Capítulo 2

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Lee Know acordou com o som insistente do alarme às sete da manhã. Ele tinha uma rotina rígida que seguia religiosamente: acordar, tomar um banho, vestir-se, escovar os dentes e, antes de ir ao trabalho, passar na confeitaria de seu irmão, Felix, para tomar café.

Enquanto caminhava em direção à confeitaria, uma notificação surgiu em seu celular. Era sobre as datas da turnê de sua banda favorita. Ele ficou surpreso ao ver que o último show seria em New Orleans. A cidade não costumava receber muitos shows além dos tradicionais de jazz, o que tornava a novidade ainda mais inesperada e empolgante para ele.

Chegou à confeitaria com um sorriso no rosto e, ao ver seus amigos já sentados em uma mesa, foi se juntar a eles.

— Qual é o motivo desse sorriso? — perguntou Seungmin, seu amigo e colega de trabalho, curioso.

— Deve ser algo relacionado ao trabalho, esse aí não tem outro motivo para sorrir — brincou Jeongin, rindo da própria piada, até receber um tapa de Lee Know.

— Totalmente desnecessário — resmungou Jeongin, massageando o próprio braço.

Felix chega na mesa com alguns doces e café.

— Eu sei por que ele está sorrindo — disse Felix, orgulhoso. Seungmin e Jeongin o olharam curiosos. — Aquela banda de góticos que ele gosta vai fazer show em New Orleans. — Felix lançou um olhar para Minho, esperando confirmação. — Não é?

Lee Know confirmou com a cabeça e acrescentou:

— Não é uma banda de góticos.

Ele tomou um gole de café enquanto Felix se sentava junto com os amigos.

— Não é uma banda de góticos? Eles literalmente fazem cosplay de vampiros — Seungmin comentou, revirando os olhos. — Além disso, você é totalmente contra vampiros. Qual é o sentido de gostar de uma banda dessas?

— Ele também gosta de Crepúsculo. Vai lá, Lee Know, pode contar. Eu vi sua coleção escondida entre o Código Penal e algum outro livro de autoajuda da última vez que fui na sua casa — Jeongin riu, e os outros dois meninos se juntaram à risada.

— Gostar de Crepúsculo não vem ao caso! E, além disso, eu odeio vampiros da vida real, não os da ficção — ele deu de ombros, emburrado. — De qualquer forma, vocês não têm escolha, vocês vão comigo! —

Os três meninos se olharam e perceberam que realmente não podiam deixar o amigo ir sozinho. Lee Know sempre fora um bom amigo para todos: ajudou Seungmin a conseguir um emprego em seu escritório de advocacia, apoiou Felix quando ele decidiu que não queria caçar vampiros e sempre deixou a porta aberta para Jeongin estudar em sua casa. Com isso, todos concordaram com a cabeça. Eles iriam ao show com Lee Know.

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A banda pegava seu primeiro voo a caminho da turnê. A primeira parada seria na Flórida, e todos estavam animados. Eles já haviam feito alguns shows antes, mas dessa vez seria uma turnê por todos os Estados Unidos. Jisung estava sentado em uma poltrona de frente para Hyunjin, observando o amigo mexer no celular.

— Perdeu alguma coisa em mim? — Hyunjin riu e olhou para Jisung.

Jisung acompanhou a risada. — Só notei que você está sem o colar...

Hyunjin, surpreso, levou a mão ao pescoço. — Que estranho, sempre estou com ele.

Ele checou os bolsos e a mala de mão, até que encontrou o colar em um bolso escondido. — Achei! Pode ficar tranquilo, o colar está sempre comigo.

Jisung sempre ficava atento a Hyunjin; queria cuidar do amigo do mesmo jeito que Chan havia cuidado dele. O colar que Hyunjin usava era o antigo de Chan, com o formato de uma nota musical. "Não sei por que Channie quis mudar o pingente depois de tanto tempo usando o mesmo...", pensou Jisung. O novo pingente de Chan agora tinha o formato de estrelas, combinando com o de Jisung.

Chan foi transformado na Idade Média; ele é um dos vampiros mais antigos ainda vivos. Sempre conseguiu se misturar com os humanos, e, sempre que perguntava como ele conseguiu, ele apenas respondia com um "sei lá, mano" e dava uma risada logo em seguida.

Changbin quebrou o silêncio: — Gente... como vocês vão fazer para comer durante as viagens? Tipo, no avião não tem como... — Ele olhou em volta, preocupado. — Eu não quero ser a única fonte de sangue de vocês.

Bangchan riu. — Você sabe que, se a gente tomasse seu sangue, você nem lembraria, né? Podemos apagar sua memória.

Changbin lançou um olhar sério para Bangchan. — Nem brinca com isso, maluco!

— Calma, Binnie. A gente trouxe nossos "sucos de caixinha" — Hyunjin piscou e, com um sorriso, pegou uma garrafinha, balançando-a na frente de Changbin.

— E quando a gente pousar vai ser fácil, arranja alguém da uma mordida toma o que precisa e apaga a memória — Jisung completa.

Os dois vampiros concordaram com a cabeça, e Changbin revirou os olhos.

Para Jisung, era óbvio que Binnie tinha dificuldade em aceitar o modo como eles viviam. Até ele próprio tinha. Jisung não gostava de ter que beber sangue fresco toda vez, mas o sangue de "caixinha", como Hyunjin dizia, não saciava completamente o apetite deles. E, sendo sincero, assaltar bancos de sangue era complicado.

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O dia de Lee Know estava passando rápido desde que descobriu que sua banda favorita faria um show em New Orleans. Normalmente, ele odiava ficar revisando casos e provas, apesar de ser um dos melhores advogados criminais da cidade. Ele tinha seu próprio escritório, onde trabalhava apenas com Seungmin, que estava melhorando rapidamente no trabalho.

Lee Know estava revisando novamente um caso de uma mulher que foi encontrada morta na rua principal, com duas facadas. Era um caso antigo, mas ele ainda sentia que algo estava errado. Não era o primeiro corpo a aparecer assim; embora esses crimes tivessem ocorrido há anos, ainda não parecia certo para ele.

— Revendo esse caso de novo? — Seungmin entrou no escritório de Lee Know, franzindo a testa. — Não sei por que você é tão obcecado por ele. — Ele se sentou em uma poltrona.

— Olha isso, Seung — Lee Know apontou para os arquivos e fotos espalhados sobre a mesa. — 1920, cinco mortes desse jeito, depois, em 1926, mais cinco mortes idênticas. Não faz sentido! E o mais recente, em 2018, com o mesmo modus operandi!

— Você sabe que é apenas um advogado criminal, né? — Seungmin olhou para os arquivos com desconfiança. — Por mais estranho que seja, a polícia já fechou o caso. Não podemos fazer nada. Além do mais, o último crime foi em 2018.

Seungmin se levantou, ajeitando a postura. — Esquece isso. A gente tem trabalho pra fazer. — Ele saiu da sala, deixando Lee Know sozinho com seus pensamentos, ainda intrigado com o mistério.

Lee Know observou Seungmin sair do escritório e depois voltou a olhar para os arquivos, antes de guardá-los novamente. Para ele, todas essas mortes tinham sido cometidas pela mesma pessoa. O que mais incomodava, porém, era o fato de que os corpos das vítimas dos anos 1920 eram encontrados completamente sem sangue.

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Esse foi o segundo capítulo! Foi um pouco mais curtinho... Mas espero que tenham gostado! 🩸🤍

Just A Bit Of BloodWhere stories live. Discover now