Quando você decidi começar a plantar um jardim é necessário paciência para que o primeiro botão comece a brotar. Mas todos os jardineiros tem um histórico de plantas mortas.
Diversos problemas podem surgir quando se planta uma flor, se o solo foi bem adubado, se quem está cultivando não está regando demais ou de menos. Uma flor pode morrer com água de mais ou por pouca água. Algumas necessitam naturalmente de mais água, enquanto outras precisam de menos, cabe ao jardineiro perceber e buscar fazer com que regue e cuide direito de seus botões.
O fator paciência deve ser muito bem enfatizado, já que é um processo lento e delicado. As expectativas de como irá se desenvolver ou como irá ser é natural, mas consumir-se a ponto de se inquietar não é bom para o jardineiro e nem para seu jardim.
Então eu, um pequeno jardineiro, que perdeu flores e busca relatar em uma pequena folha, um resumido relato.
Lembre-se, AS PLANTAS FAZEM FOTOSSÍNTESE!
Elas também se cuidam sozinhas.
°°°
Quando eu pensei em começar a plantar um jardim eu não sabia como ia acontecer, eu nem ao menos tinha noção de como fazer isso e se jardinagem era pra mim - o que claramente não é -, mas mesmo assim eu insisti, com medo? Sim, mas algo dizia que poderia nascer algo dali.
Em primeiro lugar, o terreno escolhido escolhido por mim, para muitos é visto como infértil ou de baixa possibilidade de florescer, mas eu vi, mesmo de longe uma parte fértil, eu tinha um pouco de adubo e com o tempo talvez eu conseguisse deixá-lo mais fértil. E eu também não precisava de muito, meu jardim não era pra ser tão grande, eu odeio lugares grandes.
Bem, nem tanto, lugares grandes até que são bons, mas eu cresci em uma grande capela, com um grande jardim morto, que cada vez era jogado mais enxofre em seu solo pelos jardineiros da capela. Lá também eu nunca pude plantar nem que fosse um mísero feijão na parte boa do quintal, que com o passar do tempo foi ficando quebradiço. Por tempos eu dizia a todos que ODIAVA lugares grandes demais, mas por dentro eu só queria um lugar grande o suficiente onde meus problemas fúteis de jardineiro não virassem uma enorme erva daninha e destruíssem qualquer micro broto que nascesse. Será que o espaço é grande o suficiente para ser escolhido?
Voltando, nesse pequeno terreno já passaram diversas "plantas", atualmente todas mortas, não que eu me orgulhe de ter matado tantas plantas, mas a maioria delas eram mato, um mato que minha falta de visão e necessidade de ter um jardim eu deixei crescer e serem levados por outro jardineiro. Talvez tenha sido bom que esse mato todo tenha ido, ao menos provou que o meu terreno era minimamente fértil.
Das únicas "plantas" que brotaram, duas delas eram roseiras. A primeira roseira, eu havia encontrado em um mix de sementes sortidas, eu não sabia o que seria, mas eu plantei. Não sei se foi uma boa ideia, mas o processo foi de aprendizado e pelo menos eu senti seu cheiro doce e leve, mesmo com espinhos deixava eu toca-la. Mas com o passar do tempo essa roseira foi murchando, os pequenos botões apodreciam antes mesmo de nascer e aquelas belas e perfumadas rosas, fediam e se pulverizavam em minhas mãos.
Em partes sua morte foi minha culpa, eu regava demais, colocava adubo demais e a expectativa inserta de que um dia eu a tiraria do pequeno vaso a posta pelo jardineiros anciões da grande capela machucavam suas raízes e as minhas mãos ao tentar coloca-la em lugar mais confortável. Por um tempo eu tentei colocar remédio nela, na tentativa de tratar sua morte - totalmente em vão - . Então, mesmo com a dor de perder aquela planta, arranquei-a daquele vaso e a enterrei nos fundos do terreno, onde ficam todos os resquícios de vida que já existiu.
Cerca de dois anos depois, após mais um praga no terreno, o tal mato, acabei por encontrar uma semente diferente. Mesmo com medo de mata-la a plantei, mas por conta desse medo enraizado, talvez ela tenha adoecido. Talvez não, minha roseira adoeceu.
Os mesmos erros da primeira, somado com toda a experiência cansativa dos matos e com a materiais em falta não deixaram os primeiros brotos florescerem. Mas, como um jardineiro que seja considerado louco por muito outros, eu ainda vejo pequenos botões que possam vir a nascer.
Nesse processo, eu pedi dicas a jardineiros de confiança e tentei por em prática, mas eu sentia que falta mais adubo. Eu coloquei mais adubo, mas parecia que a rosa murchava, mas será que murchava? Porque tinha momentos que a roseira aparentava estar bem verde e forte.
Uma voz também surgiu, ela dizia coisas horríveis e também tinham olhos nos cantos daquele terreno que me aterrorizavam.
Com o passar dos dias eu passei regando, mas sem saber a quantidade de água certa que eu precisava por, nos poucos estudos que eu fiz - em sua grande maioria duvidosos - aquela quantidade de água parecia boa.
A ansiedade para que ela crescesse também era - e é - muita, parecia que se eu cortasse uma folhinha errada eu poderia cortar o caule sensível dela. Mas não foi isso que aconteceu um pouco? Pensei demais, na hora de manter fiz no impulso e acabei deixando por um fio. Se é que ainda tem um fio.
Por que jardinagem é tão difícil, não é que nem nos vídeos de 365 dias de um feijão dentro do copo que passa no Tik tok.
Olhando o resto caído da minha roseira, eu penso será?
Será que um dia em um lugar melhor e com a dosagem certa de adubo, água, espaço e sol ela cresceria?
Será?
Ainda há sementes daquela roseira, mas será que nasceria da mesma maneira que ela nasceria se não fosse tão mal cuidada?
Mas jardinagem leva tempo e processos, onde você se suja, machuca seus dedos tentando curar uma praga, momentos que de fato precise de uma supervisão maior e outros não. Jardinagem é complexo, mas no final talvez valha a pena.
Vale do jardineiro depois de seu processo, mudar e tentar cultivar de uma forma melhor.
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Garden
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