- Por que isso aconteceu com ela? - Freen perguntou olhando para a maca, franzindo um pouco a testa.

- Por não ter tomado cuidado com o resfriado. - eu senti a pressão na minha cabeça cair e ri um pouco, embora Freen tenha franzido a testa quando me ouviu. - É por causa da medicação, é bem forte.

A enfermeira saiu pela porta e Freen estava sorrindo, fazendo uma careta, inclinando a cabeça.

- Você é tão bonita... - eu disse, tirando minha máscara por um momento, umedecendo meus lábios. Eu ri um pouco quando vi que ela balançou a cabeça e quase se escondeu do meu olhar. - Sim, sim você é...

- Você está drogada. - ela me disse, e eu ri baixinho de novo sem saber o porquê, naquele momento até a voz de Freen me fazia rir, mas ao mesmo tempo eu não conseguia parar de olhar para ela e pensar que ela era linda.

- Eu te amo... - eu sussurrei antes de colocar a máscara de volta, fechando os olhos, que naquele momento estavam fechando por conta própria, e adormeci.

{-}

Freen

Eu não sabia se a mãe de Rebecca gostaria que eu levasse Charlie para sua casa, então daquela vez eu o deixei em casa, e meu pai me levou até sua casa, saindo pouco antes de eu tocar a campainha.

Quando a porta se abriu, a pessoa não disse oi, e eu me senti um pouco desconfortável, porque eu estava intimidada pelo fato de que eles eram as pessoas que haviam feito tão mau a Rebecca.

- Oi, Rebecca está aí? - houve um silêncio, e eu ouvi um suspiro.

- Sim. - a voz masculina me surpreendeu. - Ela está em seu quarto, vamos, entre. - eu separei meus lábios dando alguns passos curtos e indecisos, pois eu não conhecia a área tão bem. - Oh, você é a garota cega. - a mão do pai de Rebecca pousou no meu braço, conduzindo-me cuidadosamente para dentro da casa.

- Mike, quem é? Se for a cega, diga que não... - a mulher parou assim que, suponho, me viu, e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Sim, eu sou a cega, que bom que você notou. - eu disse em voz baixa, fazendo uma cara um tanto desconfortável. - Mas meu nome é Freen, e eu sou algo mais do que isso...

- Eu vou te levar para Rebecca. - disse o pai dela, porque a mãe de Rebecca simplesmente não falou mais nada, e eu subi lentamente as escadas até chegar ao fim e ouvi o som da porta se abrindo, e um cheiro de menta emanava do quarto. Eu conhecia bem, minha mãe fazia remédios caseiros com hortelã para aliviar o resfriado.

Entrei no quarto e a porta se fechou.

- Você não precisava vir, mesmo que eu estivesse sentindo a sua falta. - eu andei até meus pés baterem em sua cama e senti a mão de Rebecca roçar meus dedos, finalmente apertando minha mão com força. - Eu vou te infectar...

- Se você não me infectou antes, você não vai fazer isso agora. - eu disse rindo, brincando com os dedos dela enquanto permanecia em pé. - Tem algo sobre você? Eu vou te abraçar...

- Não. - Rebecca pegou minhas mãos e me guiou até ela na cama, e me joguei com algum cuidado, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço. Ela cheirava a Vick VapoRub, o mesmo que eu tinha espalhado nela uma semana atrás, e isso me lembrou que agora eu poderia beijá-la se eu quisesse. Então dei um beijinho em seu pescoço.

- Rebecca nós vamos... - aquela voz era masculina, mas não era de seu pai, então presumi que fosse seu irmão, Chris. O coração de Rebecca disparou completamente, mas não porque seu irmão tinha interferido, tinha sido antes. - Ah ok, nós vamos sair essa noite, Rebecca. - ele fechou a porta sem dizer mais nada, e as mãos de Rebecca acariciaram meu cabelo. Como se eu fosse pequena e frágil, o que, de certa forma, eu era.

Naquela sexta-feira, a neve não parava de cair, como era de costume em janeiro, e eu gostava disso. Porque eu sentia os flocos de neve caírem no meu rosto, no meu nariz, porque o toque da neve era frio mas macio, e porque o quarto de Rebecca era o mais aconchegante do mundo. Eu podia não vê-la, mas eu a sentia. Eu não queria sair do quarto enquanto estivéssemos lá, nunca. Ninguém nos julgava, ninguém olhava para nós, eu podia dormir com ela, só isso. Sentir o calor que ela exalava, seus braços, seus beijos que, embora tivéssemos dado apenas dois, pareciam um mundo para mim.

Dormi com ela de novo, mas dessa vez foi diferente. Usando apenas um suéter dela, fui para a cama com a ajuda de suas mãos.

- De que cor é o seu cabelo? Eu não lembro - eu perguntei, passando minhas mãos pelo rosto dela, sentindo suas bochechas subirem, indicando um sorriso.

- Preto. - passei meus polegares sobre suas maçãs do rosto e as pontas dos meus dedos sobre seus lábios.

- E sua pele? - meus dedos pararam e eu deixei cair minhas mãos em seu pescoço.

- Pálida. Eu sou um vampiro, é por isso que gosto de lugares frios, sabe? - eu dei uma risadinha, balançando a cabeça. - Por que você sempre fecha os olhos quando está perto de mim?

- Porque as pessoas acham desconfortável falar assim comigo. Eu não sei para onde estou olhando, e isso os deixa nervosos. - eu respondi simplesmente, dando os ombros.

- Abra os olhos. - ela sussurrou, passando as costas da mão pela minha bochecha. - Abra. - eu os abri devagar, ouvindo um suspiro sair de seus lábios. - São lindos. Posso te fazer uma pergunta? - eu assenti com a cabeça enquanto sua mão acariciava meu cabelo lentamente. - Você é... uma daquelas garotas inocentes?

- O que você está perguntando? - Rebecca ficou em silêncio, passando os dedos pelo meu cabelo.

- Sim... sabe, se você é inocente. O tipo de garota que fica chateada com coisas obscenas ou coisas assim. - eu franzi os lábios evitando rir, e abaixei a cabeça balançando a cabeça.

- Você está me perguntando se eu sou uma puritana? - eu coloquei minha mão em seu peito dando-lhe um empurrão sem força, ouvindo sua risada.

- Não exatamente... - eu apertei meus olhos rindo, colocando minha mão em sua boca com cuidado e subi em cima dela.

- Sim, você disse. - eu sussurrei, pressionando minha bochecha na dela para ter um ponto de referência de onde seu rosto estava, e consegui dar um beijo mais suave do que ela me deu. - Sim, eu sei o que é sexo e gostaria de fazer isso com a pessoa certa um dia. Eu sou cega, não sou uma aberração sabe.

- Então você sabe o que é um cunnilingus*, por exemplo...? - eu dei um tapa na barriga dela, porque eu fiquei totalmente vermelha.

(N/T: Cunnilingus: é o ato de sexo oral realizado em uma mulher)

- Rebecca! - eu disse rindo, e senti suas mãos colocarem em minhas bochechas me dando um beijo profundo, lento e molhado.

- Eu te amo. - desta vez, ela não estava 'drogada'.

- E eu também te amo.

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