- Agora, essa hora? Mas você trabalha amanhã, melhor n...
- Não tem problema, eu levo minhas coisas, posso ir direto pro trabalho.
- Mas, Carol, tá tarde pra voc...
- Eu vou o caminho todo falando com você, assim você pode ficar mais tranquila.
- Olha, não, não precisa se incomodar com isso, eu j...
- Não é incômodo nenhum ir aí ficar com você. E também, acho que sei qual o melhor remédio pra minha insônia.
- Eu, devo interpretar isso de que jeito? - Natália perguntou com curiosidade e um pouco de receio.
- Fica na linha, vou só juntar as minhas coisas e já vou sair.
.
As duas permaneceram em silêncio, exceto pelos momentos pontuais nos qual Carol informava que estava saindo, que estava no carro e que estava chegando. Natália estava plantada na garagem, enrolada em um roupão fino, os olhos atentos a qualquer sinal de movimento na rua.
Quando ouviu o barulho do motor de um carro se aproximando, chegou perto do portão e logo em seguida Carol descia do carro carregando uma mochila de costas e uma bolsa de ombro. Ela sorriu ao ver Natália, que por sua vez, manteve o semblante parcialmente fechado. Ajudando a mulher a carregar uma das bolsas, Natália fechou o portão e, de braços dados com Carol, entrou.
Quando já tinha alcançado a sala, Carol quebrou o silêncio gelado que tinha se cristalizado entre as duas.
- O que foi, meu amor?
- Você não precisava ter se incomodado em vir aqui. Atrapalhar toda sua rotina por isso.
- Natália - Carol estava sussurrando, ciente de que Pedro e Taís estavam dormindo. Acomodou o rosto de Natália entre suas mãos e olhou fundo nos olhos da fotógrafa - não é incômodo, não me atrapalha... é você, meu amor. E você é tão importante pra mim que não tem nada que eu não faça pra te ajudar.
Natália desviou o olhar, não parecia muito convencida.
- E fora isso, eu vim porque eu queria te ver. Queria passar a noite com você. Acho que parte da minha insônia era isso. Senti sua falta do outro lado da cama.
Ao ouvir essas palavras, Natália derreteu. Sentiu seu corpo amolecer enquanto Carol a envolvia em um abraço caloroso e apertado.
- Podemos ir deitar? - Carol perguntou depois de alguns segundos
- Você, você não quer um chá? Pra ajudar na insônia?
- Hm, acho que você se esqueceu do que eu te falei no telefone, né? - diante do olhar confuso de Natália, Carol completou - meu remédio pra insônia é você. Não preciso de outra coisa.
Nesse momento, as duas inclinaram-se ao mesmo tempo e selaram um beijo rápido e macio antes de virarem para ir em direção ao quarto de Natália.
A cama bagunçada denunciava a agitação do sono que a fotógrafa estava tendo. Carol começou a tirar as peças de roupa que tinha vestido para ocultar o pijama e logo as duas estavam deitadas, cobertas até a altura do peito, Natália aconchegada no ombro de Carol como se ele fosse seu travesseiro. Apesar de tudo se encaminhar para o sono, a respiração funda e pesada de Natália denunciava que alguma coisa ainda não estava bem.
- Quer conversar, Natália? - Carol perguntou alisando os cabelos da mulher.
- Não consigo parar de pensar na Helena, Carol. Por mais que eu não queria ver ela nem pintada de ouro, não consigo ignorar o fato de que ela quer falar comigo. Isso me assusta.
- Você não tem nem ideia do que pode ser?
- Não - Natália se levantou e ficou sentada na cama. Carol a encarava com expectativa - e não consigo nem imaginar o que seja. Depois desse tempo todo, sabe...
- Ué, vai saber ela não descobriu que é apaixonada por você e quer se declarar.
Natália encarou Carol com uma expressão de incredulidade
- É brincadeira, foi só pra quebrar o clima.
- É, deixa essa tarefa comigo, tá bom? Você ainda tem muito a aprender sobre essa arte.
De um jeito ou de outro, tinha funcionando, ambas estavam rindo. Não uma gargalhada, mas risos contidos e sinceros.
- Tem mais alguma coisa que você queira falar? Pra gente dormir sem peso nas costas?
Natália ficou encarando a roupa de cama por alguns segundos como se estivesse ponderando a escolha. Por fim, respirou fundo
- Não, a gente conversa mais outra hora. Agora quero só me aquietar em você e dormir o resto de tempo que sobra.
Ao ouvir isso, Carol abriu os braços e Natália voltou a se encaixar no corpo da cientista como uma peça de quebra-cabeça que se encaixa perfeitamente na outra.
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Nas primeiras horas da luz da manhã, Carol despertou com um cansaço de quem tinha passado a noite em claro. Seu braço estava dormente, já nem sentia mais o peso do corpo de Natália. Delicadamente, ela se mexeu para levantar, sem sem se preocupar muito com Natália, já que ela dificilmente acordava com alguma coisa. No entanto, para sua surpresa, ao sentir o movimento do colchão, a fotógrafa despertou, parecia assustada
- Bom dia - Carol disse voltando a se sentar na cama e passando as mãos pelo rosto da mulher.
Natália sorriu manhosa diante do carinho
- Bom dia, amor - se aproximou de Carol e deu um beijo rápido em sua boca - dormiu bem?
- Dormi é uma palavra forte - Carol riu - mas se eu tivesse desconfiado que teria insônia, tinha vindo direto pra cá. Foi a madrugada mais gostosa que já tive.
- Não fala assim, vou acabar ficando mal acostumada.
Foi a vez de Carol devolver o beijo em Natália
- Vou tomar um banho pra me arrumar e a gente ir tomar café, tá bom?
- Tá, mas pode ficar melhor se você me convidar pro banho com você.
Carol não conseguiu evitar e arregalou os olhos, surpresa com a forma espontânea com que Natália soltou aquelas palavras.
- Ué, está convidada então. Mas não posso me atrasar.
Ao ouvir isso, Natália levantou da cama e se dirigiu imediatamente para o banheiro, deixando Carol para trás por alguns segundos, até que ela voltasse a si fosse para o banheiro também.
A água quente do chuveiro logo transformou o ambiente em uma espécie de sauna. O cheiro do sabonete se intensificou no ar e as duas passaram longos minutos ali, juntas, cuidado uma da outra com carinho e atenção.
Carol alisou incansavelmente as costas de Natália, ao passo que a fotógrafa cuidou de enxaguar com zelo os ombros e braços da mulher.
O banho, obviamente, demorou mais do que o tempo habitual, o que fez com Carol precisasse se trocar as pressas. Com Natália ao seu lado, saiu do quarto rumo a cozinha, onde pretendia forrar o estômago antes de sair pra o trabalho.
As duas vinham de mãos dadas e, ao cruzarem o corredor e adentrarem a cozinja, encontraram Pedro, sozinho, com um jornal nas mãos, enquanto tomava um café. Carol sentiu a mão de Natália endurecer na sua e, imediatamente o olhar de Pedro se tornou lascivo. Ele ficou mudo, Natália também.
Naquele momento, Carol entendeu o que estava acontecendo.
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Notas da autora
oie amores, como estão?
sei que estou sumida, mas o trabalho tá me pegando muito. final de bimestre o professor não tem vida kkkry.
senti que esse capítulo poderia ter ficado melhor, mas juro que fiz o que pude. os próximos serão mais bem trabalhados, prometo. só não queria deixar vocês muito tempo sem uma att.beijoz
s.m
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Os outros são os outros
FanfictionDepois de vinte e cinco anos da morte de seu irmão, Natália ainda se sente presa à fatídica noite que encontrou o corpo de Bruno sem vida. Após ficar internada pela segunda vez, uma reunião de boas vindas organizada pelo grupo de amigas da adolescên...
capítulo 26 - sobre entraves
Começar do início