8 •◇Filhos da paz◇•

Start from the beginning
                                    

-Aqui não é um bom lugar pra gente conversar -Ele diz ainda observando a sua volta.

-E onde a gente poderia?

-Na sua casa? -Ele direciona seu olhar na minha direção, penso em negar e ele percebe isso -Eu já fui lá de qualquer forma, e quem precisa das respostas é você e não eu.

Droga.

...

Fernando se senta despreocupado no sofá enquanto eu permaneço em pé ao lado da porta, suas ires percorrem o ambiente e então se fixam em mim, sinto minhas bochechas aquecerem com esse simples olhar.

-Você ainda fica corada -Ele comenta -adorável.

Não repondo, permaneço em silêncio esperando que ele comece com as explicações.

Sua expressão tranquila aos poucos se desfaz, dando espaço para uma seriedade que não combinava com ele.

-O que quer saber primeiro?

Não consigo emitir qualquer tipo de som, por dias esperem por esse momento, mas agora, com ele aqui na minha frente, eu nem sabia por onde começar.

-Por que você sumiu? -Pergunto depois de alguns segundos.

-Precisei ir visitar o meu pai. -Ele dá de ombros.

-Por três meses?

-As coisas lá meio que viraram um problema, não é algo que te interesse.

Penso em mais alguma pergunta relevante.

-Como sabia que o Gabi era um fênix?

-Pelo cheiro, o sangue dele é impuro, a mistura causa o odor perceptível aos serpentinos, por isso que eu soube no mesmo instante que ele era um fênix ômega, diferente de você, se não fosse pelo formigamento...

-O que causa esse formigamento? -as lembranças de todos os toques que ele proferiu me voltam como sensações, ainda podia sentir os formigamentos em cada região que seus dedos me tocaram, braços, ombros e minhas bochechas.

-Não é nada, meu sangue só reage com o seu porque tenho traços de um fênix alfa, é uma coisa ridícula da espécie de vocês que me dá ânsia.

Sua reação e palavras me lembram o Erick, seus toques e o que eles causavam por causa da nossa espécie. Entendi, esse formigamento era uma espécie de tesão também, menos forte por conta do sangue serpentino que corre nas veias dele também. Tento me distrair disso e focar em assuntos que fossem realmente do meu interesse.

-Por que proibiu o Gabi de falar comigo?

-Eu queria ser o que tiraria todas as tuas dúvidas quando o despertar acontecesse -Ele franze o cenho parecendo frustrado -mas eu nem estava aqui quando aconteceu, não pude te ajudar em nada, me desculpa -Estremeço com suas palavras -já presenciei o despertar de alguém, sei que não foi fácil.

-Você...é um filho da paz, não é?

Ele me encara por alguns segundos antes de falar alguma coisa.

-O Gabi é realmente informado -Ele comenta como se falasse consigo mesmo -Sim, eu sou um filho da paz, mas quero deixar bem claro que eu não pretendo seguir com o meu propósito.

-Como assim? -Questiono.

-Eu não desejo a paz, eu abomino os fênices com todo o meu ser, mesmo que eu tenha seu sangue, não quero qualquer tipo de reconciliação entre as espécies. -Ele diz de forma tranquila, o que me surpreende.

-Por que? -Não consigo deixar de perguntar.

-Motivos pessoais. -Ele dá de ombros.

Fernando obviamente não estava me dando respostas claras.

Fênices e Serpentes Where stories live. Discover now