Ouço o barulho do meu celular, atendo, e é o Alex.

- Oi, Alex, o que aconteceu? Você está bem?

- Os pais da Sirena Maclean estão mortos, foram estraçalhados. A polícia diz que foi um ataque de animal. A Sirena está viva, foi levada ao hospital.

- O que acontece agora? Onde você está? Você está bem? - pergunto, preocupado.

Minha avó olha para mim, preocupada, perguntando o que aconteceu.

- Eu tô bem, fica calma, Amara. Eu volto para casa amanhã, nós conversamos - ele diz, mais calmo, e encerra a ligação.

- O que aconteceu? Está tudo bem com o Alex? Parece que a família Maclean está toda morta, só sobreviveu a Sirena. A polícia acha que foi um ataque de animal - digo, com a expressão estática.

Não dá para acreditar. Minha cabeça automaticamente me leva a uma tarde de primavera em um parque, uma brisa fresca, folhas caindo das árvores. Eu tinha acabado de chegar na cidade, mas um sentimento oposto me dominava. Estava sozinho, andando, esbarro na Sirena.

- Ai, meu Deus, desculpa. Eu tenho que olhar para onde eu ando, desculpa.

- Relaxa, a culpa não foi sua. A culpa foi minha - diz ela, sorrindo.

- Seu nome é Sirena, né?

- Sim, qual é o seu nome? Nunca te vi aqui.

- Prazer, meu nome é Amara, Amara Akello. Eu acabei de me mudar.

- Prazer. O que você está achando da cidade?

- Eu tô achando legal.

- Não precisa mentir. Aqui é um saco - diz ela, sorrindo.

- Sim, é verdade - digo, rindo.

- Eu tenho que ir, mas depois seja bem-vinda - ela diz, seguindo seu caminho.

Essa simples troca de palavras foi suficiente para reduzir o sentimento de tristeza e solidão.

O sol nasce, os pássaros começam a cantar, o despertador toca, mas não é preciso, já estava acordado. Não consegui dormir, minha mente não parava de pensar na família da Sirena e na possibilidade de Victor ser o responsável. Levanto, vou tomar banho. A água traz alívio para minha mente. Me visto e desço as escadas, a TV está no último volume, noticiando a morte da família Maclean. Perco a fome e saio de casa sem tomar café.

Pego minha bike, indo para a escola. O tempo está nublado, frio, com um clima de tristeza, trovões ao invés de chuva.

Na floresta, com a terra úmida, um silêncio matador. Ando pela floresta com raiva, ouvindo os pensamentos dos membros da alcateia. Chego e vejo membros transformados em lobisomens devorando presas. Mackenzie me vê.

- Victor, você perdeu. Acabamos de fazer uma bela caçada.

- Que droga você fez? Por que você matou a família Maclean? Você está ficando maluco!
( Eu digo com um tom de voz alterado, quase avançando para cima dele. )

Os membros da alcateia que estavam se deliciando com os restos mortais dos pumas
Pararam para ficar olhando a discussão.

- Quem você pensa que é para falar comigo assim? Eu não te devo explicações, mas eu matei eles para vingar nossos ancestrais. Os ancestrais deles foram responsáveis por terem escravizado nossos ancestrais.
( Diz ele seco )

Pelo jeito que ele diz, ficou nítido que nem ele acreditava nessa motivação.

- Você está ficando louco! Está arranjando qualquer motivo para poder matar as pessoas.
( Eu digo com raiva. )

Lua Vermelha: O Amor Proibido dos Lobos" Onde histórias criam vida. Descubra agora