𝙊𝘽𝙎𝙀𝙎𝙎𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔; Izana Kurokawa

Sixty-seven

— IZANA, SEU IMBECIL! – Os socos na madeira voltaram, ainda mais fortes.

[...]

Desistindo de fazer Izana falar comigo, resolvi usar meus últimos três porcento de bateria para pedir o número de Kakucho e ligar para ele. Se Izana não me fala nada, o amigo dele fala.

O homem atendeu após eu ligar duas vezes. Após minha ligação ser rejeitada duas vezes.

– Alô? — Ouvi uma voz irritada. — Quem é?

— Oi, Kakucho. É a [Nome]. – Respondo rápido, querendo logo pular para o assunto.

Meu celular vai descarregar.

– [Nome]? Por que está me ligando? — Agora sua voz é mais calma — Aconteceu algo aí?

— Aconteceu! Ontem, eu e seu amigo saímos para andar, só que, aqui na frente do prédio, encontramos um homem igual ao pai dele. – Conto logo de vez, andando de um lado para o outro na sala. – Izana saiu correndo, se trancou no quarto e não quer conversar. E eu estou com um puta medo, porque-

– Espera... pai? — Minhas sobrancelhas se juntam, minha feição é de confusão. A voz do homem também mostra o quanto ele está confuso. — Desde quando Izana tem pai?

— Ué... você não sabia? – Agora me sinto ainda mais confusa. Parei de andar, minha mão desocupada para na cintura. – Como assim você não sabia que seu amigo tem-

Acabei me lembrando que, quando falei sobre um possível "pai" de Izana para Emma, no acampamento, a garota disse que o pai do irmão morreu.

– De onde você tirou isso, garota? — Kakucho pergunta.

— É uma longa história... – Respondo, pensativa. – Kakucho, preciso desligar agora, tchau.

Não esperei que ele falasse mais nada, encerrei logo a ligação e voltei para o quarto. Eu realmente não estou entendendo nada.

Por que aquele homem idêntico a Izana disse que era o pai dele?

E, se ele for realmente filho daquele homem, por que pessoas próximas à ele não sabem?

O que está acontecendo?

— Izana, quero que responda algumas perguntas. Não precisa sair do quarto. – Falei de voz alta, parada em frente à porta. – Aquele homem, de ontem, é seu pai?

Suspirei derrotada, ao não receber uma resposta.

Que homem difícil.

— Se for o seu pai, por que Emma e Kakucho não sabem? Por que você parecia com medo quando viu ele? – Faço as perguntas uma atrás da outra, esperançosa de que ele me daria uma resposta. – Eu quero que você me conte o que está acontecendo, caso contrário eu vou voltar para o Japão. Preciso do dinheiro, mas não posso continuar nisso sem saber de tudo o que se passa. Eu sou sua acompanhante, se você estiver devendo a cabeça eu vou acabar levando a sobra.

Colei minhas costas na madeira, soltei o ar pela boca, antes de continuar.

— Izana, abre a porta. – Pedi, outra vez. – Eu vou pegar minhas coisas e voltar para Tokyo. Estou fora da missão!

Essa também foi uma chave para eu conseguir ouvir a porta ser destrancada. Me afastei e virei de frente, esperando que a abrisse.

Assim ele fez.