02 | I DON'T LIKE YOU

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— É importante para o nosso pai, Melissa. Você nunca vai conseguir compreender que a carreira e a influência do papai são importantes?

E quando eu fui importante para o nosso pai? Tudo para ele é status e poder, mas aonde os filhos entravam nessa história?

— Se essa historinha de importância é para tentar me comover, você falhou – jogo a raquete no chão e o encaro. — Vai embora, Thomas.

— Por que você tem que ser tão cabeça-dura? É só um jantar, meu Deus, ninguém está te mandando para a guilhotina, garota.

É quase que a mesma coisa.

Já faziam alguns meses desde o último "jantar em família" que tivemos e foi uma completa catástrofe.

Terminamos a noite com minha mãe e eu aos berros uma com a outra e com papai tentando controlar a esposa.

Thomas começou a gritar comigo, dizendo que eu não deveria provocar a nossa mãe e que eu estava sendo irracional.

— Não vou brincar de casinha outra vez indo nesses jantares ridículos que a nossa mãe planeja. Você é o filho maravilha, o herdeiro de tudo, pode muito bem fazer esse papel. Façam de conta que eu não existo – suspiro, sentindo uma pequena dor no meu peito. — Ah é, vocês já fazem isso. Sempre fizeram a minha vida inteira.

— Mel...

— Vai embora, Thomas.

Ele levanta as mãos derrotado, e começa a caminhar em direção à saída.

— Eu espero que você mude de ideia e perceba que está agindo como uma mimada.

Ter roupas caras e joias não significa nada quando o único valor que se tem nelas é o preço que foi pago.

Eu te odeio tanto – murmuro, vendo ele desaparecer da minha visão.

Ótimo.

Eu havia desistido da ideia de tentar ter uma relação agradável com o meu irmão. Ele nunca enxergava os meus problemas, mas eu tinha que estar sempre de olhos bem abertos para os dele.

Minha mãe conseguiu o que ela sempre quis. O filho maravilha dela era perfeito, aos olhos dela, óbvio. Mal sabia ela que Thomas era um rato de esgoto que joga tudo para debaixo do tapete.

Pego minha raquete no chão e ligo a máquina novamente, tentando descontar toda a minha raiva nas malditas bolinhas verdes. Depois de um longo tempo rebatendo, dei uma pausa e fui dar uma olhada nas minhas redes sociais.

Havia postado uma foto antes de treinar e já havia várias mensagens me elogiando e claro, de homens dando em cima de mim com cantadas baratas.

Largo o celular e me sento no chão da quadra, as batidas do meu coração ainda estavam muito aceleradas e parece que estou prestes a entrar em combustão. Espero um pouquinho antes de me levantar para ir até o banheiro para tomar um banho e poder ir para casa.

Talvez eu devesse ir até esse maldito jantar, não seria pior do que nas outras vezes.

Desmancho as tranças do meu cabelo e entro na água, deixando que ela deslize lentamente pelo meu corpo. Deslizo os dedos pelo meu couro cabeludo até que uma batida faz meu corpo tensionar por inteiro.

Desligo a água rapidamente e visto apenas a lingerie e uma camiseta grande que eu tinha na bolsa.

O que? Uma mulher precisa andar prevenida.

Se for Thomas com mais uma de suas brincadeiras sem graça, eu irei fazer meus pais gastarem rios de dólares com o velório dele.

Caminho a passos lentos até encontrar uma figura deitada em uma das espreguiçadeiras do clube, a luz suave iluminava seu corpo como se ele fosse uma espécie de aparição divina.

KILLED NIGHT | DEVIL'S NIGHT Onde histórias criam vida. Descubra agora