— Eu sei que pode, mas acho que você não quer andar sem roupa na minha frente. Correto? — Sua voz soa tranquila, ele me coloca na banheira.

Do lado da banheira, tem uma bandeja com várias opções daquelas coisas de rico, para dar espuma na água. Ele pega um derramando na banheira, logo os jatos começam a fazer espuma, me cobrindo. Só aí, tenho coragem de tirar meus braços sobre meus seios.

Ele sai do banheiro, respiro aliviada por estar sozinha aqui. Ainda chocada que eu tive coragem de me entregar.

Achei mesmo que não teria coragem, quando eu vi o homem entrar na suíte, minha vontade foi de correr, correr pra bem longe. Acabei deixando lágrimas escapar. O surpreendente, é que ele, mesmo sem ter obrigação nenhuma, me ajudou a acalmar. Embarcamos em uma conversa tão tranquila, enquanto bebia o vinho que ele serviu, que quando dei por mim, simplesmente aconteceu.

Meio que rolou, apesar de ter sido necessário pelas circunstâncias. Mas ainda sim, me deixa mal saber o que precisei fazer, por mais que fosse por uma causa maior... Ainda sim, eu vendi meu corpo.

— Aqui. Trouxe vinho, já que você estava bebendo isso antes. — Sou puxada dos meus pensamentos, pela voz rouca. Levanto os olhos, vendo sua mão me estender uma taça.

— Não precisava, mas obrigada. — Sorrio, sem graça.

— Pelo que entendi, temos a noite toda aqui. Correto? — Ele pergunta, entrando na banheiro, sentando a minha frente, suas pernas encostadas na minha, a banheira é grande, mas ainda sim, ficamos encostados um ao outro.

Suspiro. — Sim. Eu achei que era só o ato e pronto. Mas parece que vai pela escolha do cliente... No caso, a sua escolha.

— No caso, escolha dos meus amigos. — Ele sorriu. Me perco no seu sorriso gengival, o sorriso mais lindo que já vi. — Não me olha assim, faz eu querer fazer coisas com seu corpo... Coisas muito gostosas por sinal...

— E-eu...

— Não precisa ficar vermelha, mas confesso que você fica ainda mais linda com vergonha. — Ele ri, tomando mais um gole do seu whisky.

— É estranho isso né? — Deixo meus olhos irem para a parede de vidro ao lado da banheira. Daqui, posso ver as luzes da cidade, o farol dos carros andando nas rua ao longe, as luzes do parque de diversões... A Lua no céu.

Em outras circunstâncias, esse momento seria perfeito. Mas aqui estou eu, vendendo meu corpo em troca de dinheiro, na minha última tentativa desesperada para salvar a vida do meu irmão.

É tão injusto pensar que muitos tem esse lixo todo, gastam com coisas boas, coisas desnecessárias... Enquanto outros, precisa contar os trocados para conseguir ter o que comer... Ou no meu caso, vender a virgindade para conseguir salvar a vida de uma pessoa importante.

— Ei, está me ouvindo? — O homem chama minha atenção, com as sobrancelhas arqueadas.

— Perdão... Eu acabei me deixando levar pelos meus pensamentos.

— Estava perguntando, o que é estranho pra você. Mas você não ouviu né? — Ele fala sorrindo. Que sorriso, meu Deus! Vim esperando um idoso, acabo sendo vendida pra um deus grego desses.

— Desculpa, não ouvi...

— Então me fala, o que é estranho? — Ele pergunta. — Posso? — Ele aponta para o meu lado, será que ele quer sentar aqui? Acendo que sim com. Cabeça, vendi ele levantar e se virar, acomodando seu corpo ao meu lado, ficando de frente para a parede de vidro.

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