café

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O ambiente estava acolhedor, e o relógio já marcava cerca de três horas da tarde. A luz do sol entrava pela grande janela, iluminando o espaço com um brilho suave. O ar-condicionado mantinha o apartamento fresco, trazendo um alívio confortável ao calor cruel de Belo Horizonte. As duas estavam no sofá, uma em cada canto, mergulhadas em uma conversa animada, compartilhando histórias sobre o respectivo esporte de cada uma.

Gabriela, completamente à vontade, estava largada no sofá, com uma perna dobrada preguiçosamente e os braços soltos ao lado do corpo. Tinha abandonado o moletom preto que vestia mais cedo, e agora trajava uma camiseta branca. Seu cabelo ainda preso em um coque, e com a cabeça repousada contra o encosto. A postura descontraída dela era o completo oposto de Rebeca, que se mantinha sentada na posição de índio, com as pernas cruzadas e os joelhos à frente do corpo, as costas eretas como se estivesse em um treino. Os dedos finos repousavam no joelho, a postura impecável de uma ginasta campeã olímpica. A televisão estava ligada, mas com o volume no mudo, passando imagens que as duas mal notavam, distraídas pela conversa.

— Mas quem sou eu pra julgar, né? – disse a menor após compartilhar uma fofoca conhecida nos bastidores da ginástica artística e julgar cada escolha dos envolvidos.

A jogadora se espreguiçou com um movimento longo, os braços estendendo-se para o alto como se quisesse tocar o teto.

— Mas quem somos nós para julgar? – corrigiu, dando ênfase. — Hm... Sabe o que tá faltando? – perguntou, com um sorriso travesso nos lábios.

Rebeca respondeu com um som nasal, que soava como um "O quê?", sem desviar os olhos dela.

— Um cafezinho – sugeriu Gabriela, levantando-se do sofá com uma nova espreguiçada, os músculos se alongando lentamente.

— Eu aceito — respondeu Rebeca, sorrindo.

— Como quiser, madame.

A menor revirou os olhos, mas havia um sorriso de canto em seus lábios. Ela se levantou, seguindo a jogadora até a cozinha, e se apoiou casualmente na tampa de mármore da ilha que dividia os dois ambientes. Havia um conforto quase palpável no ar, como se o tempo tivesse desacelerado só para elas.

— Ai, agora tô me sentindo uma velha fofoqueira — disse Rebeca, rindo enquanto se apoiava nas pontas dos pés para alcançar o banquinho da ilha e, em seguida, se sentava. — Até passando café pra falar da vida dos outros.

Gabriela olhou por cima do ombro, um sorriso suave curvando seus lábios, sem mostrar os dentes.

— Não é fofoca, a gente tá só comentando — respondeu, em tom leve.

— Gosto de pensar assim pra me sentir melhor mesmo — replicou a ginasta, rindo.

Rebeca começou a acompanhar a mais alta, observando-a enquanto ela se preparava para passar o café. A jogadora abriu o armário e pegou um pote de vidro com o pó, seus dedos ágeis girando a tampa, que estava ligeiramente presa. A menor, involuntariamente, se pegou observando as mãos dela, a forma como os músculos dos braços se contraíam levemente enquanto ela fazia um esforço para abrir o pote. O pequeno estalo do vidro finalmente se abrindo foi seguido por uma leve risada dela, como se estivesse satisfeita com a pequena vitória.

De repente, uma vibração interrompeu seus pensamentos. Rebeca pegou o celular do bolso e o desbloqueou, se assustando um pouco com o número de mensagens no grupo das ginastas. Ela leu as mensagens e não notou nada fora do usual: Flávia atormentando todo mundo, Lorrane reclamando de algo, Julia pedindo votos para a gincana da igreja, e Jade ainda não tinha dado as caras.

A ginasta decidiu por não mandar nada no grupo, mas logo percebeu novas mensagens de Flávia na conversa privada. E mesmo sabendo o que estava prestes a vir, ela abriu a conversa.

la vie en rose - rebiOnde histórias criam vida. Descubra agora