Convite

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Descrever o que Amaury sentiu ao descobrir que Diego estava prestes a se casar parecia uma missão impossível.

A pior parte? Ter que ler sobre isso nas redes sociais e em páginas de fofoca da cidade. Naquele instante, seu coração parecia ter sido rasgado em mil pedaços.

Mas, apesar da dor, Amaury sempre foi o tipo de pessoa que tentava manter a razão. Ele tinha certeza de que havia algo muito errado naquela história.

Afinal, Diego era gay, e isso não era apenas um detalhe; era uma parte fundamental dele. Não fazia sentido ele se envolver com uma mulher, e muito menos se casar com uma.

E Lavínia? Não que ela fosse uma pessoa ruim, mas, vamos ser sinceros, ela definitivamente não era o tipo de garota por quem Diego se interessaria.

Amaury andava de um lado para o outro, tentando controlar a respiração, até que um grito estridente cortou seus pensamentos.

— Cara, você vai abrir um buraco no chão! — Samuel exclamou, colocando a mão em seu ombro e fazendo-o parar.

— E espero cair dentro dele — respondeu Amaury, com um misto de desespero e ironia.

— Maury, você sabe que vai ter que aceitar essa realidade em algum momento, né? — Samuel coçou a nuca, tentando encontrar um jeito mais tranquilo de abordar o assunto. — Não dá pra ficar aqui no seu apê sofrendo pelo Diego pra sempre.

Amaury o encarou, esperando que o amigo terminasse o raciocínio.

— Eu sei que você amava ele demais, e ainda ama, na verdade. Não consigo entender como ele fez isso com você do nada. Mas a verdade é que você não pode sair por baixo. Ele vai se casar com a menina lá , provavelmente formar uma família ou sei lá o quê, e você vai ficar parado no tempo? Não! Você precisa reagir!

— Você não faz ideia do quanto já ouvi isso antes. Estou só passando por esse luto, sabe? Cada um tem seu jeito de lidar com as coisas.

— Eu sei — o preto disse, se encostando ao lado do outro, olhando-o com carinho. — Vou respeitar seu tempo. Quando você estiver pronto para enfrentar tudo isso, estarei aqui pra te ajudar.

A amizade deles era, sem dúvida, uma das coisas mais preciosas que tinham. Sabiam que, mesmo que o mundo desmoronasse ao redor, sempre teriam um ao outro.

E mesmo em silêncio, se entendiam como ninguém.

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Diferente de Diego, Amaury sentia que o tempo se passava tão lentamente como uma aula de exatas com a professora que você menos gosta.

Amaury estava sentado no sofá assistindo a um filme repetido pela milésima vez, a luz da tarde filtrando-se pelas cortinas, mas a escuridão dentro dele parecia mais densa.

O convite para o casamento de Diego estava jogado sobre a mesa a uma semana, como um golpe traiçoeiro.

Ele não conseguia entender como Diego estava sendo capaz de fazer aquilo.

"Isso é uma piada, não é?" ele murmurou para si mesmo, sua voz embargada pela raiva. "Ele está tirando uma com a minha cara."

Se sentiu como uma piada após receber aquele convite, tanto é que nem se deu ao trabalho de ler.

Mas também não foi capaz de se livrar dele.

O interfone tocou, e ao ouvir a voz de larissa do outro lado da linha Amaury hesitou. Mas não podia ignorá-la.

Ela entrou na sala com uma expressão preocupada após ter sua entrada liberada na portaria.

— Amaury, eu preciso falar com você — começou Larissa, a voz tremendo.

— Sobre o que? O casamento de Diego? Porque eu já sei — ele disparou, a frustração transbordando.

Amaury e Larissa não haviam conversado após o término, afinal, a garota era melhor amiga do ruivo.

Óbvio que ficaria do lado dele.

Larissa respirou fundo antes de continuar.

— Não é bem assim... Diego não queria isso. Ele... ele está sendo forçado.

— Forçado? Como assim? — Amaury perguntou, confuso.

— É o pai dele. Ele ameaçou Diego. Disse que se ele não se casasse com Lavínia, seria um inferno para vocês dois. Ele nunca aceitaria um filho gay e ainda por cima se relacionando com alguém sem patrimônios, ele disse que Diego estava sujando o nome da família — explicou Larissa, os olhos cheios de compaixão.

Amaury sentiu seu coração apertar.

— Mas... e eu? E o que nós tínhamos?

— Diego ama você! Ele só está tentando proteger vocês dois! Você sabe o quando os Martins são influentes, ele só não queria que você se desse mal nessa história — Larissa insistiu. — Você viu o convite?

— Não. — ele respondeu secamente.

— Você precisa ler! Antes que seja tarde! — Larissa exclamou, sua voz quase implorando.

Ela saiu apressada logo em seguida e Amaury ficou ali parado.

a mente girando entre a raiva e uma esperança tímida.

Quando finalmente olhou para o convite novamente, seus dedos tremiam ao virar o papel.

No verso, algo rabiscado chamou sua atenção: "Estou me casando, mas o grande amor da minha vida é, sempre foi e sempre será você. Eu te amo preto, espero que algum dia você possa me perdoar."

Uma onda de emoção tomou conta dele.

Sem pensar duas vezes, Amaury levantou-se abruptamente. Pegou as chaves do carro e saiu em disparada em direção à igreja.

O tempo era curto; ele precisava impedir aquele casamento antes que fosse tarde demais. A vida deles dependia disso.

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