Snape se chocou com Lupin, Pettigrew e Rony, que pararam abruptamente. Black congelou. Ele esticou um braço para fazer eu, Harry e Hermione pararmos.

Vi a silhueta de Lupin. O professor enrijecera.

- Ah, não! - exclamou Hermione. - Ele não tomou a poção hoje à noite. Ele está perigoso!

- Corram - sussurrou Black. - Corram. Agora.

Rony estava acorrentado a Pettigrew e Lupin. Harry deu um salto para frente, mas Black o abraçou pelo peito e o atirou para trás.

- Deixe-o comigo... CORRA!

Segurei a mão de Harry e o puxei para correr.
Ouviu-se um rosnado medonho. A cabeça de Lupin começou a se alongar. O seu corpo também. Os ombros se encurvaram. Pelos brotavam visivelmente de seu rosto e suas mãos, que se fechavam transformando-se em patas com garras. Os pelos de Bichento ficaram outra vez em pé e ele estava recuando...
Quando o lobisomem se empinou, batendo as longas mandíbulas, Sirius desapareceu. Transformara-se. O enorme cão semelhante a um urso saltou para a frente. E quando o lobisomem se livrou da algema que o prendia, o cão agarrou-o pelo pescoço e puxou-o para trás, afastando-o de Rony e Pettigrew.
Atracaram-se, mandíbula contra mandíbula, as garras se golpeando...

Pettigrew tinha mergulhado para apanhar a varinha caída de Lupin. Rony, mal equilibrado na perna enfaixada, caiu. Houve um estampido, um clarão... e Rony ficou estirado, imóvel, no chão. Outro estampido... Bichento voou pelo ar e tornou a cair na terra fofa.

- Expelliarmus! - berrou Harry, apontando a própria varinha para Pettigrew; a varinha de Lupin voou muito alto e desapareceu de vista. - Fique onde está! - gritou
Harry, correndo em frente.

Tarde demais. Pettigrew se transformara. Harry viu seu rabo pelado passar pela algema no braço estendido de Rony e o ouviu correr pelo gramado.
Um uivo e um rosnado prolongado e surdo ecoaram; eu me virei e vi o lobisomem fugindo; galopando para a floresta...

- Sirius, ele fugiu, Pettigrew se transformou - berrou Harry.

Black sangrava; havia cortes profundos em seu focinho e nas costas, mas ao ouvir as palavras de Harry ele tornou a se levantar depressa e, num instante, o ruído de suas patas foi morrendo até cessar ao longe.
Harry e Hermione correram para Rony, eu fui atrás deles.

- Que foi que Pettigrew fez com ele? - sussurrou Hermione.

Os olhos de Rony estavam apenas semicerrados, a boca frouxa e aberta; sem dúvida, estava vivo, eles
o ouviam respirar, mas não parecia reconhecer os amigos.

- Não sei.

Harry olhou desesperado para os lados. Black e Lupin, os dois tinham se ido... não havia mais nenhum adulto em sua companhia exceto Snape, que ainda flutuava, inconsciente, no ar.

- É melhor levarmos os dois para o castelo e contarmos a alguém - disse Harry, afastando os cabelos dos olhos, tentando pensar direito. - Vamos...

Mas então, para além do seu campo de visão, eles ouviram latidos, um ganido; um cachorro em sofrimento...

- Sirius - murmurou Harry, olhando para o escuro.

Harry saiu correndo, eu xinguei baixo, indo em seu encalço. Os latidos pareciam vir da área próxima ao lago. Eles saíram desabalados naquela direção, e eu, correndo sem parar, senti o frio sem perceber o que devia significar...
Os latidos pararam abruptamente. Quando os garotos chegaram ao lago viram o porquê: Sirius se transformara outra vez em homem. Estava caído de quatro, com as mãos na cabeça.

- Nããão - gemia -, nãããão... por favor...

Então eu os vi.
Dementadores, no mínimo uns cem deles, deslizando em torno do lago num grupo escuro que vinha em sua direção. Harry se virou, o frio de gelo seu conhecido penetrando suas entranhas, a névoa começando a obscurecer sua visão; eles não estavam somente surgindo da escuridão por todo o lado; estavam cercando-os...

- Pensem em coisas felizes! - mandou Harry.

Fechei meus olhos.
Pensei em momentos com Harry e Remus. Pensei nos meus amigos. Pensei que minha vida poderia mudar, eu iria ganhar uma família.
Uma família.

- Expecto Patronum! Expecto Patronum!

Black estremeceu, rolou de barriga para cima e ficou imóvel no chão, pálido como a morte.
Ele vai ficar bem. Eu vou morar com ele.

- Expecto Patronum! - Harry também dizia - Hermione, ajude! Expecto Patronum...

- Expecto... - murmurou Hermione - Expecto... Expecto...

Mas ela não conseguia. Os dementadores estavam mais próximos, agora a menos de três metros deles. Formavam uma muralha sólida em torno de nós, cada vez mais próximos...

- EXPECTO PATRONUM! - berrou Harry, tentando abafar a gritaria em seus ouvidos. - EXPECTO PATRONUM!

Sentia o frio me embrulhar, era agradável e confortável, me dava vontade de fechar os olhos, e foi isso que eu fiz, até ficar inconsciente.

FRIENDS [Harry J. Potter]Onde histórias criam vida. Descubra agora