𝐀𝐤𝐞𝐦𝐢 ✧ 𝐃𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐝𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐚 𝐋𝐮𝐚 ☽☾

✧ 2 • A Ameaça Lunar

O dia da chegada de Sunmi foi quando a minha vida mudou completamente. Gostaria muito de dizer que foi por causa do nascimento dela.

Mas não foi.

⋯☽☼☾⋯

Eu saio correndo com a Sunmi nos braços chorando muito. Tentava me lembrar o mesmo caminho que fiz enquanto corria atrás daqueles caras, mas o desespero era tanta que não prestei muita atenção. No mesmo instante, um pequeno feixe de luz aparece no chão. Imaginei que era o caminho certo para fora do bosque, então eu o sigo.

Consegui voltar para cidade. Vejo minha casa em frente, mas tive medo de voltar e ver meus pais mortos no chão. Depois de um tempo, eu enfim crio coragem de entrar. Eu entro, olho para o lado oposto que eles estão e coloco a cabeça de Sunmi para o mesmo lado que eu. Passo pela sala e entro no corredor onde fica os quartos. Entro no quarto dela, pego a mala maternidade, encho com coisas básicas dela e saio pela janela. Tampo a Sunmi com uma cobertinha dela para não ser muito molhada pela chuva (mais do que já está). Não sabia exatamente para onde ir, até lembrar da casa dos meus tios. Saio correndo até lá. Não é muito longe de casa.

Chegando lá, eu bato na porta com esperança de estarem acordados, até meu tio Yoshi abrir a porta.
– Stella? O que está fazendo aqui essas horas? E por que está molhada? - Eu não consigo nem falar direito, apenas pefi para que pegue a Sunmi - Aqui, as coisas dela. - Percebo a cara de confuso do meu tio. Ele pede para eu entrar para não ficar na chuva, então eu entrei.
– Stella? O que aconteceu? - Eu tentei me acalmar, enquanto meu tio me cobria com uma toalha e uma coberta e minha tia estava com Sunmi. Consigo organizar meus pensamentos, então começo a explicar. Minha tia ficou desesperada ao saber que a irmã dela morreu.

Depois de me aquecer, decidi ir embora, para onde? Não sei, só queria ir embora. – Não, querida! Fique! Eles podem vir atrás de você!
– Não, tia. Preciso ir, mas prometo que volto.

Saio da casa dos meus tios, enquanto eles me observam na porta. Eu dei um beijo de despedida na minha irmã antes de sair. Eu prometi que voltaria, mas não sabia quando. Na verdade, não sabia nem para onde iria, eu só queria sair da cidade.

A vida noturna em Tsukiakari era bem ativa. Tinha bares, empresas ainda ativas, lojas, festas. Eu caminhava pela calçada com de poças de água, com os braços encolhidos, a roupa molhada, e sendo encharcada pela chuva que parecia não parar nunca. Sentia meus olhos ardidos por chorar tanto. Não sabia o que tinha acontecido, o que fazer futuramente, só queria matar os mesmos que mataram meus pais. A tristeza se misturava com o ódio que eu sentia, e não é algo saudável para uma criança de 7 anos. Eu era tão feliz, minha vida era feliz.
–Ei mocinha, cuidado! - Enquanto eu andava, não percebi que tinha pessoa na minha frente, e acabei me esbarrando nela. Era uma mulher alta, pele pálida, loira e de olhos escuros. Estava com um coque, um óculos preto e um sobretudo bege. Além de estar com um guarda-chuva preto.

– Ah, me desculpe... Eu não tinha visto a senhora... – Ela percebe que eu era apenas uma criança perdida na cidade.
– Você... Está bem? Parece perdida. – Eu não consigo explicar para ela minha situação, porque minha boca estava roxa de tanto frio e eu não parava de tremer. Ela percebeu o meu estado, então se ofereceu para me ajudar.
– Eu estou indo para casa Agora, quer vir comigo? – Eu confirmo com a cabeça, els tira o sobretudo e me cobre. Vamos até o carro dela e eu entro no banco de trás.

Enquanto ela dirigia, eu assistia a cidade passando pela janela do carro.
– Então garotinha... Pode me dizer o seu nome? – Eu estava tão atordoada que não conseguia dizer o meu próprio nome direito, mas fiz um esforço para responder, com a esperança dela me entender e me ajudar.
– Ste- Stella Mi- Miyazaki.
– Hum, Stella Miyazaki. Pode me chamar de Emi. Quantos anos você tem, Stella? Parece muito nova para estar andando sozinha na rua essas horas e durante essa chuva forte.
– Tenho 7 anos... – Consigo sentir o espanto dela, mesmo eu não tendo a visão do rosto dela.
– Entendi, Stella. Acredito que esteja com muito frio no momento. Vou evitar as perguntas até amanhã, quando se recuperar. – Ela diz com uma voz gentil e compreensível. Ela parece ser boa com crianças, tem o perfil de ser professora ou algo do tipo.
– Com o que você trabalha?
– Sou uma cientista. Trabalho no Instituto de Ciências e Pesquisa de Akai Taiyo. E também já dei aulas de ciências na escola e em universidades.
Ela é uma cientista e professora, eu achei incrível.