Capítulo 01 - Mônaco

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— Filha, por favor, qualquer coisa, me ligue. Não importa o que seja.

— Fica tranquila, mãe, está tudo bem. Não se preocupe.

— Sou mãe, Pilar, é óbvio que vou me preocupar!

E essa era uma das clássicas falas de dona Camila...

— Tudo bem, dona Camila. — Sorri, balançando a cabeça. — Te garanto que está tudo bem. Não minto pra você, você sabe.

— Eu sei.

Ouvia alguém grita-la e eu sabia que aquilo significava que ela tinha que desligar a ligação. Não era sempre que eu falava com ela devido ao lugar onde ela estava, já que o sinal era péssimo. Toda vez que nós falávamos, era por poucos minutos.

— Filha, eu...

— Eu sei, mãe, está tudo bem. Vai salvar algumas vidas por mim, okay? Te amo mãe, você é meu orgulho.

— Eu também te amo, meu bem. Se cuida!

— Você também. — Sussurrei.

Coloquei o telefone no lugar, olhando para o meu pai que estava parado na minha frente, ajeitando seu relógio caríssimo em seu pulso esquerdo.

— Sua mãe está bem?

— Está.

— Hum. — Ele me olhou. — Se arrume hoje à noite, vamos sair.

— Pra onde?

— Um evento. — Pegou sua carteira. — Compre algo que goste.

Meu pai entregou o cartão dele em minhas mãos, piscando em seguida. Senti vontade de revirar os olhos, mas se eu fizesse isso, certeza que ele começaria a dizer o quão mal agradecida eu sou.

— Algo específico?

— Algo que não tenha suas rendinhas estranhas.

— Não são estranhas, pai.

— São pra mim, querida. — Beijou minha testa. — Estou indo. Por favor, não ligue seu som naquela altura, os vizinhos são chatos.

— Tá... — Murmurei. — Bom trabalho.

— Obrigada, querida.

Meu pai saiu da sala, com o telefone na orelha e falando com alguém enquanto gesticulava. Desde que ele mudou de emprego e veio parar em Mônaco como administrador esportivo do time da cidade, ele mudou bastante.

Me arrisco a dizer que o divórcio dele com a minha mãe fez com que ele mudasse também. Minha mãe não queria sair de Barcelona e meu pai não apoiava os trabalhos dela com a UNICEF. O resultado disso foi simples: divórcio.

Não foi tão ruim quanto eu pensei que seria. Os dois ainda se falam raramente, mas por conta de seus empregos, é praticamente impossível eles terem tempo pra isso. Faz uns dois anos que eles se divorciaram, e posso dizer que tem pontos bons e ruins nisso tudo.

— Senhorita Pilar, o senhor Tomás disse que é para eu te levar no shopping.

Balancei minha cabeça saindo dos meus devaneios, vendo o motorista do meu pai parado em minha frente.

— Não me chama de senhorita, Javier, por favor. Me sinto velha. — Brinquei.

— É o costume. — Ele deu um sorriso. — Já quer ir?

— Pode ser. — Dei de ombros. — Não tem o que fazer aqui mesmo.

Subi rápido para pegar minha bolsa e meu celular, descendo em seguida e indo para o carro com o Javier. Não era muito fã de compras, mas como meu pai me deu seu cartão e pediu para que eu comprasse algo, acho que eu poderia fazer um esforço.

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