— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, num tom de voz baixo, apoiado na janela.

— Eu vim te ver! Queria conversar um pouco.

— Espera aí! Vou te ajudar a subir. — Digo, saindo pela janela, estendendo uma mão para Eduarda, enquanto a outra impedia meu corpo de cair, me segurando na janela. Me abaixei lentamente para tentar chegar mais perto dela, que tomava distância para tentar pular e agarrar minha mão, suponho eu.

Ao correr, ela salta, pegando impulso em um pequeno poste perto dela, conseguindo se apoiar no telhado, com dificuldade. Foi uma cena engraçada de se ver. Após rir um pouco, logo a ajudo a subir.

— Meu Deus, que coisa difícil. Parecia fácil nos filmes de ação.

— Pois é, só nos filmes. — Endireito meu corpo e me sento ao seu lado. — Agora, me fala. O que você veio fazer aqui? Já passa das onze. Seus pais brigaram de novo?

— Não, eu apenas vim conversar. Meus pais estão bem, aliás, era sobre eles que eu queria falar. Eles querem te conhecer, João.

Eu arregalei os olhos, surpreso com o que ela havia dito. Eu tinha me esquecido completamente desse pequeno detalhe. Isso não seria um problema, eu apenas entrei em pânico por um momento por não ter pensado nisso antes.

— Ah... Verdade. Caramba, só de ouvir isso, eu já sinto calafrios.

— Qual é? Eles não são monstros.

— Mas são seus pais! Afinal, você contou para eles que estamos namorando?

— Contei. E você? Contou para sua mãe que estamos namorando?

— Ainda não encontrei um momento bom para falar com ela sobre isso...

— Ela com certeza já deve suspeitar. Desde a última vez que estive aqui, com certeza ela tem suspeita de alguma coisa.

— Eu não duvido. Sabe como que é a minha mãe, ela tem um sexto sentido!

— Pois é, toda mãe tem isso. Ainda não acredito que ela acreditou no que eu disse.

— Ela viu sinceridade nas suas palavras. Você tem um dom de conversar que eu certamente não tenho.

— Com o tempo, você adquire esse talento. — Ela diz, me dando um leve tapa nas costas. Nós rimos juntos.

— Ah, eu nem te contei. Acabei de ganhar uma guitarra. Não só uma guitarra, a guitarra do meu pai.

— Sério?! Caramba, que maneiro! E você sabe tocar?

— Mais ou menos. Eu vou aprender de verdade, e quando eu aprender, eu toco para você.

— Seria uma honra te ouvir tocar. — Ela diz abrindo um sorriso.

Com o passar dos minutos, a tensão e tristeza que restava dentro de mim haviam sumido. Ela tinha uma calmaria e uma felicidade que eram contagiantes. Ela era incrível.

Enquanto ela falava, eu apenas a admirava, pensando: Como ela veio parar na minha vida tão de repente? O que ela viu em mim? Como eu, um ser humano completamente isolado de tudo e todos fiquei com uma garota como ela? Tipo, ela virou minha vida de ponta cabeça, mas num bom sentido.

Meu coração disparou. Era como se inúmeras borboletas invadissem meu estômago e

Eu sentia uma sensação dentro mim que eu não sei explicar. Eu não sei o que era, mas sei que apenas deixei rolar.

— Eduarda... Eu te amo. — Digo a olhando nos olhos. Num rápido movimento, ela se vira em minha direção e me encara de volta com um olhar doce, enquanto abria um lindo sorriso aos poucos.

Por mais que eu ainda estivesse um pouco triste pela morte do meu pai, eu me sinto cada vez mais confortado pelos meus parentes e pela Eduarda.

Eu nunca estive tão próximo da minha família como estou agora. A sensação de estar com eles é realmente muito boa, não sei a razão pela qual fugi disso por tanto tempo.

E a Eduarda... Bom, eu nem sei o que dizer. Se eu pudesse, eu ficaria horas falando sobre ela e sobre as sensações boas que ela me trás, que são muitas. Já disse uma vez e digo de novo: ela é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Meu pai amaria conhecer ela...

Um Novo Eu - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora