15. NEW DECADE

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A expressão de Enoch tornou-se reconfortante, transformando o momento de frustração em um instante de serenidade.

- Tudo bem. Desculpa!

- Não foi nada! Acho que, eu também ficaria assim, caso isso acontecesse comigo. Sabe?

Dei um pequeno sorriso em resposta.

- Que tal irmos dormir agora? Você tá com cara de quem foi atropelado 12 vezes. - Pela primeira vez, observei Enoch soltando uma piada, acompanhada por um caloroso sorriso. Parece que ele não é tão rabugento quanto o Raiva dos 7 anões. Minha risada espontânea foi uma resposta eloquente à sua tentativa de humor, mesmo que um tanto sem graça.

- É, vamos descansar um pouco. - Será que ele sabia que ainda são 18:40 da tarde? Eu acho que não.

,,𝑻𝑰𝑴𝑬 𝑩𝑹𝑬𝑨𝑲,,

A intensidade da chuva se fazia presente na noite, seu som constante e ritmado ecoava, enquanto as folhas das árvores resistiam ao vento impetuoso, segurando-se para não serem arrancadas. O tamborilar persistente da chuva no telhado proporcionava uma trilha sonora ininterrupta.

Entre esses sons da natureza, um ruído específico se destacava: os galhos de uma árvore próximo à minha janela eram batidos repetidamente, como se estivessem em uma dança tumultuada com o vento furioso. Cada impacto ressoava no quarto, perturbando minha tentativa de dormir.

Finalmente, a irritação tomou conta de mim, e decidi enfrentar a fonte do incômodo. Levantei-me da cama, meus pés descalços sentindo o frio do chão molhado pela chuva, lembre-me de pedir para Senhora Peregrine dar uma olhada na goteira do teto. Caminhei até a janela, decidido a resolver aquela situação.

Ao me aproximar, prestes a abrir a janela e confrontar o galho indesejado, uma rajada de vento mais forte do que as anteriores surgiu. Antes que eu pudesse fazer algo, o galho foi arremessado para longe, desaparecendo na escuridão da noite tempestuosa.

O silêncio que se seguiu foi quase tão impactante quanto a tormenta que o antecedeu, deixando-me em um instante de contemplação diante daquela imprevisibilidade.

Perplexo, encarei a noite por alguns momentos antes de fechar a janela e recuar. Ainda atordoado, retornei à cama, sentando-me. Mas, antes que pudesse recuperar a compostura, uma voz feminina, estranhamente familiar, me chamou. Uma luz fraca escapava por baixo da porta, incitando minha curiosidade.

Atravesei o quarto e abri a porta, mas ao invés do corredor do orfanato, deparei-me com uma rua desconhecida. O cenário era surreal, coberto por folhas e palhas no chão, com uma atmosfera abafada. As casas lembravam contos de fadas, remetendo a uma época distante.

Intrigado, meus pés descalços seguiram pela estrada de galhos e folhas, ocasionalmente sendo picados por objetos pontiagudos. O nervosismo misturava-se ao medo e à curiosidade, enquanto eu me aventurava por esse cenário arrepiante da era "Europa medieval".

A noite estava simplesmente incrível, com as estrelas fazendo seu show particular no céu e as folhas das árvores agitadas pelo vento fresco. Eu estava lá, curtindo esse espetáculo noturno, quando de repente, as janelas que estavam na penumbra começaram a se iluminar. Um burburinho começou a surgir, meio distante, meio envolvente.

Sem entender direito o que estava acontecendo, decidi me esgueirar para trás de uma casa próxima, só para ver o que estava rolando. E aí, do meu esconderijo, pude ver um bando de adolescentes saindo de suas casas com velas e tochas nas mãos. Foi tipo algo saído de um filme, mas não eram adultos, eram só garotos e garotas, todos com essa vibe meio mística.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora