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Olá, cobrinhes! Cês tão bem?
Aparecendo em plena madrugada para compartilhar com vocês a minha felicidade por ter conseguido voltar a escrever depois de um mês tão turbulento emocionalmente. Autor também é gente e também fica na bad, viu?

Eu sou afobado e não consegui me conter de postar o que tinha pronto, então deixo aqui esse mini capítulo só pra dizer que voltei! KSKSK

Vejo vocês lá em baixo <3

___Ω___

Apressando seus passos, as mãos nas patas dianteiras e traseiras, desviavam dos galhos das árvores buscando não perdê-la de vista. Se estivesse com seu elmo em seu alcance, não se importaria de ir mais devagar, não perderia seu faro tão facilmente, mas sem ele era de certo que se perderia. Quando Medusa finalmente parou, estavam as duas no fim do rio, onde as águas doces encontravam as salgadas do mar. Era o verde ameno no azul turbulento.

A górgona estava parada, as cobras com suas pequenas cabeças viradas para seu rosto, e os cabelos esvoaçavam com a ventania possante da maresia.

Lauren gostaria de perguntá-la seus porquês; a razão pelos seus surtos à cada nova descoberta, o que incomodava tanto parecer humana, ou mortal. Tinha seus próprios motivos para sentir orgulho em ser uma, mas para sua ex inimiga as coisas eram diferentes. Sua imortalidade não se baseava em glória, riquezas ou contos épicos, seria para toda a história da humanidade apenas uma criatura temível e horrenda. Parecer uma mulher comum deveria ser uma dádiva, um presente irrecusável; não uma ofensa. A semideusa não era capaz de saber, mas não tardaria para descobrir.

Não era a primeira vez que presenciava seu desconforto estrepidante, eram como as ondas vibracionais em volta delas, quebravam ao seu redor como a eletricidade de um raio. Não deveria ser de sua conta, mas não se considerava uma mulher insensível. Posicionou a corça no chão sem fazer barulho, e voltou para dentro da mata. O estalar oco de suas sandálias na areia se distanciaram e Medusa pôde suspirar aliviada finalmente, se regozijando com a ideia de não estar mais sendo seguida pela ladra que tinha se transformado em seu carrapato.

Puxou as extremidades de suas vestes e sentou-se na areia úmida. O azul parecia esverdear-se em suas íris. Fitava o horizonte e sua mente fazia-se de um barco a velejar. Se pudesse estar em um, longe o bastante de tudo e de todos com certeza estaria.

Ainda que sua melancolia fosse uma ótima companhia, o barulho de madeira seca se chocando ao seu lado despertou-a de sua viagem.

Lauren retornou de repente e ela sequer havia notado, carregando um punhado de galhos secos ou uma quantidade pouca de umidade o suficiente para queimar. Ela arrumou a madeira, e com dois gravetos muito bem posicionados, esfregou até que o fogo surgisse. Medusa não precisava olhar para trás para saber. Manteve-se em seu lugar, indiferente e quieta.

Pelo esquentar da temperatura, se aproximava do meio dia e era de se esperar que os ladrões estivessem a estranhar a ausência das duas. Lauren não se importava, a ponto de calar a própria mente e checar se a fogueira acendia da maneira correta. Com o fogo consumindo o material empilhado, a semideusa imitou a outra, usando as próprias mãos para puxar a pele do cervídeo e em seguida desmembrá-lo. Não demorou nem um pouco e logo estava espetando a carne nos gravetos mais resistentes, apoiando-os todos em uma pedra para que não caísse sobre as brasas. E claro, seu peixe também.

Com os antebraços apoiados contra os joelhos dobrados, ela esperou que a carne dourasse. Uma folha de palmeira foi posta ao lado da górgona e ela deixou uma coxa lá, tirando o braço lentamente, com medo de ter ele arrancado. Tudo o que escutou em resposta foi um som anasalado e confuso, porém o que mais lhe confundiu foi o tremer dos ombros abruptamente. Uniu as sobrancelhas e esperou, até perceber que aquela maldita ria de alguma coisa que não sabia o que era.

Medusa (Camren)Where stories live. Discover now