Preparem os lenços. A conversa em Paris não vai ser fácil.
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2019
Berlim, AlemanhaPela primeira vez na sua carreira, Rebeca pousou em uma cidade em que iria competir sem sua equipe. Saiu do avião sozinha, com uma mala que trazia collants e moletons de patrocinadores, mas também roupas para uma semana pela Alemanha.
Como alguns dias de suas respectivas competições iriam coincidir, as duas decidiram chegar uma semana antes para curtir o país antes dos trabalhos em Stuttgart. Depois, Simone iria para um evento em Londres e Rebeca voltaria para o Brasil.
Quando saiu na área de desembarque, Simone já estava lá com uma pequena placa de “Mss. Andrade” nas mãos que fez Rebeca dar uma risada enquanto caminhava até ela.
Simone ajudou a diminuir a distância entre elas, encontrando-a no meio do caminho. Rebeca tinha um frio na barriga durante todo o dia, mas ao ver Simone parada, ali, a ansiedade pareceu ir embora para dar lugar a um calor confortável no seu peito.
“Oi.” Simone falou em português e não importava quantas vezes Rebeca ouvisse, sempre achava adorável o seu sotaque.
Rebeca encerrou a distância entre elas, abraçando-a com certa timidez. Simone entrelaçou os braços em suas costas, seu rosto na altura do pescoço de Rebeca. O cheiro da brasileira invadiu seus sentidos.
Depois da noite de réveillon, poucos foram os dias em que não se falaram. E a cada ligação, maior era a vontade de não desligar.
Simone queria beijá-la.
De repente, percebeu quão óbvio isso era, quão absurda era a ideia de passar um minuto a mais sem senti-la.
Agora estava aqui, tinha sua pele contra a de Rebeca e a brasileira ensaiou encerrar o abraço, mas Simone não permitiu. Segurou-a mais forte, aconchegando-se mais nesse encontro enquanto deixava um suspiro escapar.
Como pode ela ter sentido falta de um colo que teve por tão pouco tempo, meses atrás? Simone culpa a conexão natural que sempre teve com Rebeca, e que só cresceu apesar da distância encurtada dia após dia pelo digital.
Quando finalmente terminaram o abraço, Simone reuniu todas as suas forças para não ceder a vontade de beijá-lá. Vontade que só crescia e descia até o seu ventre com a forma como Rebeca olhava para seus lábios com as pupilas negras.
Ela queria muito ceder, mas não o faria porque ali, sentindo a forma que Rebeca a deixava extasiada, decidiu que não queria estragar isso. Aliás, decidiu que existia algo ali, pelo menos pra ela, e isso era precioso.
Elas saíram do aeroporto de braços dados, conversando sobre como havia sido o voo. Simone não pode deixar de sentir a leveza em poder andar junto de Rebeca, na proximidade em que queria, sem ter que ficar olhando para os lados ou por cima do ombro como no Catar.
Chegaram ao carro que Simone havia alugado e Rebeca pulou no banco do passageiro, com a estadunidense assumindo o volante.
“Tenho uma coisa pra te falar.” Simone começou.
“Hum?”
“Daqui alguns dias é meu aniversário.” A atleta olhou para o lado, esperando uma reação de Rebeca. Quando não viu nenhuma, franziu o cenho. “Você já sabia?”
“Claro.” Rebeca deu de ombros. “Você é a maior ginasta do mundo, Simone, e eu sou uma ginasta. É óbvio que tive a minha fase obcecada por você.”
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sob seu olhar | Rebeca Andrade & Simone Biles | Rebiles
FanfictionRebeca Andrade não surta. Isso é algo publicamente conhecido e que ela, particularmente, se orgulha muito. Então, veja, é de se compreender que Flávia Saraiva esteja completamente desconcertada e Lorrane Oliveira queira lhe arrancar o celular da mã...