4 - O sol e a lua - Pt. 2: Agora

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O céu do crepúsculo naquele dia
A luz resplandecente queimava em vermelho
Esse lindo céu nos conecta
Sempre, mesmo quando nos separamos
Nesse lugar que chamamos de nosso
Sempre iremos nos encontrar - Scarlet Sky

• Sasuke POV •

"...E da próxima vez que quiserem fazer algo assim, não esqueçam de pedir permissão!" Jiraiya terminou seu discurso longo e entediante sobre obedecer o contrato, mesmo que durante aqueles 12 dias eu estivesse tecnicamente demitido.

Naruto e eu apenas concordamos com a cabeça e logo fomos dispensados para nossa aula de dança. Com o peso fora dos meus ombros, comecei a me mover mais facilmente e o professor Kakashi pareceu notar, porque me elogiou no final da aula. Quando saímos do estúdio, o sol estava quase começando a se pôr. Nós dois pegamos algo pra beber na máquina de venda do lado de fora, um café gelado pra mim e um refri de cereja para o loiro.

Desde a apresentação, ele estava estranhamente quieto, até que lembrei em que mês estávamos. Fevereiro. Estávamos no dia 15. Poucos dias antes do dia que nos separou por cinco anos. Do dia em que Naruto perdeu o pai. Não me lembrava dos detalhes porque meu pai não me contou direito. Eles eram até que bons amigos e até mesmo alguém tão severo como ele ficou mal. Minha mãe não sabia como consolar Kushina, mas elas se aproximaram ainda mais. Meu irmão, assim como eu, não soube reagir. E acho que foi por isso que Naruto brigou comigo. Claro, eu era uma criança, não tinha muito que pudesse fazer, mas ele estava mal e não consegui ajudá-lo.

Lembro que ele não chorava na frente da mãe, depois daquele dia aposto que nunca chorou na frente dela. Naruto queria parecer forte, queria mostrar que podia cuidar dela. Quando ele me contou, confiando em mim como seu melhor amigo, eu disse que era besteira, que ele podia chorar porque ela era a mãe dele. Ele ficou chateado comigo, mas não gritou nem nada, só disse que queria que eu fosse embora. Eu fui. Esperei e esperei pra que ele me chamasse de volta e nisso cinco anos passaram.

"Vocês vão ao cemitério no domingo?" Perguntei, mal notando que de tanto lembrar já tínhamos quase chegado na estação.

Fiquei vários segundos sem resposta, um minuto no máximo. Quando ele falou, sua voz estava séria, num nível em que não estava acostumado a ouvir.

"Sim, vamos todo ano. Você quer ir com a gente?" Ele levantou a cabeça e virei o rosto para encontrar seu olhar.

"Claro. Sei que minha mãe também vai, então vou com ela." 

O loiro sorriu pra mim, um sorriso suave como quem diz 'obrigado'. Balancei a cabeça como se dissesse 'de nada'. Entramos na estação, o clima meio estranho entre nós. Acho que ele estava lembrando também. Fiquei me perguntando se Naruto tinha feito amigos assim como eu, um grupo de pessoas que o apoiou durante aqueles cinco anos. Não podia perguntar pra ele, não conseguia perguntar pra ele nada daqueles cinco anos. Se ele não tinha me contado, talvez eu não devesse saber.

Durante o trajeto até meu bairro, Naruto e eu não falamos nada. Apesar de sermos bons em nos comunicarmos através do olhar, daquela vez seus olhos estavam nublados de dor, pensando no domingo que se aproximava. Sabia que tinha mais do que aquilo na cabeça dele, mas não perguntei. Talvez eu fosse um péssimo amigo, mas não consegui reunir coragem.

Quando as portas do metrô abriram, nos despedimos silenciosamente e eu saí, as mãos no bolso. Não estava tão frio assim naquele dia, mas a brisa era o bastante para que eu deixasse o casaco fechado. Caminhei sem muita pressa, querendo ter mais tempo para pensar, tentando me assegurar de que era impossível alguém como Naruto não ter nenhum amigo. Ele era cativante e extrovertido, provavelmente todos da sala dele eram, ou queriam ser, seus amigos, assim como quando a gente estudava junto.

Batidas da Primavera - naruhina; leesaku; sasukarinDonde viven las historias. Descúbrelo ahora