando uma vaga, lutando por um emprego, e você vai me dar de graça uma campanha que é sua.

— Porque é o certo. Sua campanha é melhor para o cliente.

— Porque é sua família?

Eu não tinha certeza sobre a resposta para isso. O fato de ser a vinícola dos meus pais exigia pouco esforço de minha parte. Mas o que eu faria se estivéssemos disputando um cliente comum? Honestamente, não sabia se cederia alguma coisa a ela. Gostaria de pensar que a ética me faria colocar o cliente em primeiro lugar, independentemente das circunstâncias. Mas o que estava em jogo era meu emprego...

— Bem, sim. O fato de serem meus pais facilitou a decisão de pôr o cliente em primeiro lugar.

Marília coçou o queixo.

— Certo. Obrigada.

— Por nada. — Abri de novo o bloco com a lista de coisas para resolver. — Próximo assunto. Jake mandou um e-mail para nós hoje de manhã sobre a campanha da Vodca Vênus. Ele precisa de ideias até sexta-feira, e não quer que a gente revele quem criou o quê. Acho que quer garantir que a gente tenha as orientações desde o princípio, porque não acredita que somos capazes de trabalhar juntas com a eficiência necessária.

— Faria isso por qualquer cliente?

— Preparar o material quando o chefe pede? É claro.

Ela balançou a cabeça.

— Não. Usar minha campanha, se achar que é melhor que a sua.

Aparentemente, só eu tinha mudado de assunto. Fechei o bloco e me encostei na cadeira.

— Na verdade, não sei. Prefiro pensar que colocaria o cliente em primeiro plano, que agiria de forma ética para defender os interesses dele, mas adoro meu emprego, e dediquei sete anos da minha vida ao esforço para progredir na Wren. Então, mesmo constrangida, tenho que admitir que não sei, não tenho certeza.

O rosto de Marília, até então sério, relaxou com um sorriso lento.

— Talvez a gente se dê bem, afinal.

— O que você faria nessa situação? Defenderia os interesses do cliente ou o seu?

— Fácil. Eu te derrubaria, e o cliente ficaria com a segunda opção. Porém, considerando a remota possibilidade de meu trabalho ser, de fato, a segunda opção, seria por muito pouco, e o cliente não sofreria nenhum grande prejuízo.

Dei uma risada. A filha da mãe era arrogante, mas era honesta, pelo menos.

— Bom saber com quem estou lidando.

Passamos a meia hora seguinte discutindo questões em aberto e decidimos começar a campanha da Vênus no fim do dia, porque nós duas tínhamos várias reuniões marcadas para aquela tarde.

— Marquei com um cliente às duas. Acho que consigo voltar ao escritório por volta das cinco — avisei.

— Eu peço o jantar. Você é o quê? Vegetariana, vegana, pescetariana, maluca por mel?

Irresistível | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora