Sempre gostei de fazer surpresas, e era algo que se passou em minha mente, desde o momento em que combinamos de não saber o sexo até o nascimento. Fiquei divagando muito sobre aquilo, ainda mais, pelo fato de que seria um grande marco para ambos.
— Obrigado por estar aqui. — falei por fim, e Nina me encarou, sentando-se ao meu lado na recepção. — Acho que estaria a ponto de explodir de ansiedade sozinho.
— Sempre amou fazer surpresas, mas nunca conseguiu ir em frente. Não de forma que a outra pessoa não desconfiasse. - Sei disso pelos meus aniversários surpresa nada surpreendentes. — Sorri, pois sabia que era um fato. — Se conseguir ver o sexo, acha que vai se conter e não contar até ele chegar? — indagou e assenti rapidamente.
— É o que espero. — Encostei a cabeça contra o estofado macio. — Se der certo, preciso pensar em como vou fazer essa surpresa. — comentei e fiz uma careta. No fundo, era péssimo com aquilo.
— Ainda bem que tem uma irmã mais velha perfeita que pode te ajudar. — Piscou e levou uma de suas mãos para minha barriga. — Aqui é a tia favorita, vamos guardar esse segredo, bebê.
Balancei a cabeça sorrindo.
— Macau te esgana se ouvir isso. — Nina deu de ombros, claramente, não se importando.
— Vou ser a tia favorita, disso, não temos dúvidas. — Piscou e sorri abertamente.
Minha irmã era um exemplo de pessoa com autoconfiança.
Aprendi com ela a ser daquela forma, mas nunca, chegou ao patamar que ela conseguiu. Era como se Nina jogasse todas suas inseguranças para debaixo do tapete, e nunca as retirasse de lá. Sabia que era tão humana quanto eu, quanto qualquer um, entretanto, admirava a força que ela mostrava. Ainda mais, por ser real.
— Tô achando isso muito foda! — falou baixo, assim que a médica saiu para pegar algo e revirei os olhos, deitada na maca.
— Ela ainda nem mostrou o bebê.
— Mesmo assim, está falando com um fã de Grey's anatomy. E temos que concordar que ela é a cara da Cristina! —comentou e bufei. — O que foi?
— Esqueceu que foi ela quem deu em cima de Vegas? — indaguei e Nina mudou o semblante no mesmo instante.
— Apaga isso! — levantou as mãos em sinal de rendição.
— Acabo de lembrar porque tinha ranço da sua médica antes mesmo de a conhecer.
— Pronto!
A voz feminina tomou conta do ambiente e não sabia onde enfiar minha cara. Nina fez a plena, como se não acabasse de declarar seu não amor pela outra mulher, e tentei fingir que estava focado na tela ainda em preto do meu lado direito.
— Então, acabamos de completar os quatro meses de gestação. — falou e agradeci internamente por ela entender que não funcionaria com semanas.
— Pensei que ainda faltasse um pouco para isso. — Nina comentou e a olhei com o semblante indignado. Ela não prestava atenção nos detalhes que lhe passava, não mesmo.
— Não, já passamos das quatorze semanas de gestação, portanto, estamos nos quatro meses, e segundo trimestre. — explicou e assenti, mesmo sabendo que quando se tratava da gravidez, com certeza, não era mais de exatas. — Então, vão querer mesmo saber mais sobre o bebê? — indagou e abri a boca para responder, mas não soube o que dizer.
O que Vegas e eu conversamos e combinamos com ela antes, era sempre saber apenas se o bebê estava bem. Nunca falamos abertamente do que poderíamos não saber.
— O mais quer dizer o sexo, não é? — indaguei e ela assentiu.
— Como não tem caso de gêmeos na família, não levantei essa questão. — comentou e arregalei os olhos. — Porém, cabe a vocês decidirem se querem ou não saber sobre. Sempre me pediram sigilo sobretudo.
— Nunca soube que tudo incluía isso. — Soltei e o sonho que tivera há várias semanas, me arrebatou com força.
— Pete... — Nina tentou falar, mas não lhe dei ouvidos.
— Quero saber tudo! — falei, já sentindo a ansiedade me consumindo.
— Pois bem. — A médica piscou e começou a fazer seu trabalho. A mágica aconteceu. — Ali está o bebê que sempre vemos. — comentou e encarei a tela, com os olhos marejados. — Mas algo que nunca indiquei e percebi na última ultrassom foi que ele cobria o outro, não dando a visibilidade que precisávamos para notar.
— O que? — Nina praticamente gritou, enquanto fiquei paralisada, encarando a tela.
— São meninas? — indaguei, deixando as lágrimas descerem. A médica me encarou e sorriu, assentindo.
— Instinto materno nunca falha. — comentou e mudei meu olhar para Nina, que me encarou perplexa, e trazia consigo, lágrimas no rosto.
— Nosso progenitor era gêmeo. — falou baixo, e tudo fez ainda mais sentido em minha mente. Sequer sabia sobre aquilo.
— Isso faz todo sentido. Querem ouvir os corações? — indagou e assenti, já sem conseguir me conter.
Tum tum tum... Dois sons praticamente iguais ecoavam pela sala. Ora uma, ora outra. Meu coração quase saía pela boca. E em minha mente apenas repassava que não existia surpresa maior que aquela. A melhor surpresa em todo inesperado de ser pai. Eram duas partes de mim expostas, tendo voz. As melhores, com toda certeza.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
REJEITADO
FanfictionA vida de Pete Saengtham poderia ser numerada em confusões. A primeira: a atração inevitável pelo chefe. A segunda: em algum momento, deixar-se mergulhar tão a fundo, a ponto de se apaixonar por ele. A terceira: não conseguir superar o sentimento e...
Capítulo 32
Começar do início