Era estranho, ter ele ali depois de tanto tempo e ao mesmo tempo parecer que não. Ele chegou alguns dias antes e a primeira coisa que ele fez quando as câmeras estavam longe, foi pular nos meus braços. Como se a distância não importasse, nos beijamos, como se não tivéssemos mais o que conversar, transamos e como se não houvesse mais tempo para nos dois, nos amamos, dormindo ao som de juras idiotas de amor. Mas o dia nasceu e eu voltei a rotina do trabalho. Sabia que iríamos viajar, sabia que a empresa apoiava e me foi repetido algumas vezes que estaríamos seguros, que podíamos ser nós mesmos. Mas, até que ponto? São onze anos de câmeras, desde 2017 tentando esconder o que era óbvio. Óbvio é que cada vez estava mais óbvio.
Esse era o acordo, nós sempre seríamos sete, sete ou nada, isso que falamos quando decidimos não esconder mais. Não apenas nos, mas todos, cada um querendo a liberdade da própria vida. Então, eu deveria confiar nas câmeras. E não consegui.
Agarrei sua mão em silêncio quando falamos da viagem e no trajeto até a região interiorana, minhas frustrações apareceram um pouco. Reclamei que ele não me procurou de forma totalmente injusta, só porque ele estava ocupado demais com a agenda e eu na minha. Tentei o irritar, o provocar e entrar em sua pele, mas ele é ele e ninguém além de Park Jimin puxa minhas cordinhas, então tudo acabava em risos. Um riso que eu sentia falta, mesmo nas chamadas de vídeo, nos áudios e nas incontáveis mensagens, ouvir ele rir de perto ainda era minha felicidade máxima. O riso dele era meu riso, sempre foi, nunca consegui segurar o sorriso quando ele ria. Então, ouvir ele rir tão bonito blindava aquele carro das câmeras, dos olhos curiosos, era só eu e ele... até eu olhar para a frente e ver tantas câmeras aderidas ao próprio carro.
Desacompanhados mas nunca sozinhos.
Jimin parecia não ligar, como sempre, Jimin nunca ligou. Quando queria me deixar feliz ou buscar algum carinho, fazia, menos do que o normal, mas fazia. Pulava no meu colo, me abraçava, fazia piada, me batia, eram tantas formas que ele tentava demonstrar um pouquinho do seu carinho e eu não conseguia ser assim. Mal controlava meus olhos, minhas ações. Como nossos fãs sempre falaram, eu era um satélite. Aparecia ao seu lado ou meus olhos pousavam nele e era tão natural que eu temia um pouco o que aconteceria se eu tentasse mais. Quase aconteceu nas inúmeras vezes que ele chegou perto demais e meu cérebro precisou de segundos para lembrar que não podíamos, que se eu beijasse ele no palco, ninguém aguentaria as consequências. Ele conseguia ser meu sem ser na frente de quem fosse, escondendo por trás de ser "presente para os fãs". Até criamos códigos! Claro, alguns notavam, e claro que nós dois estamos cientes do tipo de atenção indesejada que isso atraia para Jimin. Ele, por sua vez, claramente não se importava, repetia que não seria falso, que não agiria falso e que não deixaria de me tratar como gostávamos. É, eu sempre fui o bobão. Muito do que ele fazia era pra me deixar bem e eu tinha que me conter porque até nossos hyungs sabiam que eu não conseguia me controlar direito perto de Jimin. Aliás, devia muito a Namjoon e Jin por me ensinarem a disfarçar melhor. Quando era mais novo, foi caótico. Acho que todo mundo notava o quanto eu queria ele.
Eu era inseguro e incontrolável, mas não Jimin. Jimin não ligava e forçava os limites das repercussões. Que a mídia, os fãs e o mundo caíssem sobre ele: Jimin não me deixaria de lado, sob qualquer circunstância. Como agora, com um cronograma surreal e uma viagem extremamente longa e cansativa para apenas cinco dias, Jimin estava ali, viajando comigo.
Jimin tinha um coração de ouro que foi cuidadosamente dedicado a mim. Então, é, mesmo que meu nervosismo aparecesse, ele ria. Jimin não deitava pra mim, não deixava o clima ficar ruim, e ele sabia como me acalmar. Por isso estávamos juntos e felizes a sete anos.
Meus desconfortos passaram a ser permeados da vontade de fazer ele pagar pelas piadas, era uma coisa nossa: ele insistia em me irritar ciente de que depois não ia aguentar eu revidando. Era divertido, Jimin era forte e flexível, mas sempre se rendia rapidinho, pronto pra um abraço e alguns beijos... Talvez algo a mais, quase sempre algo bem a mais. O que fazer? Era nossa coisa, nossa brincadeira, uma coisa divertida que eu não sabia ate que ponto poderia levar agora.
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We are sure.
FanfictionA escapada em Nova York começa e Jungkook estava no céu por ter um tempinho com seu amor, mas ele ainda tinha medo de colocar tudo a perder depois de anos de segredo bem escondido e haviam câmeras demais para que pudesse verdadeiramente aproveitar...