No interior do carro, Minho mantinha as mãos firmemente no volante, os olhos focados na estrada à frente. O ambiente no veículo estava carregado de tensão, embora ambos soubessem que, atualmente, cada passo tinha de ser cuidadosamente calculado. Estavam no centro de uma caravana de veículos da máfia, com carros à frente e atrás, formando uma barreira protetora em torno deles. O objetivo era claro: entregar as provas que retirariam as acusações de assassinato de cima de Jisung.

— Hannie, estás bem? — Minho perguntou, lançando um olhar breve ao lado, onde Jisung estava sentado. O ómega mantinha os olhos fixos na estrada à frente, calado, e o seu cheirinho de chocolate com caramelo a inebriar todos os sentidos do alfa, o que claramente lhe preocupou.

— Estou... Só um pouco nervoso — admitiu Jisung, os dedos a brincar nervosamente com o cinto de segurança. — Prometi ao Innie que não iria para a prisão, mas agora duvido de tudo. Inicialmente, o meu plano era provar que não era o assassino. O Yohan voltou e desestabilizou todos os meus planos.

Por breves momentos, muito breves mesmo, Minho chegou a pensar que o namorado estivesse melancólico, medroso e à beira de um colapso. Mesmo Jisung não ser do tipo que se deixava abater facilmente, a pressão das últimas semanas, a perseguição de Yohan, e a incerteza do futuro pareciam estar a atingir o seu ponto de rutura. Logo percebeu o erro na interpretação assim que ouviu a próxima frase de Jisung. O ómega não estava apenas ansioso ou preocupado. Ele estava irritado, furioso de uma forma que antes Minho via quase frequentemente. O cheiro de chocolate com caramelo estava mais intenso, quase sufocante, e Minho soube imediatamente que aquilo não era só nervosismo. Era raiva.

— Hannie...

— Não! — Jisung interrompeu, subindo num tom irritado. — Ele arruinou tudo, Minho! Eu estava tão perto de resolver tudo, de provar que sou inocente. Mas aquele desgraçado voltou e virou a minha vida do avesso outra vez! Como ele ousa? Como ele se atreve a aparecer depois de tudo?!

— Hannie... — sentindo a frustração no tom de Jisung, lançou-lhe, por alguns segundos, um olhar preocupado. Precisava de acalmar o ómega antes que o stress tomasse conta, portanto, suavemente, levou a mão direita à coxa esquerda alheia, apertando-a levemente. — Respira fundo, e fala o que sentes calmamente, por favor. Fala comigo.

O ómega fechou os olhos por um momento, tentando acalmar a tempestade de emoções que fervilhava dentro dele. As suas mãos, pálidas de tanto apertar o cinto de segurança, tremiam ligeiramente. A pele pálida, quase translúcida, parecia ainda mais frágil sob a luz suave que entrava pelas janelas do carro. O cabelo loiro, cortado de forma simples, emoldurava-lhe o rosto angelical, os fios caindo-lhe sobre a testa, enquanto algumas mechas lhe tocavam a nuca e as orelhas. Naquele momento, o que mais se destacava eram os olhos. Normalmente brilhantes e cheios de vida, estavam carregados de uma fúria contida, as íris castanhas escuras quase parecendo tempestades prontas a explodir.

— Eu só... — começou, mas as palavras morreram-lhe na garganta, substituídas por um suspiro pesado. Apertou o cinto de segurança com mais força, os seus dedos quase a ficarem brancos com o esforço. — Estou... cansado. Estou farto de ter de lutar a cada passo do caminho, enquanto pessoas como o Yohan aparecem do nada e destroem tudo pelo que trabalhei. Não sou uma vítima indefesa, mas parece que todos à minha volta me veem como um alvo fácil. E isso... isso está a matar-me por dentro.

— Sei que estás irritado, e tens todo o direito de estar, loirinho — o alfa sabia que o namorado tinha enfrentado mais do que o seu quinhão de dificuldades, mas vê-lo naquele estado, onde a raiva e a dor se misturavam tão intensamente, era algo que lhe doía profundamente. Ele queria dizer algo, qualquer coisa para aliviar o peso que o namorado carregava. — Eu também estou. Mas deixar que essa raiva nos consuma agora só dará ao Yohan exatamente o que ele quer. Ele quer que fiquemos desestabilizados, que cometamos erros.

Na Teia do Perigo - Minsung ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora