Me aproximo da porta, toco a campainha e espero. Respiro fundo, alongo o pescoço. 

Eu consigo fazer isso. 

Eu consigo. 

Existe uma mentira, mas a verdade estaria escancarada no meu rosto. Eu amo essa mulher, e vou casar com ela, e cuidar, proteger, oferecer todas as possibilidades para ela crescer sem atrapalhar em nada.  

A porta abre rapidamente e é Giovanna que me recebe. Seu cheiro, seu cabelo, seu vestido, tudo era perfeito como ela era. Ela sorri e se aproxima para me beijar, me roubando um selinho, do qual me afasto rapidamente e olho para dentro da casa. 

— Giovanna, o que é isso, estamos na casa dos seus tios. — eu falo preocupado e em tom baixo. 

Ela ri. 

— Eles devem imaginar o que a gente fazer quando estamos sozinhos. 

— Deus queira que não, odiaria que eles pensassem no que fizemos na banheira há uns dois dias. 

— Alexandre! 

— Pois é, então se controle. — eu sorrio e estendo a flor para ela. — Aqui, essa é para você. 

— Por que não a maior? 

— Porque tenho uma sogra para impressionar. 

Eu sinto que minhas palavras a deixam emotiva. Eu imagino que desejasse sua mãe aqui, mas Canan, de tanto que ela fala, cumpre esse papel muito bem. Ela me guia para dentro da casa e eu tiro o sapato. A casa tinha cara de casa, cheia de decorações que significavam algo, tapete confortável na sala, sofás com almofadas coloridas, na televisão passava um programa local qualquer. 

Naz e Asya foram as primeiras a se aproximarem e me cumprimentarem. É óbvio que elas estariam aqui, eram como irmãs, viriam em um pacote completo. Logo vieram os mais velhos, o homem um pouco mais calvo, a mulher aparentando uma juventude eterna. Seguros as coisas com uma mão só e estendo a outra para cumprimentar o homem. Kemal me analisa dos pés a cabeça, sério. 

Giovanna desvia o olhar de mim para ele, dele para mim, repetidas vezes. 

— Tio? — ela chamou atenção baixinho. 

— Querido, cumprimente o homem. — Canan falou baixo para o marido também. 

— Homem. — ele fala sério comigo. — Você torce para qual time? 

Eu ouvi Naz e Asya segurarem a risada, vi Giovanna abaixar a cabeça com vergonha e Canan revirar os olhos. 

— Galatasaray, senhor. 

Ele me olho fundo nos olhos e então abriu um sorrindo, abrindo os braços. 

— Ótimo! Bem vindo a minha casa. 

Eu respiro aliviado e recebo o abraço do homem, logo em seguida cumprimentando Canan, que pedia desculpas pelo marido. Entre as flores e o vinho, agradeço por me receberem e automaticamente me aproximo de Giovanna, tocando suas costas com carinho. 

— Desculpa... 

— O que? Eu já amei ele. — eu respondo logo. 

Nos sentamos lado a lado, Kemal e Canan no outro sofá e as meninas na poltrona. 

— Finalmente esse jantar saiu. — Canan fala animada, oferecendo os petiscos na mesa. 

— Por um segundo acreditei que Giovanna estava me escondendo. — eu falo, brincando com eles. 

— Eu não... 

— Estava sim. — Naz e Asya falaram ao mesmo tempo, tirando risadas de nós. 

— Em minha defesa, só queria me acostumar com as coisas. — ela fala olhando para mim com aqueles olhos. 

Eu jamais poderia descordar dela. 

O resto da noite corre bem, os tios de Giovanna são muito animados, felizes em estarem fazendo parte dessa fase da vida da mulher, assim como Naz e Asya estavam empolgadas para planejar algumas coisa em breve. 

— Imagino que suas intenções com a minha menina sejam sérias, então. — Kemal me pergunta calmo. 

Olho para Giovanna antes de responder, aperto sua mão. 

— As mais sérias possíveis, senhor. 

— Devo esperar uma boa notícia em breve? — Canan falou empolgada. 

— O pedido está feito, senhora. Basta Giovanna aceitar, e ligarei para minha mãe vir da América. 

— Já passou da hora, Giovanna. — Naz provocou enquanto comia outro Baklava. 

Os olhos se voltam para ela, mas eu me surpreendo ao encontrar os olhos dela fixos em mim. Temo ter falado demais, todo seu rosto com todo respeito. 

— Está tudo bem? Falei demais? — eu sussurro para ela, que nega com a cabeça. 

— Não... e eu acho que deve sim ligar para sua mãe. — ela responde, surpreendendo a todos na sala. 

— O que... está falando sério? — eu pergunto ansioso, meu coração quase parando. 

— Sim. Vamos casar, Alexandre. — ela responde baixinho, mas nosso sorriso não engana ninguém. 

A animação toma conta da casa, e eu a puxo para meu abraço rapidamente. Ela me abraça de volta, sabendo que não vou beijá-la na frente dos mais velhos. Minha alma se eleva, é quase como se eu tivesse sido abençoado bem aqui, apesar de tudo. Nos afastamos e juntamos nossas testas, eu beijo sua mão, evitando cair em tentação. Cumprimentamos as outras pessoas, automaticamente o assunto mudando para melhor época do ano, coisas para o noivado e tudo que envolve a organização de um casamento. 

— Eu vou ligar para a minha mãe agora mesmo! 

Eu peço licença e vou para o lado de fora da casa, meu coração não cabe dentro do peito. Disco o número dela e espero, sabendo que deveria ser começo da tarde onde ela estava. 

Filho! Que bom que ligou, eu já ia... 

— Dona Nilay, precisa vir para a Turquia o quanto antes. Eu vou me casar. — eu falo agitado, animado, ando de um lado para o outro. 

Minha nossa! Meu filho! Com a moça que vinha me falando? Minhas preces foram ouvidas, meu querido! Você falava tão bem dela! 

— Quero você aqui para todos os preparativos, mãe. Vai ser muito importante para nós. 

Eu não perderia isso por nada, amanhã mesmo compro o primeiro voo. George vai ficar tão animado, ele nunca viu um casamento turco! 

Tento evitar o amargor ao ouvir ela falar do marido, sabendo que ela estava feliz também, como bem merecia. 

— Ótimo, me mande os dados, estarei esperando por você. 

Desligo o telefone e olho para o céu. Pego o masbaha no meu bolso e faço minha prece, agradecendo por tudo. Sinto, porém, uma presença atrás de mim. Meu sangue gela quando me viro e vejo quem é. 

— Hakam?


lado a lado Onde histórias criam vida. Descubra agora